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10 mitos e verdades sobre a preparação dos seios para amamentar

Do site da Crescer

Veja o que funciona e o que é mito em relação à produção de leite materno, preparação das mamas e outras questões que envolvem a amamentação antes mesmo do nascimento do bebê

por CRESCER

09/03/2024

Durante a gravidez, uma das grandes preocupações das mães em relação ao pós-parto é sobre como será a amamentação. Muitas se questionam se produzirão leite na quantidade ideal, se o formato de seus mamilos impactará na hora de alimentar seus bebês e, claro, se há algo que elas possam fazer ainda na gestação que garanta o sucesso do aleitamento materno. Afinal, ao longo dos anos, uma série de práticas tidas como eficientes foram cultivadas entre as gestantes, mas a verdade é que nem todas impactam positivamente a oferta de leite materno.

Para explicar os mitos e verdades que envolvem a preparação da mulher para o momento de amamentar o recém-nascido, conversamos com o pediatra Moises Chencinski, membro afiliado da Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno (WABA, na sigla em inglês) e colunista da CRESCER, que esclarece algumas ideias sobre o assunto e reforça a importância de um pré-natal adequado, desde o início da gestação, tanto para o bem-estar da grávida quanto para uma amamentação bem-sucedida. Confira:

1. Evitar o excesso de produtos na higiene dos seios é melhor para a amamentação

Verdade. O pediatra explica que, durante a gravidez e já na fase da amamentação, é importante manter a higiene habitual que era usada mesmo fora desses períodos. "Durante o banho, [o recomendado é] fazer uma higiene com água e tentar evitar o excesso de sabonetes e de hidratantes. Esse tipo de produto, principalmente durante o aleitamento materno, pode favorecer [o surgimento de] fissuras e rachaduras, além de retirar uma proteção produzida pelo próprio mamilo, pela própria mulher, para que a região fique mais isenta do riscos de infecções e de inflamações", explica o médico. Segundo o especialista, fazer a higiene com água já é suficiente — e, depois que o bebê chega ao mundo, não é necessário uma higiene constante após cada mamada, pois isso acaba acontecendo naturalmente quando o pequeno mama. "Esse já é um estímulo próprio, porque o próprio leite materno traz substâncias que ajudam a proteger o local", completa Chencinski.

2. Tratamentos com laser aumentam a produção de leite materno

Mito. Segundo Moises Chencinski, ainda não existe nenhum tratamento específico comprovado para esta finalidade. "Muita gente se propõe a fazer o laser, por exemplo, para aumentar a produção de leite, mas isso não é real, não existe embasamento científico robusto para comprovar essa questão. Assim como não existem alimentos específicos que façam aumentar a produção do leite. Exercícios, extração... nada disso faz com que, objetivamente, todas as gestantes possam ter um aumento na sua produção de leite", pontua.

3. O tipo de sutiã influencia na preparação para a amamentação

Verdade. Vale lembrar que, durante a gestação, os seios aumentam de tamanho e isso pode trazer questões relacionadas ao peso da mama, o que pode gerar, inclusive, uma pressão sobre os dutos mamários da mulher. "Por isso, é importante que se use um sutiã firme, com alças largas, que possa apoiar as mamas e que seja compatível com o aumento desse volume mamário, tanto durante a gestação, quanto — e principalmente — durante o período da amamentação. Que eles sejam fáceis de ser utilizados e retirados para quando houver necessidade da amamentação e não causem pressão na mama", recomenda o pediatra.

4. Recomenda-se o uso de conchas de amamentação

Mito. No passado, as conchas eram recomendadas para preparar o mamilo para amamentação, mas a indicação caiu em desuso. "Não é recomendado [o uso das conchas] tanto pela questão da pressão que é feita na mama — porque ela é colocada abaixo do sutiã, podendo causar quadros de obstrução dos dutos mamários — quanto pela umidade, podendo causar até candidíase", reforça Chencinski. Ele destaca que as conchas não ajudam a produzir leite ou a guardar o leite materno e não ajudam a formar o bico, em casos sem recomendação.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)as conchas deveriam ser usadas apenas por pessoas que têm problemas no mamilo — e sempre com recomendação e indicação especializada, é claro. Cada situação deve ser avaliada diretamente pelo obstetra durante o pré-natal, pelo próprio pediatra e, eventualmente, até por consultoras de amamentação.

5. Produzir colostro antes do parto não é um problema

Verdade. O colostro é o primeiro líquido que surge quando a mãe começa a amamentar. O mais comum é que ele apareça nos primeiros dias após o parto para, depois de um tempo, se transformar no "leite maduro", ou seja, aquele que irá amamentar o bebê durante a sua vida de lactente. Entretanto, o fato de o colostro aparecer antes do parto não é um problema e não traz nenhuma repercussão na amamentação. "Isso acontece devido a um estímulo hormonal da prolactina [hormônio que estimula a produção de leite nas gestantes] e, muitas vezes, esse vazamento pode acontecer, inclusive durante o período das relações sexuais, especialmente no final da gestação. A princípio, isso não representa nenhum problema", afirma Chencinski.

6. Precisa fazer exercícios para o bico do peito ainda na gravidez

Mito. De acordo com o pediatra, não é necessário e nem recomendado fazer nenhum tipo de manipulação no mamilo para prepará-lo para a amamentação. Isso porque o próprio organismo da mulher já se prepara para isso, apresentando mudanças corporais ao longo da gravidez, como o escurecimento da aréola e mamilos mais protusos. Essa região começa a ser, inclusive, lubrificada por glândulas responsáveis por trazer uma proteção extra. "Antigamente se fazia exercícios, uso de buchinha e preparação com outros apetrechos, mas isso não é mais recomendado nos dias de hoje", esclarece.

7. Informação e rede de apoio fazem a diferença

Verdade. O preparo emocional é uma parte muito importante da preparação para a amamentação. Desde o início da gravidez, é importante que a mãe conte com a construção de uma rede de apoio, que fará a diferença principalmente no pós-parto. Além disso, é essencial que a mulher se informe sobre o assunto. Saber o que está por vir é o melhor jeito de manter a calma e a confiança para esse momento, que pode ser desafiador para muitas puérperas, assim como ter bons aliados para as situações de estresse e de inseguranças que podem surgir no pós-parto.

8. A mãe consegue saber se terá leite para amamentar antes do parto acontecer

Mito. Moises Chencinski diz que essa é uma questão muito significativa para grande parte das mães. Entretanto, conseguir prever a quantidade de leite materno que a mulher terá antes do início da amamentação não é uma realidade. "Evidente que existe um aumento de mamas, às vezes pode acontecer de um colostro sair um pouco antes [do nascimento do bebê] e, mesmo após o parto, o leite inicial é o colostro, que vem em pequena quantidade. Vale lembrar que cabe no estômago de um bebê recém-nascido 5 ml [de leite] por mamada. Então, não existe mesmo uma possibilidade de previsão", explica. "Não existe nada que possa garantir a produção do leite, a não ser uma forte vontade da mãe de amamentar, manter a livre demanda e uma rede de apoio significativa", acrescenta o pediatra.

9. Tomar sol nos mamilos faz bem para a preparação

Depende. "Essa é uma prática que costuma ser recomendada, mas não existem estudos robustos que tragam qualquer comprovação a respeito de que 10 a 15 minutos de sol por dia tragam grandes benefícios nas questões de proteção de fissuras eventuais", pontua Chencinski.

10. Amamentação é um processo de construção

Verdade. Por isso, orientação e apoio são fundamentais na preparação para amamentação, desde o período da gravidez. Após o parto, o pediatra e as enfermeiras da maternidade vão mostrar como se faz a pega correta do seio, o que também colabora para deixar a mãe mais segura. Já a família e o companheiro podem assumir as responsabilidades da casa, fortalecendo a rede de apoio da mulher nesse momento de grandes transformações.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545