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Aleitamento materno é bom para a saúde da mãe e do bebê. Alguém tem dúvidas?

Do site Instituto Girassol - Comunidade

30/01/2016

Temos discutido mais, temos falado mais e analisado mais o tema, mas o caminho a ser percorrido para que possamos normalizar o aleitamento materno e defini-lo como a principal forma de promoção à saúde dos lactentes ainda é longo.

O aleitamento materno (AM) é um dos grandes responsáveis por uma diminuição importante na mortalidade infantil. Um estudo recente realizado na Índia avaliou o efeito da duração do AM na mortalidade infantil comparando dados da Pesquisa Nacional de Saúde Familiar (NFHS) de 1992/1993 (36.754 nascimentos) e 2005/2006 (26.782). Os resultados mostraram que o risco de morte das crianças amamentadas era 97% menor do que as não amamentadas.

No Brasil, nossas taxas de aleitamento materno quase não mudaram nos últimos 10 anos.
- Aleitamento materno na sala de parto: 66%;
- Aleitamento materno exclusivo: média de 54 dias;
- Aleitamento materno aos 6 meses: 41%;
- Aleitamento materno exclusivo aos 6 meses: 9%;
- Aleitamento materno – mediana: 11 meses e 20 dias.

Mas isso não acontece apenas aqui. Uma pesquisa realizada na Alemanha, 20 anos após a criação do Comitê Nacional de Aleitamento, através de dados pesquisados noPubMed e Web of Science, no período de 1995 e 2014, encontrou 35 estudos dos quais 60% abordavam aleitamento materno ou nutrição infantil. Nas 2 últimas décadas, as taxas de AM iniciais encontradas eram relativamente altas (72 a 97%). Mas nos 2 primeiros meses o declínio era marcante e perto dos 6 meses apenas 50% das crianças ainda eram amamentadas.

Na Turquia, foi feito um estudo mostrando benefícios para a própria mãe do AM imediato após o parto e o contato pele-a-pele na redução do seu estresse oxidativo em cesarianas e presença de dor no pós-operatório de 90 pacientes divididas em 2 grupos. O grupo 1 tinha contato pele-a-pele e AM na sala de parto durante a cesariana e o grupo 2 amamentava seus bebês uma hora após o parto. O estresse oxidativo era sensivelmente menor nas mães do grupo 1 (Am e pele-a-pele na sala de parto).

A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) é uma ação que acontece no Brasil e em muitos outros países. Em Kinshasa (República Democrática do Congo), foi feita uma avaliação da influência do treinamento de cuidadores de saúde da IHAC na duração do AM exclusivo em 442 mães. Aos 6 meses, a taxa de AME é de 2,8% e a mediana de AM é de 11 semanas. Após o treinamento, observou-se significativa melhora dos dados de AM nesse grupo que recebeu a orientação da IHAC.

Quanto antes se inicia o AM (já na sala de parto) maiores são as chances de adesão e continuidade do AM e melhores os padrões de crescimento e desenvolvimento. Um estudo feito na Nigéria avaliou 97 pares mãe/bebê e concluiu que o início precoce do AM aumenta as chances de ótimas práticas de AM e previne desnutrição infantil.

E assim, eu poderia citar uma infinidade de trabalhos e estudos recentes e mais antigos, realizados em países do 1º ao 3º mundo, analisando os vários aspectos da amamentação e todos eles começam suas considerações enaltecendo a importância do aleitamento materno e de ações em prol da melhoria das taxas mundiais, a influência do início precoce, já na sala de parto, os esforços em prol da continuidade do aleitamento materno por tempo mais prologado (Iniciativa Hospital Amigo da Criança). E isso tudo acontece também aqui no Brasil.

NINGUÉM faz qualquer menção contrária ou até mesmo neutra e relação á importância do aleitamento materno para mães e crianças. TODAS as avaliações são favoráveis.

Então o que acontece ao redor do mundo, mas com foco voltado ao nosso país, que impede a conscientização, a adoção de medidas sociais, governamentais, humanitárias que façam, de fato, alguma diferença nas taxa de aleitamento?

Licença-maternidade de pelo menos 6 meses, licença-paternidade de pelo menos 30 dias, condições adequadas para retirada e armazenamento de leite materno no local de trabalho dessas mães, implantação de mais hospitais amigos da criança, amamentação desde a sala de parto, divulgação na mídia de forma mais constante de dados e informações a respeito do aleitamento materno são só algumas das muitas ações necessárias e atingíveis para que possamos mudar esse panorama.

Esse ano, o tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno é a sustentabilidade. Vamos começar a nos preparar? Aguarde mais informações aqui. Vamos juntos? Estamos te convidando a fazer parte de mais essa corrente do bem.

Dr. Moises Chencinski
CRM.: 36.349

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545