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Informações online sobre vacinas e autismo nem sempre são confiáveis

Do site JorNow

Para o estudo, os pesquisadores realizaram uma busca por "vacinas e autismo" e analisaram os resultados para os 200 principais sites que apontaram respostas. Eles descobriram que as pessoas podem receber “conselhos e informações” equivocados da Internet e que cerca de 10-24% dos sites analisados têm uma posição negativa sobre as vacinas (20% no Reino Unido).

por Márcia Wirth

12/09/2018

Pesquisa realizada pela Sussex Medical School (BSMS) descobriu que as informações disponíveis on-line sobre “vacinas e autismo” podem fornecer resultados não confiáveis baseados em estudos científicos antigos e "fracos". O estudo "Notícias falsas ou ciência fraca?", publicado no jornal Frontiers in Immunology, precisa ser analisado com atenção.

Para o estudo, os pesquisadores realizaram uma busca por "vacinas e autismo" e analisaram os resultados para os 200 principais sites que apontaram respostas. Eles descobriram que as pessoas podem receber “conselhos e informações” equivocados da Internet e que cerca de 10-24% dos sites analisados têm uma posição negativa sobre as vacinas (20% no Reino Unido), embora a pesquisa não tenha retornado esses sites dentre os 10 primeiros resultados. As buscas foram feitas nas versões britânica e australiana do Google.

O professor Pietro Ghezzi, autor do estudo, destaca que a pesquisa revela “uma poluição da informação de saúde” on-line, disponível para o público, o que gera uma desinformação que potencialmente pode impactar a saúde pública. Ele também alerta que os estudos científicos “fracos e equivocados” podem ter uma influência negativa sobre o público.

“Alguns sites anti-vacinas também se destacaram nas versões da pesquisa feitas em italiano, francês, mandarim, português e árabe do mecanismo de busca. A maneira pela qual o Google classifica sites em diferentes idiomas pode ser um fator que contribui para a sua relevância, mas também pode ser que eles sejam visitados com mais frequência, em alguns países, o que aumentaria sua classificação e a probabilidade de as pessoas usá-los como ‘fonte de informação’”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Embora vacinar seja uma das defesas mais eficazes contra algumas infecções, muitas são vistas negativamente. A principal causa dessa reação veio de uma publicação de 1998, que associava, erroneamente, a vacinação e o autismo, calcada num falso estudo científico. “Sim, um estudo publicado na revista The Lancet, em 1998, trazia um material que originou todo o problema... Hoje, você abre o link da revista e vê bem grande, em letra de forma e vermelho: RETRACTED. O estudo foi corrigido, revisto, o médico-pesquisador que o liderou, Andrew Wakefield, mostrou ter falsificado os dados e foi despojado de sua licença médica, banido da comunidade científica na Inglaterra. 

Apesar disso, a ideia de que as vacinas podem causar autismo ainda está por aí, e os pais continuam expostos a essa desinformação. 

“A abordagem de usar os resultados de pesquisas do Google para monitorar as informações disponíveis sobre vacinação pode ser uma ferramenta útil para identificar países com maior risco de desinformação. As organizações de saúde pública devem estar cientes das informações que as pessoas podem encontrar on-line ao idealizar as campanhas de vacinação”, defende o pediatra.

Assim, qualquer informação veiculada especialmente por profissionais de saúde, que vincule o autismo às vacinas, deve ser questionado e, se possível, denunciado aos órgãos competentes como o Ministério da Saúdee/ou o Conselho da especialidade. “Só assim, teremos a ação adequada para banirmos, definitivamente, mais essa péssima ação, sem nenhuma comprovação científica (fake-news), que pode prejudicar a saúde da população, ainda mais agora, que estamos passando por uma real epidemia do sarampo, que mata, e que tem na vacina seu fator de proteção mais eficaz”, diz Chencinski.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545