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Amamentação e risco de cárie dentária: uma revisão sistemática e meta-análise

Do site do Instituto Girassol

22/03/2016

Essa revisão sintetizar as evidências atuais para as associações entre amamentação e cárie dentária, com relação de janelas específicas de início risco de cárie na infância. Para tanto, foram selecionados 63 artigos e pesquisas do PubMed, CINAHL e EMBASE bancos de dados.

A intenção foi avaliar se existe uma causalidade relacionando aleitamento materno (AM) prolongado com riscos de cáries dentárias, de acordo com faixas etárias.

Os resultados apontaram que crianças abaixo menores de 12 meses de idade com tempo mais prolongado de AM tinham menor risco de cáries do que as que tinham menor tempo de AM.

Para crianças amamentadas por mais de 12 meses, o risco de cáries era maior do que para crianças que mamaram menos de 12 meses. Entre as que mamaram acima de 12 meses, as que mamavam à noite apresentaram risco de cáries maior do que as que não mamavam.

Não houve estudos comparando risco de cáries em crianças maiores de 12 meses em AM, recebendo fórmulas em mamadeiras ou não tomando leite, com consumo associado de bebidas doces e alimentos e práticas de higiene oral adequadas para estabelecer os riscos atribuíveis a cada um desses fatores.

Os autores concluiram que:

- as crianças expostas a mais amamentação em relação menos amamentação até os 12 meses tinham menor risco de cáries dentárias. - aumento do risco de cárie dentária em crianças amamentadas acima de 12 meses, especialmente se frequente ou noturno, pode ser devido a fatores de confusão não medidos incluindo açúcares da dieta e práticas de higiene oral. - são necessárias mais investigações para avaliar simultaneamente práticas de amamentação, incluindo a frequência e rotinas noturnas, juntamente com práticas de higiene alimentares e orais para determinar com mais precisão os riscos específicos.

Comentário:

Esse é um dos grandes pontos de controvérsia entre pediatras, odontopediatras e pesquisadores. Há quem afirme que mesmo o leite materno, por conter açúcares, é um dos fatores de risco, quando oferecido em livre-demanda, por tempo prolongado, especialmente à noite. Por outro lado, na maior parte das vezes, a erupção dentária acima dos 6 meses acontece ao mesmo tempo em que se faz a introdução alimentar.

Não é de conhecimento amplo, nem entre pediatras e nem entre odontopediatras, a indicação de se realizar uma primeira consulta odontopediátrica no momento da erupção do primeiro dente (que ocorre por volta dos 6 meses). Isso sem contar que grande parte das crianças costuma fazer acompanhamento com o dentista de confiança da família que, não necessariamente, é especialista em crianças (odontopediatra).

Outra questão controversa é a utilização de pasta com flúor desde a erupção do primeiro dente, como recomendam o Grupo de Saúde Oral da Sociedade de Pediatria de São Paulo e a American Dental Association, após estudos que comprovam a necessidade dessa prática.

Assim, é fundamental, antes de se “atacar” o aleitamento materno prolongado e a mamada noturna (leite materno) que se conheçam melhor as ações protetoras do leite materno na gênese das cáries, a necessidade de um acompanhamento odontopediátrico precoce e mais constante e a avaliação das outras causas de cáries dentárias após a introdução alimentar separando o fator leite materno para identificar ´participações e responsabilidades.

Publicação: Acta Paediatrica
Fonte: Tham, R., Bowatte, G., Dharmage, S. C., Tan, D. J., Lau, M. X. Z., Dai, X., ... & Lodge, C. J. (2015). Breastfeeding and the risk of dental caries: a systematic review and meta‐analysis. Acta Paediatrica, 104(S467), 62-84.

DOI: http://doi: 10.1111/apa.13118

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545