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Otite média aguda e outras complicações de infecções respiratórias virais

Do site Instituto Girassol - Profissionais

27/06/2016

Esse estudo, publicado no Pedatrics, avaliou a interação entre infecções (bacterianas e virais) e os riscos genéticos e ambientais sobre a evolução das otites médias agudas (OMA), com base na determinação da prevalência de infecções dos tratos respiratórios alto e baixo.

Para isso, 367 recém-nascidos foram acompanhados desde próximo ao parto até 1 ano de idade com coleta de amostras nasofaríngeas coletadas com 1, 6 e 9 meses de vida, durante episódios de infecções do trato respiratório para cultura bacteriana e estudos virais de reação em cadeia da polimerase e foram seguidos de perto para o desenvolvimento OMA.

Foram documentados 887 episódios (em 305 crianças) com 180 casos de OMA (em 143 bebês). A incidência cumulativa de OMA avaliada aos 3, 6 e 12 meses foi de 6%, 23% e 46%. O aleitamento materno reduziu significativamente tanto os quadros de infecções respiratórias quanto os de OMA.

Os autores concluíram que, apesar de quase 50% das crianças terem apresentado pelo menos um quadro de OMA até 1 ano de idade, tendo frequentes infecções virais, colonização bacteriana patogênica como fatores de risco, o aleitamento materno teve um papel importante na prevenção das otites médias agudas.

Comentário:

Muito se fala a respeito das propriedades do aleitamento materno (AM) na proteção contra doenças metabólicas (obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemias), hipertensão arterial e contra infecções.

Com as tentativas em aumentar as taxas de AM, o uso da cama compartilhada tem sido “acusado” de causar problemas de infecções (OMA), pelo fato de a criança mamar deitada, e de problemas de sono (livre-demanda com maior taxa de amamentação noturna).

Esse artigo mostra o fator protetor do aleitamento contra as OMAs, sem analisar posição de amamentação. Entretanto, é fundamental que se esclareça que a dinâmica da posição deitada é diferente quando a criança mama do seio materno se comparada com a mamadeira.

A posição deitada é uma das recomendadas como adequada para o aleitamento. A dúvida sobre riscos fica esclarecida quando se observa que, o que muda nessa situação é a posição da mãe e não a da criança, como mostra essa imagem do site da Rede BLH / Fiocruz. A mãe fica sentada ou deitada, mas a posição da criança é a mesma.

A orelha média comunica-se com a faringe através de um canal denominado tuba auditiva que, pela sua abertura intermitente, permite manter o arejamento das cavidades da orelha média, equilibrando a pressão atmosférica e a do ar contido na cavidade timpânica. Quando a criança deitada mama na mamadeira, pela dinâmica da sucção pelo bico, há riscos de entrada desse leite pela tuba auditiva, o que não ocorre quando a mamada é através do seio materno. Nessa situação, o mamilo ejeta o leite após o palato mole.

Publicação: PubMed 
Fonte: Chonmaitree, T., Trujillo, R., Jennings, K., Alvarez-Fernandez, P., Patel, J. A., Loeffelholz, M. J., ... & McCormick, D. P. (2016). Acute Otitis Media and Other Complications of Viral Respiratory Infection. Pediatrics, e20153555
DOI: http:// doi/10.1542/peds.2015-3555

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545