FONTE: FALANDO DE INTRODUÇÃO ALIMENTAR
Simone de Carvalho
Adaptado por Dr. Moises Chencinski
Após a manutenção do aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, ou mesmo que isso não tenha sido possível por alguma questão (trabalho, final do leite, doenças, cirurgias, etc.), chegou a hora de oferecer à criança outros tipos de alimentos que complementem as suas necessidades para um crescimento saudável: a ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR. E nessa hora é visível a dificuldade e o desconforto dos pais, com muitas dúvidas, sobre o que pode ou não pode ser feito.
Ela tem esse nome porque até um ano de idade a criança é considerada lactente, ou seja, tem como sua alimentação fundamenta o LEITE, de preferência o LEITE MATERNO, que pode ser estendido até 2 anos de idade ou mais. Até os 6 meses, a criança está em desenvolvimento de seu paladar, de seu sistema digestório e tem no aleitamento materno o seu melhor caminho e, apenas a partir daí passa a ser natural mudar texturas, sabores e formas de alimentação.
Assim, a partir do 6º mês costumamos introduzir as frutas (papas doces sem adição de açúcar ou mel) de preferência em purês ou, assim que possível, em pedaços e não em forma de sucos. Evitar, inicialmente, kiwi e morango por serem frutas mais alergênicas. Uma vez que a criança se habitue ao doce (mais fácil e mais natural), podemos iniciar as refeições (melhor não chamar de papa salgada por estarmos evitando o uso de sal de adição, prevenindo quadros renais e de hipertensão). De forma geral, eu costumo fazer essa iniciação aos 7 meses, antecipando apenas de acordo com a necessidade de cada caso.
É importante que a mamãe tenha uma alimentação saudável e variada e equilibrada, pois a criança amamentada sente esses sabores através do LEITE MATERNO. Dessa forma, quando for oferecido um alimento novo na refeição, o fato de o bebê já ter sentido esse sabor enquanto estava em aleitamento materno pode facilitar e favorecer a aceitação.
A refeição em família, assim que a criança esteja em condições de sentar com todos já à mesa, compartilhando esse momento com os adultos (pais, avós e outros cuidadores), deve ser instituído para que ela veja os alimentos, perceba a rotina alimentar da família e tenha esse hábito adquirido desde cedo. A hora da refeição em família deve ser preservada como um momento fundamental para estabelecer e conservar o vínculo, tão importante nos nossos dias.
A água é o maior constituinte isolado do corpo humano e é essencial para a vida e o equilíbrio de todos e varia conforme sexo e idade.
% água corporal por idade e sexo |
|
Idade |
74 (64–84) |
0 a 6 meses |
60 (57–64) |
6 a 12 meses |
60 (49–75) |
1 a 12 anos |
59 (52–66) |
Masculino 12 a 18 anos |
56 (49–63) |
Feminino 12 a 18 anos |
59 (43–73) |
Masculino 19 a 50 anos |
50 (41–60) |
Feminino 19 a 50 anos |
56 (47–67) |
Masculino acima de 51 anos |
47 (39–57) |
Feminino acima de 51 anos |
74 (64–84) |
Fonte: Altman (1961)
Se hidratação é fundamental para todas as idades, nos 2 primeiros anos de vida e, especialmente, nos primeiros 6 meses, é praticamente vital.
Pelas características de velocidade de crescimento e desenvolvimento, pela superfície corporal exposta, pelo metabolismo típico e por todos os fatores que envolvem essa faixa etária, as necessidades hídricas, proporcionalmente ao tamanho do lactente (até um ano de idade) devem ser respeitadas.
Além da hidratação, há um volume mínimo necessário de ingestão de líquidos para que a concentração dos solutos (sódio, potássio, entre outros) não causem danos renais.
A quantidade total de água total ingerida é a somatória do consumo de água isolada (água e bebidas - 81% do total de ingestão de água) e da água contida em alimentos (19% do total).
As recomendações de referências de ingesta diária (DRI) de todos os nutrientes, inclusive de água) tomam como base os dados do IOM (Institute of Medicine) dos Estados Unidos e são divididas por sexo e idade.
Bebês (anos de idade) |
Ingestão de água total (litros/dia) |
0-6m |
0,7* |
7m-12m |
0,8** |
Crianças (anos de idade) |
|
1-3 |
1,3 |
4-8 |
1,7 |
Meninos (anos de idade) |
|
9-13 |
2,4 |
14-18 |
3,3 |
19-70 |
3,7 |
Meninas (anos de idade) |
|
9-13 |
2,1 |
14-18 |
2,3 |
19-70 |
2,7 |
Gravidez (anos de idade) |
|
14-50 |
3,0 |
Lactação (anos de idade) |
|
14-50 |
3,8 |
* provenientes do leite materno
** provenientes do leite materno + alimentação complementar
Alguns cálculos determinam que:
Adultos devem consumir 35 ml/kg de peso, crianças 50 a 60 ml/kg de peso e lactentes 150 ml/kg peso ao dia.
Assim, até os 6 meses, o bebê em aleitamento materno exclusivo recebe todo o volume de líquido que ele precisa através do leite materno.
Após o 6º mês, as necessidades mudam, mas podem ser supridas pela água dos alimentos e bebidas. Vale lembrar que até o 6º mês não é recomendado oferecer sucos pelos riscos maiores de diabetes tipo 2, obesidade infantil e síndrome metabólica, sendo, então, esse volume proveniente de água mesmo.
Essas são as necessidades básicas sem contarmos situações de exercícios físicos, condições climáticas (calor), com aumento importante da sudorese, febre, diarreia, vômitos ou outros problemas de saúde em que essa necessidade precisa de algum acréscimo.
Primeiramente, vamos colocar a informação que é a recomendação atual da OMS, da SBP, da UNICEF, etc. etc., etc...:
- Em crianças em aleitamento materno exclusivo, em livre-demanda, NÃO É NECESSÁRIO DAR ÁGUA.
Assim, se a criança tiver sede ela vai demonstrar e matar sua sede com o leite de início de mamada que tem bastante água.
Segundamente (rsrs), é importante que se coloque um questionamento para se pensar (qunado alguém diz que deu água para o bebê menos de 6 meses e o mesmo "não morreu"):
- Nem todo mundo que fuma tem câncer de pulmão ou de outro tipo;
- Nem todo mundo que bebe tem cirrose ou atropela e mata algum pedestre;
- Nem todo mundo que usa drogas fica viciado e morre;
- Nem todo mundo que tem relação sem preservativos tem AIDS ou engravida;
- Nem todo mundo que anda de moto sem capacete, quando cai, morre;
- Nem todo mundo que toma suco antes de um ano de idade vai ter diabetes tipo 2;
- Nem toda criança que usar chupeta, tomar água antes dos 6 meses, vai desmamar e ter problemas.
Mas COM TODA CERTEZA, os estudos mostram que todas essas atitudes AUMENTAM O RISCO dessas consequências. Cabe a cada um de nós, sabedores dos riscos, decidir o que queremos para nossos filhos e para nós e assumirmos a RESPONSABILIDADE de nossos atos.
Terceiramente (mais rsrsrs) não é porque algo não aconteceu com uma pessoa até agora que não vai acontecer no futuro ou que não vá acontecer com ninguém. Exemplo sempre é bom né?
Quando eu me formei a orientação era (há 34 anos), suco com um mês, frutas com dois meses, almoço com 3 meses e jantar aos 4 meses. Dava-se leite integral diluído ao meio (metade água metade leite) até 1 mês de vida, a 2/3 até o 6º mês e integral após um ano de idade e criança gordinha era criança saudável.
RESULTADO?
Aumento que vocês não imaginam na taxa de obesidade infantil, diabetes, hipertensão, problemas de colesterol e triglicérides, alergias alimentares, refluxos, intolerâncias alimentares e muitos outros problemas, COMPROVADAMENTE por essas causas.
A partir de então, a orientação vem se modificando constantemente e agora temos, entre as principais:
- ALEITAMENTO MATERNO DESDE A PRIMEIRA HORA DE VIDA, EXCLUSIVO E EM LIVRE-DEMANDA ATÉ O 6º MÊS, ESTENDIDO ATÉ 2 ANOS OU MAIS.
- NÃO DAR SUCOS ABAIXO DE UM ANO DE IDADE.
- INDEPENDENTE DO TIPO DE ALEITAMENTO (MATERNO EXCLUSIVO, PREDOMINANTE, MISTO OU FÓRMULAS INFANTIS) A INTRODUÇÃO ALIMENTAR DEVE SER APENAS APÓS O 6º MÊS.
E para concluir (chega que já escrevi muito, como sempre):
- A decisão final sobre tudo o que diz respeito à criança deve ser SEMPRE dos pais. Mas essa decisão tem que ser embasada em informações éticas, comprovadas e coerentes. A decisão é dos pais e a responsabilidade pelas consequências também.
Assim, a nossa intenção é sempre a de passar a vocês as atuais recomendações que aparecem por aí, de forma simples e clara, com textos e trabalhos embasando e comprovando essas informações.
Com esse calor infernal e a umidade relativa do ar baixíssima, a níveis nunca observados desde 1934, segundo informações mais recentes, é simples:
- Aumente a umidade do quarto (toalha molhada, umidificadores e até bacias com águia);
- Pra matar a sede que pode aparecer no seu bebê... MAIS LEITE MATERNO, LIVRE-DEMANDA. Ele mata a sede, a fome e ainda pro cima aumenta o vínculo e a sensação de segurança do bebê, não é mesmo?
Essa é uma das perguntas mais comuns que recebo quando se fala sobre introdução de outros alimentos e líquidos.
Até o 6º mês, LEITE MATERNO EXCLUSIVO EM LIVRE-DEMANDA oferece toda a quantidade de água que o bebê precisa.
A partir do momento em que se introduz uma fórmula infantil ou outros alimentos, pra proteção dos rins, é interessante aumentar a oferta de líquidos e, nesse caso, especialmente água.
De acordo com a DRI (Dietary reference intakes - Ingestão diária recomendada), dos 0 a 6 meses a quantidade de água recomendada deve ser de 700mL e dos 7 a 12 meses de 800 mL (incluindo leite materno, fórmula e alimentação complementar).
De acordo com a DRI para a faixa etária de 1 a 3 anos, a quantidade de água recomendada é de 1300 mL (900 mL como sucos, outras bebidas e água).
O ideal é oferecer água à vontade nos intervalos das refeições para que a criança não sinta necessidade de ingerir líquidos na hora de comer. Os sucos naturais podem ser oferecidos eventualmente, na
quantidade máxima de 150 ml/dia, devendo-se estimular o consumo de frutas como sobremesa.
Quantidade de água por faixa etária, de acordo com DRI:
0 a 6 meses – 700 mL (incluindo leite materno, fórmula)
7 a 12 meses – 800 mL (incluindo leite materno, fórmula e alimentação complementar)
1 a 3 anos – 1300 mL (900 mL como sucos, outras bebidas e água)
4 a 8 anos – 1700 mL (1200 mL como bebidas e água)
9 a 13 anos – 2400 mL (meninos, 1800 mL como bebidas e água) e 2100 mL (meninas, 1600 mL como bebidas e água)
14 a 18 anos – 3300 mL (meninos, 2600 mL como bebidas e água) e 2300 mL (meninas, 1800 mL como bebidas e água)
Uma das dúvidas atuais que causa grandes debates, apesar de parecer sem muita importância, é o momento de introdução de sucos na dieta de nossas crianças. Devemos iniciar a alimentação complementar com sucos, logo aos 6 meses? Só depois de um ano? Qual a quantidade de suco que podemos oferecer? Vamos partir de alguns pontos que eu acredito não serem motivos de dúvidas.
- Deve-se manter o aleitamento materno desde a primeira hora de vida, exclusivo até o 6º mês, em livre demanda, estendido até 2 anos ou mais (recomendação da OMS, da SBP, do Ministério da Saúde, da UNICEF).
- Quando falamos de sucos, estamos falando de sucos naturais, feitos da própria fruta e consumidos na hora. Devemos preferir o suco natural a qualquer outra apresentação de sucos do mercado (concentrado, caixinha, polpa, refrescos), em qualquer idade.
- Quando falamos em sucos, estamos pensando em oferecê-los não coados e em copos. Assim não se deve usar mamadeira para oferecer sucos em qualquer idade.
- Quando falamos em hidratação das crianças até o 6º mês, ela deve ser provida pelo leite materno. Quando falamos sobre hidratação de crianças acima de 6 meses, estamos nos referindo ao hábito de tomar água que deve ser estimulado desde então para que possa ser mantido até a idade adulta. A água deve ser usada na hidratação muito mais do que sucos que contém carboidratos
Posso esclarecer?
Duas das principais justificativas, senão as maiores, para que se sugira oferecer apenas frutas e não sucos em crianças até um ano de idade, além do aleitamento materno exclusivo até 6 meses, são o índice glicêmico (IG) e a carga glicêmica (CG).
Quando ingerimos qualquer alimento, há uma elevação do nível de nosso açúcar no sangue (glicose – glicemia). Esse aumento pode acontecer de forma rápida ou de forma lenta, em picos maiores ou menores e essa ação pode durar por mais ou menos tempo.
O IG e a CG são os padrões de medida, de forma científica, dessas características alimentares. O ideal, o desejado, o saudável é ingerir alimentos de médio para baixo IG e CG.
Tudo o que aumenta a nossa taxa de glicose no sangue rapidamente, a altos níveis e tem uma digestão rápida, tem um IG alto e isso pode provocar uma liberação maior da insulina que, por sua vez, é um dos fatores que podem favorecer o diabetes tipo 2.
O ideal é ingerirmos alimentos de baixo IG, ou seja, que elevem a glicemia (dosagem de açúcar no sangue) menos do que a glicose, sejam decompostos mais lentamente, liberando a glicose aos poucos na corrente sanguínea e por um tempo mais prolongado.
Já a carga glicêmica (CG) dá o resultado do efeito que a dieta tem na glicemia como um todo porque avalia a porção de carboidrato disponível dos alimentos e o IG (através de uma fórmula: CG = porção do carboidrato disponível x IG/100).
Assim, os sucos têm maior IG e maior CG do que as frutas in natura, em pedaços. Seu uso constante e precoce aumenta o risco de induzir maior resistência periférica à insulina que é a base do quadro de diabetes tipo 2, cada vez mais comum nas crianças, sendo esse um dos fatores que contribuem de forma significativa para o aumento dos níveis de sobrepeso e obesidade infantis observados nas últimas décadas.
Vejam o cálculo na tabela abaixo.
Suco de laranja | Laranja (fruta) | Suco de maçã | Maçã (fruta) | |
IG |
52 |
42 |
40 |
38 |
CG |
12 |
5 |
11 |
6 |
As frutas apresentam fibras, tanto na sua forma em pedaços quanto na forma de suco. Quanto menores as fibras, quanto mais moídas ou trituradas, mais rapidamente elas são absorvidas e mais rapidamente aumentam a glicemia. Quanto mais íntegra a fibra, mais ela dificulta a digestão agindo até como uma barreira física, diminuindo o IG.
Só isso? Não. Ainda temos as fibras.
Assim, se esprememos (laranja) ou usamos uma centrífuga (maçã) para bebermos uma fruta ou fazemos uma vitamina (no liquidificador), quebramos essas fibras, facilitando sua digestão, aumentando o IG.
Além disso:
- Espremer a laranja não utiliza todas as fibras presentes na fruta;
- Centrifugar uma maçã para obter seu suco, mesmo com casca, quebra as fibras em pedaços muito pequenos e também coa de forma muito eficaz, retendo mais as fibras;
- Usar o liquidificador ou a centrífuga para fazer vitaminas ou purês de frutas, também quebra as fibras.
A Academia Americana de Pediatria, em matéria atualizada em 28 de maio de 2013 no site HealthyChildren.org, faz algumas “recomendações responsáveis” para a incorporação do suco na dieta das crianças, entre as quais quero ressaltar:
- Que seja suco de fruta natural, sem nenhuma adição de açúcar ou adoçante;
- Evitar a oferta até pelo menos um ano de idade e evitar o uso de mamadeiras;
- Considerar diluir em água;
- Encorajar a criança a comer frutas frescas, inteiras, sempre que possível;
- Sempre que possível, servir suco que contenha a polpa para aumentar a quantidade de fibras;
- Certificar-se que a introdução do suco não interfira no interesse da criança no leite e na água;
- Ficar atento a possíveis sinais de excesso de ingestão de sucos como diarreia infantil bem como problemas de deterioração de dentes, que são comuns não só em bebês, mas principalmente entre os 2 e 3 anos de idade, quando ocorre um maior consumo.
Em outra matéria do mesmo site, (30/07/2012 atualizada em 11/05/2013), há uma orientação a respeito da quantidade de suco a ser oferecida:
- 1 a 6 anos – limite de 120 a 180 ml ao dia. Em crianças acima de 6 meses o suco não oferece nenhum benefício nutricional maior do que as frutas inteiras que, além disso, são fontes de fibras e outros nutrientes. Não permitir que as crianças carreguem copos ou caixinhas contendo sucos, durante o dia.
- 7 a 8 anos – limite de 240 a 360 ml ao dia.
Ainda valeria a pena acrescentar mais três sugestões:
- Oferecer frutas para crianças entre 3 a 4 vezes ao dia (lanche da manhã, após o almoço, lanche da tarde e após o jantar). Quando oferecida após uma refeição com potencial alto IG, a fruta, através da mistura dos alimentos da refeição, pela presença de fibras, diminui esse IG.
- Não oferecer frutas cozidas. O cozimento oxida a vitamina C, que é uma das principais razões para se oferecer as frutas, além de abrandar as fibras presentes no alimento.
- Em caso de aleitamento materno, nas duas grandes refeições (almoço e jantar), oferecer: almoço/jantar, depois a fruta e depois o leite materno. Qualquer modificação nessa ordem pode interferir na aceitação do “pacote”.
Fontes:
- Site NUTRITOTAL.
- Site da Sociedade Brasileira de Diabetes.
- Site HealthyChildren.org da Academia Americana de Pediatria.
Outro dia, recebi um e-mail do meu filho mais velho (Renato – 31 anos) com um ditado que achei ótimo. E depois ele me mandou outro com outro pensamento que combina muito com o primeiro.
- As pessoas não resistem a mudanças, resistem a ser mudadas – Peter Senge.
- Uma informação só tem sentido de ser transmitida se promover transformações (essa, eu não achei a fonte).
E parece que isso acontece em muitos campos de nossa vida. Exemplo?
Apesar de TODOS cantarem em verso e prosa a importância do ALEITAMENTO MATERNO, mudar hábitos, conceitos parece ser muito difícil, não é mesmo? É só avaliar as estatísticas e aí se vê o que acontece. Estamos muito aquém do que seria o desejável, apesar de todas as evidências.
Além disso, estamos chegando na época do verão, com sol, necessidade de hidratação. E, quando se pensa nisso, pouca gente se lembra de água e a maior oferta, especialmente para crianças, é oferecer sucos saudáveis, sempre que possível frescos e naturais (não em caixinha, não de polpa e não refrescos)
O mesmo acontece com a cultura do suco. Dados da Academia Americana de Pediatria (AAP) mostram os riscos desse hábito já há algum tempo, tanto que a orientação é de não se oferecer sucos em crianças abaixo de 6 meses, por não oferecer nenhum benefício nutricional. Há uma recomendação de preferir as frutas inteiras ao suco entre 6 meses e um ano pelas vantagens na saúde (fibras e outros nutrientes) e de se abster da oferta de sucos nessa faixa etária. Sugere-se a oferta de 120 a 180 ml (em média) ao dia de suco entre 1 e 6 anos de idade e 250 ml (em média) ao dia a partir do 7 anos.
Há um consenso da AAP sobre a não necessidade da oferta de sucos em bebês abaixo de um ano de idade, dando-se preferência à instituição do hábito da água e ao estímulo ao consumo de frutas inteiras.
Estudos mostram uma relação entre o consumo de sucos e o grande aumento do índice de obesidade infantil e no risco de diabetes tipo 2.
Abre parênteses
Nem todo mundo que fuma tem câncer de pulmão, nem todo mundo que bebe bebida alcoólica tem cirrose, nem todo mundo que tem relação sem preservativos tem AIDS. Mas há uma chance maior de isso tudo acontecer. Nem por isso, deixamos de orientar a forma que se julga adequada (não fumar, não beber e relações sexuais sempre com proteção).
Assim, nem todas as crianças que usarem andador terão acidentes e serão internadas, nem todas as crianças que estiverem em um carro fora das cadeirinhas vão morrer em acidentes, nem todas as crianças que consumirem mel abaixo de um ano de idade terão botulismo, e nem todas as crianças que tomarem sucos terão obesidade ou diabetes tipo 2. Mas há uma chance maior de isso tudo acontecer. Nem por isso, deixamos de orientar a forma que se julga adequada (não usar andador, no carro, sempre na cadeirinha, não oferecer mel abaixo de um ano de idade e não oferecer sucos abaixo de um ano de idade e dar preferência para as frutas in natura).
Fecha parênteses
Além disso, estudos mostram a relação do suco (triturando e espremendo fibras) com mudanças de Índice Glicêmico (IG) e Carga Glicêmica (CG). Essa explicação aparece em uma matéria em meu site: Sucos e frutas: como e quando introduzir
Assim como há 5 anos eu escrevia sobre a orientação da Academia Americana de Dermatologia e suas recomendações sobre fotoproteção e em 28 de novembro surgiu o 1º Consenso Brasileiro de Fotoproteção, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, confirmando essas informações, desde o final de 2.012 estou divulgando essas orientações da Academia Americana de Pediatria a respeito do suco. Será necessário esperar também? Tomara que não, né? Pois enquanto isso, os índices de obesidade infantil, dislipidemias, hipertensão arterial e diabetes tipo 2 na população infantil só tem mostrado tendência a aumentar.
A escolha dos ingredientes
Os alimentos que compõem a papinha do bebê precisam ser bem lavados para retirar vestígios de agrotóxicos. Melhor é investir em produtos orgânicos de boa procedência, pois apesar do preço um pouco mais “salgado”, sem dúvida é mais seguro e saudável. Na hora de cozinhar, lave as mãos e evite espirrar ou tossir sobre os ingredientes.
Como fazer a papinha
Pique os ingredientes escolhidos e coloque em uma panela comum – alguns especialistas acreditam que o cozimento na panela de pressão retira nutrientes importantes. Se utilizar água para cozinhar, perdem-se nutrientes importantes na evaporação e desprezando a água. Cozinhe sempre no vapor para garantir o máximo de aproveitamento. Não bata no liquidificador, no processador ou no mix. Apenas amasse e deixe numa consistência agradável para o bebê. A partir de nove meses ou com os primeiros dentinhos, passe a oferecer o alimento em pedaços e bem cozido. Tempere com ervas, alho ou cebola refogado em um pouco de azeite (sem saturar) e sirva morno. O tempo de preparo é de mais ou menos 40 minutos. Leve isso em conta para administrar a fome do bebê.
Tempo de validade
A papinha que não foi tocada pode ficar na geladeira por até 24 horas. Mais do que isso, há o risco de a comida estragar. Caso passe desse limite jogue fora. Quando sobrar muito ou você fizer grandes quantidades, prefira congelar.
Como congelar
Escolha potes do tamanho da porção que seu filho come para facilitar na hora de descongelar. Coloque a papinha no pote, feche, cole uma etiqueta com o sabor e a data, e leve ao freezer. A papinha pode ser consumida em até três meses. Na hora de descongelar, aqueça o conteúdo no fogão, mexendo sempre para não queimar. Evite o uso de microondas. Ele corrompe a molécula de DNA do alimento, de maneira que o corpo não consegue reconhecê-lo como um alimento. O microondas agita as moléculas para se moverem mais rápido e mais rapidamente. Este movimento causa fricção que altera a natureza, deturpando a composição original da substância. Isso resulta na destruição de vitaminas, minerais, proteínas, gerando uma nova substância chamada de compostos radiolíticos, coisas que não são encontradas na natureza. Assim, o corpo fracciona essas substâncias em células de gordura para se proteger do alimento morto ou na busca de eliminá-lo rapidamente.
O primeiro alimento
A introdução às papinhas começa, na verdade, no momento de oferecer a papa de fruta. Ela pode ser oferecida entre as mamadas da tarde (ou, frutas da época). Escolha frutas molinhas e doces, como polpa de maçã e banana amassada. Observe como o organismo do bebê reage a cada alimento. Depois de uma semana, você já pode introduzir a papinha salgada na hora do almoço.
Ingredientes
Se for iniciar a papinha salgada, comece com um ingrediente só, como a batata, a mandioquinha, o arroz. Após sete dias, você já pode combinar dois ou três ingredientes.
Tempero
Nesse primeiro mês de transição, faça as papinhas sem usar nenhum tempero. Evite o uso de sal, e mais tarde, introduza o sal marinho, sem refinamento, em pouca quantidade.
Consistência
As primeiras papinhas podem ser pastosas como um purê. Depois com o nascimento dos dentinhos, ofereça em pedaços, ora cozido, ora assado ou cru. O processo realizado dessa maneira estimula, no tempo certo, a mastigação, a deglutição, o paladar e a musculatura facial. E com o tempo, irá identificar qual a preferência da criança por determinado alimento, construindo assim um gosto peculiar do paladar pelos alimentos.
Quantidade
Até quatro colheres de sopa por refeição – mas isso pode variar bastante entre os bebês.
Cardápio do dia
Manhã:
Leite Materno (livre demanda)
Almoço:
(Papinha salgada) + papinha de fruta
Lanche da tarde:
Papinha de fruta + Leite Materno (livre demanda)
Jantar:
Leite Materno (livre demanda)
Ceia:
Leite Materno (livre demanda)
“As primeiras papinhas podem ser de um ingrediente só. Além de a criança conhecer os sabores individuais e já descobrir o que gosta, também fica mais fácil observar quais são os itens capazes de deflagrar alguma reação, como alergia ou diarreia.”
Ingredientes
Agora que o bebê já está mais acostumado com a papinha salgada, você pode introduzir o jantar e até já incrementar as refeições. Primeiro você deve conhecer os três grupos alimentares que precisam aparecer no prato da criança:
• Alimentos energéticos (carboidratos): fornecem energia para o organismo do bebê. São encontrados na batata, arroz, macarrão, mandioquinha, batata-doce, mandioca…
• Alimentos construtores (proteínas): responsáveis pelo crescimento. São encontrados em carnes de boi, de frango ou de peixe, feijão, ovos, lentilha, grão-de-bico etc.
• Alimentos reguladores (verduras e legumes): fornecem vitaminas e sais minerais importantes para o desenvolvimento. São encontrados na abóbora, alface, beterraba, brócolis, espinafre, cenoura, chuchu, abobrinha…
Para montar uma boa papinha você deve escolher
1 ingrediente do grupo dos energéticos;
1 ingrediente do grupo dos construtores;
2 ingredientes do grupo dos reguladores.
É possível bolar muitas combinações usando a criatividade e, mais para frente, você pode aumentar o número de ingredientes escolhidos, sempre respeitando esse mínimo. Varie bastante para o seu filho experimentar o maior número de alimentos possível. A introdução da a gema de ovo cozida, 15 dias após iniciada a oferta da sopa, no almoço. Cozinhar o ovo, separar a clara e amassar a gema. Iniciar com uma colher de chá da gema misturada na sopa. A cada 3 dias, aumentar uma colher de chá até chegar a uma gema por dia, durante um mês. A gema é um alimento rico em ferro, de não tão boa biodisponibilidade quanto o ferro do leite materno e das carnes, mas também possui um alto teor de colesterol. Portanto, após este mês devemos dá-la em dias alternados.
Tempero
Continue colocando pouquíssimo ou nenhum sal. Prefira combinar temperos mais suaves para deixar a papinha saborosa. Você já pode introduzir cebola, alho e salsinha, sempre observando as reações da criança. E use os temperos in natura: nada de versões industrializadas, que apresentam excesso de sódio e outras substâncias químicas.
Consistência
Caso o bebê aceite bem o purê, que tal experimentar deixá-lo mais consistente? Assim, seu filho dá mais um passo no treino da musculatura facial, o que também ajudará na fala.
Quantidade
De quatro colheradas a uma xícara – isso pode variar de bebê para bebê.
Cardápio do dia
Manhã:
Leite Materno
Lanche da Manhã:
Papinha de fruta
Almoço:
Papinha salgada + papinha de fruta
Lanche da tarde:
Papinha de fruta + Leite Materno
Jantar:
Papinha salgada + leite materno
Ceia:
Leite Materno
Ingredientes
Não há mudança de ingredientes nessa fase. O ideal é continuar seguindo com o esquema de um alimento energético, um alimento construtor e dois alimentos reguladores para garantir uma papinha balanceada. Aproveite para variar bastante. A ingestão de peixe era orientada a partir dos 10 a 11 meses porque ele possui proteínas que seriam potencialmente causadoras de alergias. Estudos mostraram que nessa fase o organismo já está mais preparado para lidar com elas, sem riscos. As versões com sabor suave, como a pescada, são as melhores para a introdução. Sempre fresco e não congelado nem cru. O peixe precisa ser muito bem limpo e não ter espinhas (entre esses, vale lembrar o cação e o porquinho também). Aqui também, pela mesma razão, pode ser iniciada a introdução da clara de ovo.
Tempero
Não use sal. Prefira dar sabor aos alimentos usando temperos como cebola, salsinha e alho. Você já pode arriscar outras combinações temperando com cebolinha, tomilho, salsão… Observe as preferências do pequeno.
Consistência
Já é o momento de deixar a papinha mais grossa. Amasse os alimentos com o garfo, mas deixe alguns, como a batata que é molinha, picadinha para a criança já se habituar a alimentos mais sólidos.
Quantidade
De quatro colheradas a uma xícara – essa quantidade pode variar de bebê para bebê.
Cardápio do dia
Manhã:
Leite Materno
Lanche da Manhã:
Papinha de fruta
Almoço:
Papinha salgada + papinha de fruta
Lanche da tarde:
Papinha de fruta + Leite Materno
Jantar:
Papinha salgada + papinha de fruta
Ceia:
Leite Materno
“Quanto mais alimentos o bebê conhecer, mais chances de gostar deles no futuro e ter uma alimentação sempre bem variada. Lembre-se de que nem sempre ele apreciará o sabor na primeira vez que experimentar. Mas, se o alimento já tiver sido apresentado ao bebê enquanto a mamãe amamentava, através da alimentação materna pelo sabor no leite materno, essa aceitação pode ser facilitada. É preciso oferecer uma comida pelo menos oito vezes para ter certeza de que ela não agrada o paladar do bebê (estudos americanos falam em até 17 vezes).”
Ingredientes
Continua valendo o esquema de um alimento energético, um construtor e dois reguladores. Mas você pode colocar mais ingredientes nas refeições, claro, desde que conte, pelo menos, com esse mínimo. Agora é um bom momento para oferecer a papinha com os alimentos separados. O arroz e feijão ficam juntos, cozidos e bem molinhos. Mas a carne moída, por exemplo, pode ficar disposta do outro lado do prato. Assim, a criança começa a se acostumar com uma refeição de verdade.
Tempero
Continue apostando em cebola, alho, salsa e cebolinha, tomilho, salsão, cominho, orégano, alecrim e o que mais sua imaginação mandar.
Consistência
Aos nove meses, já é hora de oferecer os alimentos picadinhos. Cozinhe todos para ficarem moles, amasse uma parte e deixe outra em unidades bem pequenas. As carnes podem ser moídas, picadinhas ou desfiadas. Veja o que mais atrai o seu bebê.
Quantidade
Uma xícara – essa quantidade pode variar de bebê para bebê.
Cardápio do dia
Manhã:
Leite Materno
Lanche da Manhã:
Papinha de fruta
Almoo:
Papinha salgada + papinha de fruta
Lanche da tarde:
Papinha de fruta + Leite Materno
Jantar:
Papinha salgada + papinha de fruta
Ceia:
Leite Materno
Ingredientes
Capriche na escolha de verduras e legumes. Tradicionalmente, eles são os alimentos mais difíceis para o bebê apreciar – diferente, por exemplo, do macarrão, como você já deve ter notado, que todos gostam. Opte pelas massas orgânicas ou integrais. Ofereça vários tipos para aumentar as chances de apreciação. Outra ideia é mudar a forma de apresentação: um dia in natura picadinho, outro dia misturado ao molho, outro em forma de bolinho. A comidinha agora pode ficar separada no prato, não precisa mais ter a aparência de papinha para valer.
Tempero
Vale a pena repetir: não há necessidade de usar sal para preparar as refeições. Experimente colocar outros tipos de temperos para realçar os sabores. Outra ideia é usar azeite, como fazem os italianos.
Quantidade
Uma xícara cheia – essa quantidade pode variar de bebê para bebê.
Cardápio do dia
Manhã:
Leite Materno
Lanche da Manhã:
Papinha de fruta
Almoço:
Comida salgada + fruta
Lanche da tarde:
Papinha de fruta + Leite Materno
Jantar:
Comida salgada + fruta
Ceia:
Leite Materno
“Para abrir o apetite, uma novidade: deixe o bebê comer sozinho, com as mãos. Eles vão adorar pegar no pratinho pedacinhos de legumes picados, pão integral, frutas, milho. Qualquer coisa que possa ser servido em pedacinhos pequenos. Lembre-se da pequena bagunça que pode acontecer nesse momento (chão sujo, mãos pouco emporcalhadas, roupas destruídas… Rsrs). Assim, escolha proteja o local da refeição e deixe que o bebê experimente pegar o alimento com a mão ou com uma colher e tenha outra colher para que você continue a oferecer os alimentos a ele.”
Ingredientes
O lanche da tarde também pode virar um lanche de verdade, com direito a pão (de preferência integral), torradas e cereais com geleias de frutas naturais. Leite integral e seus derivados devem ser iniciados apenas após um ano de idade.
Tempero
Continue experimentando usar ingredientes diferentes em cada refeição para testar o que seu filho gosta. Existem crianças que não simpatizam com o sabor do alho, por exemplo, enquanto outras adoram. E policie o uso do sal.
Consistência
Os alimentos picadinhos continuam no prato. Isso não impede que, caso o bebê não consiga comer algo, você amasse para ele. Use o bom senso para ver o quanto seu filho está se adaptando e não tenha medo de dar um passo para trás, se for preciso. E isso não impede que essa criança possa comer um prato de sopa (creme de legumes, canja), como nós também fazemos, especialmente em um dia friozinho e chuvoso, não é mesmo?
Quantidade
De uma xícara cheia a um prato infantil.
Cardápio do dia
Manhã:
Leite Materno
Lanche da Manhã:
Papinha de fruta
Almoço:
Refeição salgada + sobremesa (fruta da época e evite industrializados com conservantes, corantes e açúcar).
Lanche da tarde:
Papinha de fruta + Leite Materno
Jantar:
Refeição salgada + sobremesa (fruta da época e evite industrializados com conservantes, corantes e açúcar).
Ceia:
Leite Materno
Ingredientes
O organismo do bebê de um ano já está preparado para comer a mesma comida da família. Mas sempre é bom adaptar, pois ele não vai apreciar certos sabores. No dia em que o cardápio tiver frango ao curry, por exemplo, separe um filé temperado apenas com ainda pouco sal e salsinha para a criança. E continue oferecendo o alimento picado e mais mole se preciso, para incentivar seu filho a comer. A clara de ovo, agora, é liberada por todos os médicos.
Tempero
A ideia é continuar temperando a comida da criança como antes, sempre cuidando para a quantidade de sal ser mínima. Quando a refeição da família levar algum tempero mais picante, separe uma parte para seu filho e use apenas temperos suaves. Ou, é uma boa hora para readaptar a alimentação familiar, tornando-a um hábito saudável.
Quantidade
Seu filho comerá cerca de um prato infantil em cada refeição, mas isso não significa lotar o prato. O estômago da criança é pequeno – a capacidade gástrica de um bebê de um ano, por exemplo, é de 250 ml, enquanto a de um adulto é de 1300 ml.
Cardápio do dia
Manhã:
Leite Materno
Lanche da Manhã:
Suco Natural ou fruta (você pode, em um final de semana, por exemplo, picar as frutas da semana, bater e congelar na grade de gelo, tendo cubinhos de suco para preparar com mais facilidade e praticidade).
Almoço:
Refeição salgada + sobremesa
Lanche da tarde:
Lanche + Papinha de fruta + Leite Materno
Jantar:
Refeição salgada + sobremesa
Ceia:
Leite
Lanche:
Alguns bebês tem necessidade de comer algo a mais antes de dormir, como um biscoito integral ou um mingau de aveia.
“A partir de um ano, você pode começar a oferecer mel ao bebê. Antes disso, a criança corre o risco de contrair botulismo, caso o mel esteja contaminado pela bactéria Clostridium botulinum, nociva apenas aos mais sensíveis."