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Covid-19 não acabou. Leite materno ainda protege?

Do site da Crescer

O pediatra apresenta estudos sobre mães que se recuperaram da infecção do vírus e assegura que a amamentação é benéfica para a mãe e o bebê

por Dr. Moises Chencinski - colunista

09/08/2022

Apesar de não termos o mesmo destaque do início da pandemia e de a população brasileira já estar, ainda não adequadamente, vacinada, a primeira informação que trago nessa postagem, sobre o dia de hoje (8 de agosto) é:

A PANDEMIA AINDA NÃO ACABOU.

Casos de 8 de agosto
Total de casos conhecidos confirmados: 34.034.656
Registro de casos conhecidos confirmados em 24 horas: 19.193
Média de novos casos nos últimos 7 dias: 25.407 (variação em 14 dias: -32%)

Total de mortes: 680.239
Registro de mortes em 24 horas: 188
Média de mortes nos últimos 7 dias: 207 (variação em 14 dias: -11%).

Vacinação
Total de pessoas totalmente imunizadas (2 doses ou dose única): 169.318.225 (78,82% da população total e 84,59% da população vacinável*)
Total de pessoas com dose de reforço: 101.823.074 (47,4% da população total e 56,68% da população vacinável**)
Total de pessoas parcialmente imunizadas (apenas uma das doses necessárias): 180.138.644 (83,85% da população total e 90% da população vacinável*)

* 3 anos de idade ou mais
**12 anos de idade ou mais
(Fonte: Consórcio de veículos de imprensa)

Assim, fica muito claro que, mesmo com a vacinação em progresso, ainda existe a pandemia e sua imensa e esmagadora maioria com internações e óbitos em quem não tem a vacinação completa.

Cuidado com as FAKE NEWS sobre vacinação, mesmo que venham de profissionais de saúde. A vacina salva.


COVID passa pelo leite materno?
Desde o início da pandemia, os estudos apontam para a manutenção do aleitamento materno, mesmo com a mãe sendo COVID+.

Mas será que agora está assim ainda? É seguro amamentar?

Um estudo publicado recentemente, realizado em sete centros de saúde de diferentes províncias da Espanha, analisou 60 mães infectadas ou que se recuperaram de COVID.

Todas as amostras de leite materno apresentaram resultados negativos para presença de RNA de SARS-Cov-2. E, nessa amostra, 82,9% das amostras foram positivas para pelo menos um tipo de anticorpos, sendo que 52,9% foram positivos para todas as 3 IgGs (proteção completa).

A taxa de IgA ficou estável ao longo do tempo (65,2 a 87,5%) enquanto as taxas de IgG mostraram aumento considerável (47,8% nos primeiros 10 dias e 87,5% do 41º até o 206º dia – quase 7 meses após a confirmação do PCR+).

Assim, esse estudo confirma a segurança da amamentação e destaca a relevância da transferência de anticorpos SARS-CoV-2 específicos do vírus, apresentando dados cruciais para apoiar as recomendações oficiais de amamentação baseadas em evidências científicas.


COVID interfere no parto e na amamentação?
Outro estudo recente (março de 2.020 a março de 2.021) buscou avaliar o impacto do COVID-19 no feto e no recém-nascido, os resultados e o papel do tipo de parto, amamentação e práticas de cuidado neonatal sobre o risco de transmissão de mãe para filho.

Um total de 586 recém-nascidos de mulheres com diagnóstico de COVID-19 e 1.535 recém-nascidos de mulheres sem diagnóstico de COVID-19 foram analisados.

As mulheres com diagnóstico de COVID-19+ tiveram uma taxa mais alta de parto cesáreo e mais complicações relacionadas à gravidez e sofrimento fetal do que mulheres sem diagnóstico de COVID-19.

O diagnóstico materno de COVID-19 levou a um aumento da taxa de parto prematuro e menor peso, comprimento e perímetro cefálico ao nascimento.

Já a amamentação por mães com diagnóstico de COVID-19+ e práticas de cuidados neonatais hospitalares, incluindo contato imediato pele a pele e alojamento conjunto, não foram associados a um risco aumentado de positividade do recém-nascido.

A conclusão deste estudo posiciona o COVID-19 na gravidez como associado ao aumento de complicações maternas e neonatais. A cesariana foi significativamente associada ao diagnóstico de COVID-19 do recém-nascido. O parto vaginal deve ser considerado o modo de parto mais seguro se as condições obstétricas e de saúde permitirem.

O contato pele a pele de mãe para filho, alojamento conjunto e amamentação direta não foram fatores de risco para o diagnóstico de COVID-19 em recém-nascidos, portanto, as melhores práticas bem estabelecidas podem ser continuadas entre mulheres com diagnóstico de COVID-19.

Assim, gestantes e lactantes ainda devem ser consideradas prioridades na vacinação contra COVID para diminuir os riscos e assegurar melhor prognóstico materno-infantil em relação ao parto e à amamentação. 

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545