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Cama compartilhada em mães com aleitamento materno: quem faz cama compartilhada e qual a relação com duração do aleitamento?

Do site Instituto Girassol - Profissionais

27/06/2016

Esse estudo, publicado no Acta Paediatrica, analisou a ligação entre a duração do aleitamento materno (AM) e a frequência de cama compartilhada (CC), entre as mulheres que tinham intenção de amamentar relatada durante seu pré-natal.

Para isso, foram escolhidas 870 mulheres de forma randômica no meio de sua gestação. Elas receberam informações semanais sobre AM e CC durante 26 semanas após o parto, sendo relatada, na pesquisa a “força de intenção” em amamentar durante o pré-natal (escalas do tipo Likert). Os resultados buscaram a frequência de pelo menos uma hora por semana de CC e tempo de desmame.

Em 192 mães, não foi possível analisar o padrão de CC. No grupo restante, 44% raramente ou nunca fizeram CC, 28% tiveram CC intermitente e 28% o faziam frequentemente. Não houve diferença significativa entre esses grupos no que diz respeito á situação marital, ganhos, idade gestacional, idade da mãe ou tipo de parto.

Os resultados apontaram que 70% das mães que frequentemente faziam CC tinham forte intenção de amamentar desde o pré-natal, contra 57% do grupo intermitente e 56% do grupo que raramente fazia CC. E aos 6 meses, uma fração significativamente maior entre as mães que faziam CC estavam amamentando, comparando com os grupos intermitente ou raro.

Os autores concluíram que mulheres com forte motivação para amamentar frequentemente fizeram a cama compartilhada. Pelo risco associado de Síndrome de Morte Súbita Infantil (SMSI) e cama compartilhada, a orientação para minimização do risco com suporte para as mães lactantes é crucial.

Comentário:

Apesar de todas as informações sobre a SMSI, não podemos fechar os olhos para a realidade: há uma grande parcela das mães que fazem cama compartilhada e, com isso, mesmo cientes dos ricos, aumentam a adesão e a duração do aleitamento materno. Nessa situação é fundamental estarmos atentos às recomendações de minimizar os riscos inerentes a essa questão.

Conforme já foi relatado aqui, em estudo sobre as práticas de aleitamento e local de sono nos Estados unidos entre 2011 e 2014, o compartilhamento de quarto sem cama compartilhada seria uma orientação de menos risco, encontrada em 65,5% das mães avaliadas (num total de 3.218 mães), enquanto 20,7% relataram compartilhamento de cama.

Vale lembrar que mesmo sendo o uso de cigarro, álcool, drogas e dormir com a criança no sofá que são, reconhecidamente, fatores de risco mais importantes é nossa função, como pediatras, informar aos pais condições para que se possa garantir a maior segurança possível, quando eles optam por essa forma de conduta e comportamento, especialmente com bebês abaixo de 3 meses de idade.

Publicação: Wiley Online Library
Fonte: Ball, H. L., Howel, D., Bryant, A., Best, E., Russell, C., & Ward‐Platt, M. (2016). Bed‐sharing by breastfeeding mothers: who bed‐shares and what is the relationship with breastfeeding duration? Acta Paediatrica, 105(6), 628-634.
DOI: http:// doi/10.1111/apa.13354/abstract

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545