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Prática de Aleitamento Materno Exclusivo entre filhos de mães trabalhadoras e mães donas de casa – um estudo comparativo

Do site do Instituto Girassol

12/05/2015

É conhecida a redução gradual da prática do aleitamento materno exclusivo, conforme a criança vai atingindo a idade de 6 meses. A metadesse estudo descritivo foi comparar os bebês de mães trabalhadoras e mães donas de casa e avaliar os fatores que fazem com que as mães trabalhadoras iniciem a introdução de substitutos do leite materno nessa fase.

Apenas uma entrevista com as mães ou cuidadoras foi feita por questionário, nesse estudo realizado em Bangladesh, entre 1º de janeiro de 2008 a 31 de dezembro de 2009. Foram selecionados  400 bebês e divididos em 2 grupos: 200 filhos de “mães trabalhadoras” e 200 de “donas de casa”. Cada um dos grupos foi dividido em 2 outros grupos de 200 bebês cada, por idade (Grupo I – 3 meses e +/- 15 dias / Grupo II – 6 meses e +/- 15 dias).  

Os resultados mostraram que 78% das mães trabalhadoras mantiveram o aleitamento materno exclusivo (AME) até os 3 meses mas aos 6 meses apenas 21% ainda estavam nesse regime. Já no grupo das mães donas de casa, aos 3 meses, 66% estavam em AME e aos 6 meses essa média caía para 45%. As duas quedas foram estatisticamente significativas.

Chamou a atenção que mais de 80% das mães de ambos os grupos tinham uma orientação inadequada ou nenhuma a respeito de coleta e armazenamento adequados de leite materno, apesar de que, para serem incluídas nos estudos, um dos pré-requisitos era de terem pelo menos 3 consultas de pré-natal durante a gestação com bom aconselhamento sobre aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida do bebê. 

Foram observadas licenças-maternidade de 4 meses em organizações governamentais e até 45 dias em organizações não-governamentais.

Os autores comprovaram uma menor adesão ao AME até o 6º mês em mães trabalhadoras, mesmo com uma boa taxa de início. A falta de conhecimento a respeito de extração de leite materno, a política adotada pelas empresas e a licença-maternidade menor de 6 meses foram considerados os principais fatores de redução das taxas de AME.

Comentário: Em 2015, teremos a 23ª Semana Mundial de Aleitamento Materno (de 1 a 7 de agosto) com o tema: “Breastfeeding and work: Let’s make it work”, aqui adaptada para “Aleitamento materno e trabalho: vamos fazer funcionar”.

Esse estudo, apesar de parecer óbvio e comprovar dados já estabelecidos, e de ter sido realizado em Bangladesh, nos alerta para a necessidade de um trabalho mais sério em definir uma real licença-maternidade de 6 meses para favorecer maiores taxas de AME no Brasil.

Além disso, seria fundamental a divulgação sobre as formas adequadas de extração, armazenamento e reutilização do leite materno estocado, para que a mãe, mesmo em sua volta ao trabalho, pudesse manter apenas o leite materno como fonte exclusiva de alimentação de seu bebê até o 6º mês, e como fonte principal de alimentação entre 6 meses e 1 ano de idade. 

Publicação: Bangladesh Journals Online
Referência: M Hassan,B H N Yasmeen, T U Ahmed, M Begum, A W S Rob, A U Ahmed, H Rahman. Practice of giving exclusive breastfeeding among the babies of working mothers and house wife mothers - a comparative study. Northern International Medical College JournalVol.5(2) 2014: 339-341.
DOI: http://dx.doi.org/10.3329/nimcj.v5i2.23131

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545