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Tudo sobre amamentação: as 17 maiores dúvidas das mães

Do site da Revista Pais & Filhos

A experiência do aleitamento precisa ser bom para a mãe e para o filho. Não importa o jeito, desde que seja o seu

por Jennifer Detlinger

13/03/2019

Amamentar vai além de apenas dar o leite ao bebê. É um ato de amor, proteção e carinho, que faz toda diferença no desenvolvimento da criança ao longo da vida. E nós acreditamos que a experiência de aleitamento precisa ser bom para a mãe e para o filho. Não importa o jeito, desde que seja o seu.

E quase nenhuma mãe sabe como amamentar logo de cara. Tudo vai depender do seu filho, do quanto você produz de leite e de como você se adapta à essa rotina. A questão é que a falta de informação, muitas vezes, causa receio e insegurança nas mães. Por isso, separamos as dúvidas mais comuns para você conseguir amamentar da melhor forma.

O nervosismo da mãe de não conseguir amamentar influencia?

Influencia. Geralmente a gente fala que amamentação é natural, mas na verdade é algo que se aprende, tanto a mãe quanto o bebê. Acho que para diminuir o nervosismo o importante é manter essa ideia de que isso é novo para os dois. Muitas vezes, as coisas engrenam facilmente e a mulher tem zero problema.

O que é o colostro?

O colostro é o primeiro leite materno, que aparece antes da apojadura (descida do leite) e confere ao bebê imunidade adquirida pela mãe. Fora isso, ele coloniza o intestino com bactérias do bem e constrói a flora intestinal do bebê. Ele também é menos volumoso porque é concentrado com tudo o que o bebê precisa na quantidade que ele consegue mamar.

O que é e o que não é normal na amamentação?

Sentir dor não é normal. Amamentar mordendo um pano ou dando soquinhos na cadeira não está certo. A pega correta não tem dor.

O tipo de parto influencia na amamentação?

Muito! É diferente hormonalmente quando uma mulher fez cesariana, mas passou pelo trabalho de parto, o bebê está mais preparado. Em uma cesárea agendada, às vezes ele não está preparado. Isso não quer dizer que ela vá ter um problema, mas que talvez o bebê precise de um pouco mais de tempo.

Como saber se a pega é correta?

Você não vai ter dor e você vai sentir a sensação de esvaziamento do peito. O que você precisa observar no seu filho é a fralda. Se ele estiver fazendo xixi em grande quantidade e cocô quer dizer que está tudo certo.

É preciso preparar os seios para amamentar?

Não precisa. O mamilo possui os tubérculos de Montgomery, que soltam uma gordura imperceptível que prepara o peito para a amamentação. Ou seja, quanto menos a mulher fizer, melhor: lavar o seio com sabão e passar cremes são atitudes que interferem nessa produção natural.

Como amamentação está relacionada com o desenvolvimento do bebê?

Ela traz benefícios imunológicos, principalmente quando se trata do colostro, aquele leite inicial que parece um soro. Ele tem anticorpos, é nutritivo e possui uma gordura que engorda o bebê. A amamentação também ajuda a desenvolver a fala e a deglutição, já que para mamar, o bebê precisa ter força nos músculos da boca para segurar o seio e ter coordenação para engolir e respirar.

O que acontece no cérebro do bebê durante a amamentação?

A mãe libera a ocitocina, que é o hormônio do amor. Então um bebê que mama tem uma percepção maior do ‘outro’, mesmo a longo prazo. O contato de pele libera hormônios como o da tireoide, que regula a temperatura corporal e a frequência cardíaca, e o cortisol, que amadurece o pâncreas e equilibra a questão emocional.

Como acordar o bebê para amamentar?

No início, é bom deixar o bebê estabelecer os seus próprios horários e então a mãe oferece o leite quando ele quiser. Normalmente nas primeiras semanas de vida os horários costumam ser bem irregulares, podendo variar desde a cada hora, ou ter até quatro horas de intervalo. Aos poucos a própria criança vai estabelecendo horários mais fixos, aproximadamente a cada 3 horas, o que acontece geralmente a partir do primeiro mês de vida. Caso o seu filho mantenha horários irregulares após o terceiro mês de vida, consulte o pediatra em busca de orientação. Juntos, vocês poderão entender o que está causando essa inconstância e ajustá-la. Afinal, a falta de rotina pode ser cansativa para a mãe. Se o seu filho não acordar para mamar à noite e estiver ganhando peso, você não precisa acordá-lo.

Quem tem dengue ou zika pode amamentar?

Muitas mães querem saber se podem amamentar tendo alguma dessas doenças. Foi encontrado o vírus no leite materno, mas ainda não existe nenhum estudo que comprove a transmissão dessa forma, tanto que o Centro de Controle de Doenças e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento nesses casos. A amamentação só é impedida em casos de HIV ou HTLV.

Posso amamentar gripada ou com febre?

Não existe problema em amamentar gripada ou com febre, desde que você esteja se sentindo bem o suficiente para isso. Nos casos de gripe, é bom ter alguns cuidados. Precauções como o uso de uma máscara cirúrgica (que é vendida em farmácias) durante a fase secretiva da doença, isto é, enquanto você estiver  com tosse e coriza, e o uso frequente de gel alcoólico nas mãos antes e depois de amamentar são medidas que podem diminuir a chance da passagem do vírus para o bebê.

Amamentar emagrece?

Aquela velha história de que amamentar emagrece não é conversa fiada. A mulher tem mais perda de energia e muito mais trabalho nos primeiros meses de vida do bebê. Dessa forma, você fica mais ativa e perde peso mais facilmente. Mas é bom prestar atenção: na segunda gestação o metabolismo já está mais lento e o emagrecimento não é tão intenso.

Como deixar de amamentar?

Para responder a essa pergunta não existe uma fórmula secreta ou uma regra geral. Cada mãe vai fazer o desmame do seu próprio jeito. Porém, o mais importante é que ela queira parar de amamentar de verdade: “Não basta dizer que precisa parar. Porque ela não vai conseguir. A mãe transmite suas inseguranças para o bebê. É muito mais fácil quando ela tem certeza. Muitas crianças que mamam durante muito tempo, é porque a mãe não foi firme”, explica Betty Monteiro, mãe de Gabriela, Samuel, Tarsila e Francisco, psicóloga, pedagoga e escritora. O psicológico da mãe conta muito nessas horas. Isso vale também para a volta ao trabalho. Algumas mães costumam amamentar mesmo após o fim da licença-maternidade e não têm problema nenhum nisso. “A importância da amamentação não é só nutritiva, é a questão emocional”, afirma Betty. Pensando nisso, só vale a pena continuar amamentando depois da volta ao trabalho se isso não for um bicho de sete cabeças. Se você amamenta sem gostar, sem poder ou quando está cansada, isso se torna um sacrifício. “Tem que ser uma hora sagrada, quando a mãe está relaxada, inteira para aquele bebê. Em circunstâncias em que ela está esgotada ou não está disposta, não faz bem para a criança”, diz Betty. Você precisa conhecer os seus limites.

Tenho prótese de silicone. Posso amamentar?

Quem colocou prótese de silicone para aumentar o tamanho do seio não precisa se preocupar. A prótese é colocada atrás do músculo, então não atrapalha a amamentação. Silicone não atrapalha a amamentação. Tanto para as mães que fazem a cirurgia para a ampliar quanto para reduzir, não é impedimento para amamentar. No passado, algumas cirurgias de aumento do seio trocavam o mamilo de lugar, o que dificultava o processo para amamentar, mas hoje a prótese de silicone é colocada, na maioria das vezes, atrás da glândula mamária e não impede em nada o aleitamento materno. Porém vale avisar que caso a prótese seja colocada pelas aréolas, os ductos mamários (canais que levam o leite das glândulas até o mamilo) podem ser atingidos. A cicatriz, formada ao longo do trajeto para colocação da prótese, atravessa a glândula mamária, alterando a continuidade dos ductos. Isso quer dizer que não afeta a produção de leite, mas a passagem dele das glândulas para o mamilo. Nesse caso dificulta a amamentação.

Qual é a pega correta?

Uma das maiores dificuldades é encontrar a pega correta. Muitas mães sentem dor até conseguirem encontrar a posição. A pega correta tem que ser sempre na aréola, não pode ser no bico. A parte de cima da aréola tem que ficar mais visível do que a de baixo, os lábios do bebê devem estar em formato de peixinho e, quando ele suga, o seio da mãe vai para dentro da boca dele.

Confira algumas dicas para fazer da amamentação um momento calmo e proveitoso:

– Os lábios do bebê ficam voltados para fora, e a boca aberta como “boquinha de peixe”

– O queixo do bebê fica encostado no seio da mãe

– A barriga e o tronco do bebê ficam voltados para a mãe

– A bochecha do bebê enche quando suga o leite

– O bebê deve pegar todo o mamilo e a parte inferior da aréola

– O nariz do bebê não encosta no seio da mãe, e ele respira livremente

É normal sentir dor?

No começo da amamentação, é normal sentir dor na hora da descida do leite. Afinal, você nunca havia feito isso! Outro fator que pode causar desconforto, é quando a mama está muito cheia. Para evitar passar por isso, procure ordenhar a cada quatro horas, caso você não amamente nesse período.

Quais as melhores dicas para evitar a dor?

Uma boa dica é fazer uma massagem no seio antes de colocar o bebê para mamar pela primeira vez. Massageie ao redor do seio e depois ao redor da aréola. Por fim, faça uma pequena ordenha, puxando o seio para trás e para frente. Isso faz com que os ductos de abram e o colostro saia.

A Pais&Filhos acredita que amamentar tem que ser bom para a mãe e para o filho. Não importa o jeito, desde que seja o seu.

Consultoria

Cinthia Calsinski, enfermeira e obstetra, mãe de Matheus, Bianca e Carolina. 

Arno Norberto Warth, pediatra e pai de Lucas e Gabriel. 

Moises Chencinski, pediatra, membro do departamento de aleitamento materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo, criador da campanha #EuApoioLeiteMaterno, pai de Renato e Danilo. 

Betty Monteiro, psicóloga, pedagoga e escritora, mãe de Gabriela, Samuel, Tarsila e Francisco. 

Corintio Mariani Neto, ginecologista e obstetra, presidente da Comissão Nacional de Aleitamento Materno da Febrasgo e diretor técnico do Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros, pai de Adriana, Renata e Cassio e avô de Pedro Henrique, Alexandre e Felipe. 

Rodrigo Rosique, cirurgião plástico, pai de três filhos. Mariane Cavalheiro, enfermeira e gerente assistencial do Hospital Santa Cruz de Curitiba.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545