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As crianças devem ou não ser expostas a microrganismos?

da revista Pense Leve

Entenda como eles interferem na saúde e estimulam o sistema imunológico

da Redação

14/10/2017

A chupeta da criança cai, qual a sua reação? Confiscar o objeto para lavar e desinfetar ou dar novamente para os pequenos, na intenção de estimular anticorpos? De acordo com Moises Chencinski, pediatra, homeopata e membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SP), durante o último século e meio, desde a compreensão de que os micróbios causam doenças, os seres humanos tentaram ao máximo possível afastar seus corpos do mundo microbiano de bactérias, vírus e fungos.

“E funcionou! Não há dúvida de que o aumento da higiene salvou muitos da doença e da morte. Separar escrupulosamente as crianças dos micróbios que podem ser encontrados em água impura, por exemplo, ou do leite não pasteurizado tem um papel importante na redução da mortalidade infantil, permitindo que milhões de crianças vivam e prosperem”, afirma.

Mas também podemos perguntar, nos últimos anos, se as crianças que estão completamente isoladas dos micróbios podem crescer com algumas consequências negativas em decorrência dos ambientes extremamente limpos em que vivem.

“Essa separação realmente começa mesmo antes de o bebê ser levado para o ambiente doméstico limpo. Todos os mamíferos nascem fortemente inoculados com bactérias do canal e parto materno. Para os bebês amamentados, o período de aleitamento materno é geralmente um período de exposição ambiental menor, mas de uma exposição materna intensa, e depois, após o desmame, os bebês entram em um período de interação muito maior com os micróbios ao redor deles. O fim do período de amamentação é o início de uma exploração ambiental muito intensiva. Isso acontece com todos os mamíferos, incluindo os bebês humanos, que lambem e colocam na boca tudo o que acham pelo caminho”, afirma o pediatra.

Estudos mostraram que expor uma criança ao mundo é absolutamente crítico. Ao mesmo tempo em que os pais não querem sair e expor o filho a infecções agressivas, também não querem criar um ambiente  estéril, onde o sistema imunológico não se desenvolva normalmente, o que  os coloca em risco de desenvolver doenças imunes. “E o que aprendemos, é que a exposição precoce aos micróbios pode dar forma não apenas ao sistema imunológico, afetando a probabilidade de a criança desenvolver condições autoimunes, como eczema e asma, mas também ao sistema endócrino e mesmo o ao neurodesenvolvimento. Diferentes bactérias e fungos afetam diferentes doenças de forma diferente e afetam diferentes crianças de forma diferente. Não compreendemos plenamente as interações entre o sistema imunológico, o genoma e todos os outros componentes do corpo”, diz Chencinski.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545