Homeopatia

Meias-verdades

Quem já não ouviu estas expressões?

Quem não tem cão caça com gato.
É a cara do pai: cuspido e escarrado.

Alguém já parou para pensar o que elas significam?

Quem não tem cão caça com gato.
Você conhece alguém que caçou com gato? E se você fosse caçar com um gato, o que você conseguiria caçar? Ratos?
Isso não faz sentido. Mas sabe porque? Porque essa não é toda a verdade.
O correto é: Quem não tem cão caça como gato.
O gato é um grande caçador e se você não tem um cão para te ajudar a caçar, você vai caçar como se fosse um gato.

É a cara do pai: cuspido e escarrado.
E essa? Você já imaginou? Alguém ser a cara de alguém cuspida e escarrada? Isso é no mínimo de mau gosto, não é não? E esta expressão, a verdadeira expressão, é muito bonita.
Ela é assim: É a cara do pai: esculpida em carrara.
Isso quer dizer que ele é tão parecido com o pai, como se fosse esculpido em mármore carrara.

Assim como estas há outras:
Diz-se: Batatinha, quando nasce, esparrama pelo chão...
Quando o correto seria: Batatinha, quando nasce, espalha a rama pelo chão...

Diz-se: Cor de burro quando foge.
Quando o correto seria: Corro de burro quando foge!

Outro em que todo mundo erra: Quem tem boca vai a Roma.
O correto é: Quem tem boca vaia Roma.

E essa?
Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho carpinteiro.
Correto: Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro.

Resumindo, isso não é uma verdade completa.
Isso é uma meia-verdade.
Aprendi isso com meu filho, Danilo, que me disse um dia:
"Meias-verdades são mentiras inteiras".
E isso é absolutamente verdadeiro.
E existem algumas meias-verdades sobre a homeopatia que precisam ser esclarecidas para que não as tomemos como verdades inteiras.

Retomando a primeira pergunta deste texto:
Quem já não ouviu estas expressões?
Então, a partir de agora, vamos tentar esclarecer estas meias-verdades?

Homeopatia é legal mas demooooora pra fazer efeito

Isso é uma primeira meia-verdade. Há casos e casos.

O tempo de duração do tratamento das doenças crônicas é muito relativo. Cada paciente tem uma forma particular de reagir aos estímulos que depende de vários fatores (idade, outras doenças associadas, doenças anteriores, tratamentos anteriores que já foram usados, etc).

Se você tem uma dor de cabeça há 15 anos e nós formos tratá-lo com homeopatia, necessitaremos, em média, de 2 anos de tratamento para que você se reequilibre e não precise mais tomar medicamentos para isso. Isso não quer dizer que você ficará tomando medicamentos durante todo este tempo e nem que você terá dores de cabeça por todo este período. Isso significa que você precisará passar por consultas, acompanhamento e, quem sabe, medicamentos durante esse período para não ter mais este incômodo.

Mas, se você está com uma dor de cabeça agora, não dá para esperar 2 anos pra que você se reequilibre e o teu organismo cuide desta patologia. Você precisa de alívio agora. Assim, a homeopatia também age nesta área, com medicamentos que podem ser iguais ou diferentes do teu "medicamento de fundo", mas, administrados com a mesma fundamentação, a base da semelhança, apenas em forma diferente (método plus, doses repetidas várias vezes ao dia, etc.) para atingir o seu objetivo mais rapidamente, às vezes, do que com outro tipo de tratamento medicamentoso ou não.

Concluindo: Não confunda demorado com prolongado. O fato de dizermos que o tratamento pode ser longo não quer dizer que você terá sintomas durante este tempo todo. Você pode melhorar bem rapidamente, em pouco tempo de tratamento. Porém, poderá ser necessário manter este tratamento por um tempo prolongado para retornar você ao seu equilíbrio, sem necessidade de usar qualquer medicamento continuadamente.

Homeopatia é legal mas primeiro piora para depois melhorar

Esta não é a intenção, mas pode acontecer.

O medicamento homeopático provoca no organismo uma doença artificial, semelhante à doença natural, mas um pouco mais forte do que ela. Isto significa que você pode vivenciar uma discreta e passageira agravação dos sintomas, mas que de forma alguma compromete o caminho de cura ou o seu estado geral.

Quando a ação energética do medicamento cessa, a doença natural desaparece.

O medicamento homeopático é como uma informação de energia que o corpo vai utilizar para tentar corrigir um desequilíbrio. Se esta energia for muito forte ou se a doença retirou energia do corpo de forma muito importante, a ação do medicamento pode ser excessiva e pode ocorrer uma piora dos sintomas.

Se isso acontecer, comunique-se com seu médico homeopata que ele estará capacitado a orientá-lo da melhor forma possível para sanar este desconforto.

De qualquer forma, se esta pequena piora ocorrer, isto é sinal de que o medicamento deve estar correto, apenas em potência um pouco elevada.

Pode tomar sem medo porque, se não fizer bem, mal não faz

Mais uma vez a verdade passa por caminhos tortuosos. Só porque a homeopatia é uma forma terapêutica mais natural, e só porque o medicamento é muito diluído, isso não significa que ela não faça mal.

Se não devemos nos automedicar com tratamento alopático, muito menos devemos fazer com homeopatia, que tem uma filosofia diferente.

Se nós dizemos que a Homeopatia é uma terapêutica holística, que enxerga o indivíduo como um todo, e que ela é um tratamento individualizado, nós não podemos, de forma alguma, medicar duas pessoas diferentes, mesmo que com doenças parecidas, com o mesmo medicamento. Pode até ser que isso aconteça. Mas, antes de tudo, deve haver uma avaliação médica homeopática.

Se o medicamento estiver errado, em primeiro lugar, a doença vai progredir. E só isso já é o suficiente para que haja um grande malefício no uso inadequado do medicamento.

Além disso, há sintomas que podem ser criados pelo medicamento no sentido de curar uma doença. Por exemplo, uma diarréia para “curar” um quadro de “gota” (problema de ácido úrico). E isso acontece em tratamentos não só homeopáticos. Mas, este mesmo sintoma, (diarréia) se for muito intenso, pode levar o paciente à desidratação. E esse quadro já requer uma outra postura do profissional de saúde que estiver acompanhando o caso.

De qualquer forma, aquilo que se entende como efeito colateral ou como intoxicação não ocorre durante um tratamento com remédios homeopáticos. Se isso ocorrer, provavelmente o medicamento não é o mais adequado para o caso.

Não pode usar com alopatia que corta o efeito do tratamento

Este é mais um dos mitos que precisam ser esclarecidos.

A homeopatia é uma especialidade médica exercida por profissionais que se formaram em faculdades de medicina. Assim sendo, antes de sermos homeopatas temos uma formação médica geral. Nosso compromisso não é com este ou aquele tipo de tratamento. Nosso compromisso é com o bem estar de nosso paciente. E nada deve ser feito no sentido de diminuir as suas chances de cura, sempre que sua saúde e sua vida estiverem em risco.

A homeopatia e a alopatia agem por caminhos diferentes. O homeopata já foi um alopata durante sua formação e conhece, sem preconceitos, os mecanismos de ação destas duas formas terapêuticas. O alopata não conhece a homeopatia porque apenas recentemente ela está sendo ensinada (apenas em seus fundamentos) em alguns poucos cursos de graduação e formação médica (grande e difícil passo para o reconhecimento da Homeopatia).

Enquanto a homeopatia age pela lei da semelhança, por um estímulo parecido com o da doença, a alopatia age, quase sempre, pela ação contrária à doença e/ou aos sintomas. Para a febre temos os antitérmicos, para a dor, os analgésicos, para a infecção os antibióticos e assim por diante.

Desta forma, a homeopatia considera o sintoma como parte do todo que está sendo analisado e não como a doença. A febre faz parte de um quadro geral, mas não é esse quadro. Quando damos um remédio para a febre (alopatia) não estamos tratando a doença e sim um sintoma. Na teoria, a febre é uma defesa do nosso corpo para combater bactérias (que não atuariam bem na temperatura elevada e seriam mais facilmente combatidas pelas nossas defesas naturais, os anticorpos).

Na homeopatia, a febre é parte do quadro a ser tratado. Assim, quando escolhemos um medicamento homeopático, mesmo para o quadro agudo, levamos em consideração não só os dados da doença (lembre-se que antes de tudo somos médicos) mas também a forma de reagir do nosso paciente (apetite, sono, humor, intestino, sede, etc).

Desde que saibamos para que estamos usando cada medicamento, não há qualquer problema na sua utilização conjunta. Esta decisão segue o critério do médico homeopata responsável pelo caso. Há homeopatas que não usam a alopatia de forma alguma. Esta é uma opção pela qual eles se responsabilizam. E há homeopatas, e eu me incluo neste grupo, que não encontram problemas em associar, de uma forma criteriosa, os medicamentos alopáticos. E esta é uma outra opção pela qual eles se responsabilizam.

De qualquer forma, há situações onde o medicamento alopático é absolutamente fundamental. Quando houver um desequilíbrio orgânico muito grave, com perda de função ou de estrutura do partes do corpo ou de um órgão, pode ser necessário, para a manutenção da vida, o uso de medicamentos alopáticos. Podemos citar quadros como câncer, AIDS, hipotireoidismo, diabetes como alguns dos exemplos onde a alopatia é indispensável. Nestes casos, a homeopatia pode ser muito útil no equilíbrio do paciente, agindo de forma tal que as doses dos medicamentos alopáticos necessárias para o adequado tratamento de nosso paciente possa ser mais reduzida do que a dose habitual, atingindo o mesmo efeito final.

Não pode vacinar quem usa homeopatia

Este é outro conceito que não tem uma fundamentação em nenhum texto de homeopatia.

Enquanto estava em meu curso de formação em homeopatia, perguntei ao meu mestre e agora amigo (Dr. Marcelo Pustiglione), onde Hahnemann escreveu que não deveríamos vacinar ninguém contra as doenças. E ele me disse que em lugar nenhum, ao contrário. Em uma das poucas citações que Hahnemann faz às vacinas, ele elogia o criador da vacina anti-variólica (doença que matava muita gente naquela época). Hoje a varíola é a primeira doença considerada erradicada do mundo.

Mesmo assim, existe um grupo de homeopatas que é contra o uso de vacinas. Na minha opinião, as vacinas, desde que usadas de forma criteriosa, são fundamentais para a prevenção de doenças graves e importantes como a paralisia infantil, a meningite meningocócica, a hepatite B, para ficar em algumas. Além disso, elas são obrigatórias.

A homeopatia tem formas de prevenir e tratar os efeitos colaterais das vacinas. Assim sendo, acho que vale a pena vacinar nossas crianças, nossos adolescentes e nossos pais e avós.

Será que a homeopatia trata obesidade?

Não. Homeopatia não trata doenças e sim os doentes. Se algum médico te deu qualquer fórmula para tratar obesidade, quer seja alopática, quer seja homeopática, fuja, não use.

Aliás, não há milagres para se emagrecer. Manter-se dentro de um peso saudável requer um equilíbrio entre o que você consome e o que você gasta.

Assim, você precisa aprender a comer (e não o que não comer porque isso você já está cansado de saber). Isso se chama reeducação alimentar.

Mas a homeopatia não funciona como um placebo?

Para quem não sabe do que se trata, aqui vai uma boa definição de placebo, que eu copiei do "Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa - 2ª edição revista e aumentada – pg – 1342".
PlaceboS. m. Med. - Medicamento inerte ministrado com fins sugestivos ou morais, ou, ainda, em trabalhos de pesquisa, quando é dado a um grupo de pacientes que ignoram estar tomando o medicamento cuja ação se quer investigar.

Eu já passei pela fase de ficar indignado, irritado, chateado, desolado e etc...ado, por ouvir esse tipo de insinuações e afirmações sobre o efeito do medicamento homeopático. Agora estou na fase de conformado com as opiniões mas não posso deixar de esclarecer, do meu jeito, mais essa meia-verdade (que pra falar a verdade, é uma mentira) sobre a homeopatia.

Segundo a definição, "é um medicamento inerte".
Isso, em primeiro lugar, quer dizer que é um medicamento, de qualquer forma. Inerte significa que não causa qualquer efeito e que o medicamento homeopático seria só aquela bolinha gostosinha de açúcar ou aquela aguinha com gosto de álcool, mas, que na verdade, não tem ação nenhuma. Quem conhece a homeopatia e já se beneficiou de seu uso sabe que isso não é verdade. Uma das provas desse fato é o aumento substancial de pacientes procurando a homeopatia. Outra prova é o fato de pouquíssimos pacientes abandonarem o uso da homeopatia em busca da alopatia (fato que, no caminho contrário, acontece cada vez mais). Assim, só poderia saber se a Homeopatia tem alguma ação ou não quem se dignasse a acompanhar um tratamento homeopático do início ao fim e conhecesse as ações e limitações e resultados deste tratamento.

Continuando na definição, "ministrado com fins sugestivos ou morais". O que se alega é que nós, médicos homeopatas, por termos uma consulta mais demorada, por escutarmos mais os pacientes e suas queixas, por estabelecermos um vínculo maior com os pacientes, convencemos os pacientes doentes que eles não estão doentes e os pacientes doentes se curam.

Que papo doce que eu tenho, não é mesmo ? Que poder é esse ? Será que é por conta disso que o curso de especialização em homeopatia tem 3 anos de duração e o médico homeopata recebe um título de especialista e a Homeopatia é uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina desde 1980 ?

Mas, vamos imaginar que seja mesmo o papo que convence o paciente que ele não está doente e ele melhora ou se reconforta ou até se cura. Só isso, já não seria suficiente para encararmos a homeopatia de uma forma mais respeitosa ?

Aliás, o relacionamento médico-paciente é um dos fatores de maior importância no sucesso de um tratamento. Ou não é ?

Eu não me lembro de, nesses meus alguns anos de prática homeopática, ter convencido algum paciente meu que ele não estava resfriado ou que ele não estava com uma crise de bronquite ou que ele não tinha uma úlcera ou que ele não estava deprimido ou que ele não tinha insônia, ou ..., ou..., ou...., só no papo, sem medicá-lo.

Como será que eu convenço muitas crianças de 2 meses que elas não estão com cólicas?
Como será que eu convenço um grande número de crianças de 2 anos e meio que elas não estão com terror noturno?
Como será que eu convenço um bebê de 8 meses que ele não tem bronquiolite?
Como será que um veterinário homeopata convence um cão que ele não está doente? (Homeopatia: algumas verdades e mitos – AMVHB).
Se alguém me explicasse tudo isso ... e me convencesse...

E, para terminar a definição: "em trabalhos de pesquisa, quando é dado a um grupo de pacientes que ignoram estar tomando o medicamento cuja ação se quer investigar".
Isso significa que em trabalhos de pesquisa, alopáticos ou não, quando se quer determinar a real ação de um medicamento, usa-se, para comparar, dois grupos: um tomando o medicamento em estudo e o outro usando placebo, sem que ninguém (médicos ou pacientes) saiba o que está tomando (isso se chama estudo duplo-cego). Depois disso, é feita uma análise estatística para saber se este medicamento tem ou não a ação esperada.

Será que isso quer dizer que não seria só a homeopatia que usaria o efeito placebo e que o placebo também exerceria algum efeito em pacientes tratados por outro tipo de medicamentos que não só os homeopáticos?

Para concluir, os médicos homeopatas são médicos formados em escolas tradicionais de Medicina (com diploma e, na maioria das vezes, com 2 títulos de especialistas) e que agregaram ao seu conhecimento o uso de outra forma terapêutica (a homeopatia).

Ou seja, o médico homeopata conhece a alopatia e a homeopatia e pode usar ou não as duas da forma que ele julgar mais adequada para o benefício de seu paciente.

O médico alopata, na imensa maioria das vezes, não conhece a homeopatia. Sabe aquela pessoa que não comeu e não gostou???? Preciso falar mais???