Pediatria

Aleitamento Materno

O que mais falar sobre o aleitamento materno que já não foi dito ainda ? Tudo e sempre. Quanto mais se falar, quanto mais se orientar e se estimular, maior a chance que teremos de difundir sua importância e de conseguirmos o compromisso dos pais com o aleitamento materno.

Nossa luta atual, liderados pela Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) e pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), contando com o apoio valoroso da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é a extensão do período de licença-maternidade de 4 para 6 meses, permitindo, assim, o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida.

Aqui eu vou indicar textos, informações e alguns sites que tratam sobre o aleitamento materno.

Banco de Leite Humano - São Paulo

São muitos os Bancos de leite humano espalhados pelo Brasil. No site da Fiocruz, entre muitas informações sobre o aleitamento materno, você pode encontrar uma listagem (187) da Rede de Bancos de Leite Humano separada por região do país. Clique nos links e você pode acessar qualquer um deles para obter informações:

REGIÃO NORTE - 09
REGIÃO NORDESTE - 43
REGIÃO CENTRO-OESTE - 26
REGIÃO SUDESTE - 82 (aqui tem São Paulo)
REGIÃO SUL - 27

Esta é uma lista dos bancos de leite humanos em São Paulo, retirada do site Amamentação Online, onde você pode obter informações que necessita sobre aleitamento, extração e conservação do seu leite materno, doação ou, até, de como conseguir o leite materno, tão precioso para o seu filho.

BANCO DE LEITE HUMANO DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS
RUA JOSÉ MAURÍCIO, 191
GUARULHOS – SP – 07040-010
Tel. : 11-208-2188
Fax : 11-208-2188
Responsável : Drª IEMANJÁ DE MELO ALMEIDA BRAGA

BANCO DE LEITE HUMANO HOSPITAL DE MANDAQUI
RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 4301
SAO PAULO – SP – 02402-600
Tel. : 11-6959.3611 R.124
Fax : 11-6979.7604
Responsável : GLEISE APARECIDA MORAES COSTA

BANCO DE LEITE HUMANO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO SÃO PAULO
AV. PROFESSOR LINEU PRESTES, 2565
SAO PAULO – SP – 05508-900
Tel. : 11-3818.7757
Fax : 11-212.8004
Responsável : VIRGÍNIA SPÍNOLA QUINTAL

HOSPITAL ALBERT EINSTEIN
AV. ALBERT EINSTEN, 627
SAO PAULO – SP – 05651-901
Tel. : 11-3747.1233 R. 2734
Fax : 11-3747-0402
Responsável : DEBORA PRACANICA

HOSPITAL DE COTIA
RUA ODAIR PEDROSO, 171
COTIA – SP – 69000-000
Tel. : 11-7924.8477 R. 162
Fax : 11-493.7218
Responsável : CARLOS EDUARDO DE CARVALHO DE CORRÊA

HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL
RUA PEDRO DE TOLEDO, 1800 – 1º ANDAR
SAO PAULO – SP – 04039-901
Tel. : 11-5088.8172 R. 1319
Fax : 11-570.2534
Responsável : AMÉRICO YOSHINOBU ISHIY

HOSPITAL E MATERNIDADE SANTA JOANA
RUA DO PARAÍSO, 450
SAO PAULO – SP – 04103-000
Tel. : 11-5080.6062
Fax : 11-571.1129
Responsável : MARIA MERCEDES SAKAGAWA

HOSPITAL E MATERNIDADE SÃO LUIZ RUA DR. ALCEU DE CAMPOS RODRIGUES, 95
SAO PAULO – SP – 04544-000
Tel. : 11-3040.1360
Fax : 11-3040.1326/3040.1584
Responsável : MÁRCIA REGINA DA SILVA

HOSPITAL GERAL DE ITAPECERICA DA SERRA
RUA DA SANTA CRUZ, 200
ITAPECERICA DA SERRA – SP
Tel. : 11-495.3033 R. 1005
Fax : 11-495.6805
Responsável : HONORINA DE ALMEIDA

HOSPITAL GERAL DE VILA PENTEADO
AV. MINISTRO PETRÔNIO PORTELA, 1642
SAO PAULO – SP
Tel. : (11) 3976-9911 r 312
Fax : (11) 3976-3192 / 3976-3072
Responsável : NUTRICIONISTA VERA LÚCIA

HOSPITAL INFANTIL DARCY VARGAS
RUA SERÁFICO DE ASSIS CARVALHO, 34
SAO PAULO – SP – 05614-040
Tel. : 11-3721.3688/3721.2211 R
Fax : 11-3721.3793/3721.5151
Responsável : ROSEANA RODRIGUES BRESSANE CRUZ

HOSPITAL IPIRANGA
AV. NAZARÉ, 28 – 7º ANDAR
SAO PAULO – SP – 04262-000
Tel. : 11-522.6033 R. 107
Fax : 11-548.1179/247.9086
Responsável : AGENOR DE FREITAS LUÍS JÚNIOR

HOSPITAL MATERNIDADE DE INTERLAGOS
RUA LEONOR ALVIM, 211
SAO PAULO – SP – 04802-190
Tel. : 11-5666-0222 R. 57
Fax : 11-5666.5300
Responsável : LUCIANA MARIA VASQUES CASTELO BRANCO

HOSPITAL MATERNIDADE ESCOLA VILA NOVA CACHOEIRINHA
AV. DEPUTADO EMÍLIO CARLOS, 3100
SAO PAULO – SP – 02720-200
Tel. : 11-3859.4122 R. 5242
Fax : 11-859.4399
Responsável : AGENOR DE FREITAS LUÍS JÚNIOR

HOSPITAL MATERNIDADE LEONOR MENDES DE BARROS
Av. Celso Garcia, 2477 – 3º Andar
Cep: 03015-000 – Belenzinho
Fone: 6292-4188 r. 256
Fax: 6694-4925/6693-4736 (direto)

HOSPITAL MUNICIPAL E MATERNIDADE AMADOR AGUIAR
AV. GETÚLIO VARGAS, 1260
OSASCO – SP
Tel. : 11-3686.2530 R. 249
Fax : 11-3686.2530 R.249
Responsável : ANA TOMIE N. KURAUCHI

HOSPITAL MUNICIPAL TATUAPÉ
AV. CELSO GARCIA, 4800
SAO PAULO – SP – 03064-000
Tel. : 11-295.9211 R.3244
Fax : 11-6191.5292
Responsável : MARIA DE FÁTIMA

HOSPITAL MUNICIPAL UNIVERSITÁRIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
RUA BISPO ANGELO DE CORSO, 161
SAO BERNARDO DO CAMPO – SP – 09735-260
Tel. : 11-4365.1480 R. 203/196
Fax : 11-4365.1490
Responsável : MARISA M. APRILE

HOSPITAL PÚBLICO MUNICIPAL DE DIADEMA
AV. PIRAPORINHA, 1632
DIADEMA – SP
Tel. : 11-7647.2400 R. 103
Fax : 11-7647.1675
Responsável : KÁTIA HIROMI TAGAMI

HOSPITAL REGIONAL SUL-SANTO AMARO
RUA SENADOR FLAQUER, 239
SAO PAULO – SP – 04744-030
Tel. : 11-5522.6033 R. 107
Fax : 11-548.1179/247.9086
Responsável : ROSÂNGELA GOMES DOS SANTOS

MATERNIDADE PROMATRE PAULISTA
ALAMEDA JOAQUIM EUGÊNIO DE LIMA, 383
SAO PAULO – SP – 01403-001
Tel. : 11-253.2233
Fax : 11-287.2233
Responsável : MONICA PORTELLA GAZMENGA

Aleitamento Materno Exclusivo

Quando eu saí da faculdade e da residência médica, a rotina alimentar para os bebês era oferecer o seio materno enquanto possível. Com 1 mês de vida se introduzia o suco, aos 2 meses a papa de frutas, aos 3 meses o almoço e aos 4 meses o jantar. E isso acontecia mesmo com as mulheres ficando mais em casa, trabalhando menos fora de casa do que fazem hoje. Veja o o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho de 1940 a 1990 :

Brasil: estrutura da população ativa por sexos no período
1940-1991

Ano

Homem (%)

Mulher (%)

1940

81,0

19,0

1950

85,5

14,5

1960

82,5

17,5

1970

79,0

21,0

1980

73,0

27,0

1991

64,5

35,5

Fonte: IBGE, Estatísticas Históricas do Brasil, 1990

Clique no link para ver essa estatística mais completa.

Nessa época, não havia o estímulo ao aleitamento e a introdução de outros alimentos, juntamente com a oferta de outros tipos de leite artificiais (de vaca inicialmente e em fórmulas depois) de fácil preparo, antecipava o desmame.

Hoje, quase 30 anos depois, o leite materno assume seu papel primordial, preponderante, fundamental e até exclusivo nos bebês até o 6º mês de vida. Explicando melhor: até o 6º mês de vida, o único alimento que o bebê precisa é o leite materno.

- Mas, Dr. Moises, e água?
- Não precisa!!!
- Um suquinho??
- Não!!!
- Uma fruta???
- Nem pensar!!!
- Danoninho????
- Além de não valer por um bifinho, NÃO!!!

O leite materno é o alimento completo, necessário e suficiente para o bebê até o 6º mês de vida. Para tornar essa opção viável, a licença-maternidade está passando de 4 para 6 meses, através de projeto que passou pelo Senado e aguarda aprovação pela Câmara para ser sancionada como lei (mesmo que seja opcional, estimulada por incentivos fiscais).

Essa é orientação que foi proposta na Organização Mundial de Saúde e foi adotada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, pela Sociedade de Pediatria de São Paulo, e … por mim.

E até que alguém me prove o contrário, minha postura será sempre a de estimular, ao máximo, o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida.

Licença-maternidade e paternidade

Muitos casais que passam em meu consultório para acompanhamento de seus filhos recém-nascidos ficam meio perdidos quando chega a hora da volta ao trabalho.

Além do aspecto alimentar, a questão jurídica aparece como uma grande incógnita.

Afinal, cada empresa age de acordo com seus interesses?
Não há uma lei que coordene esse tipo de afastamento?
E essa questão da licença-maternidade de 6 meses, como está?
E os pais não têm direito a nada?

Para elucidar essas e outras dúvidas, vou colocar aqui a questão jurídica sobre esses assuntos, baseados na Constituição Brasileira, na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e em informações que eu pesquiso em alguns casos especiais.

Acompanhem-me.

Senado aprova licença-maternidade de 6 meses

O caminho para a oficialização da licença-maternidade de 6 meses está chegando ao seu final. Por unanimidade, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) de Senado aprovou no dia 18 de outubro de 2.007 o projeto de lei n° 281, de autoria parlamentar da Senadora Patricia Saboya, em campanha conjunta com a OAB e a Sociedade Brasileira de Pediatria.

Conheça o Projeto de Lei do Senado Nº 281, de 10/08/2005 que cria o Programa Empresa Cidadã, destinado à prorrogação da licença-maternidade mediante concessão de incentivo fiscal, na iniciativa privada.

Em alguns municípios e estados do país esse projeto já é lei, inclusive com a proposta de extensão da licença-paternidade de 5 para 15 dias, já aprovada. Em outros, o projeto está tramitando pela Câmara e Assembléia Legislativa, aguardando aprovação.

Veja a lista desses estados e municípios.

Você pode acompanhar aqui, também, a evolução das notícias sobre essa campanha.

Vale lembrar 2 itens importantes da lei.
- A adesão da Empresa é voluntária, não obrigatória, estimulada pelo incentivo fiscal.
- Durante esses 6 meses a mãe não pode ter outro trabalho e nem deixar seu bebê em creches ou berçários.

Essa lei é um estímulo à iniciativa da Sociedade Brasileira de Pediatria nessa campanha fundamental para a saúde de nossos filhos: o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida.

Licença-maternidade e aleitamento

Continuo achando meio chato essa história de ler as leis. Mas nesse caso, a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) merece um crédito. São 10 artigos (391 a 400) da seção V que falam sobre a proteção à maternidade. Vou resumir e explicar alguns dados que são muito importantes para que a família fique ciente. Pelo menos, para vocês conhecerem os seus direitos, vou explicar como isso funciona.

No Art. 391, está explicitado que nenhuma mulher pode ser demitida por ter se casado ou por engravidar e que não pode haver qualquer restrição no contrato quanto a essas situações.

Dos Art. 392 a 395, a CLT começa a tratar da licença-maternidade. Até agora, a licença é de 120 dias, a partir do momento em que a funcionária trouxer um atestado médico para notificar esse afastamento (de 28 dias antes até o parto), sem perda de emprego ou de salário. Mesmo que o parto aconteça antes do previsto, a mulher terá direito a esses 120 dias. A CLT dá o direito a dispensa para 6 consultas médicas e exames complementares.

Um dado interessante é que, se uma mulher adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança ela também terá o direito à licença-maternidade, desde que apresente o termo judicial de guarda.

Se a criança tiver até 1 ano de idade – 120 dias; de 1 (completos) a 4 anos – 60 dias; de 4 (completos) a 8 anos – 30 dias.

Em caso de abortamento não provocado, desde que atestado por médico, a mulher tem direito a 2 semanas de repouso remunerado e direito de retorno à função que ocupava antes de seu afastamento.

Art. 396 permite à mulher, para amamentar o próprio filho, até que este complete 6 (seis) meses de idade, 2 (dois) descansos especiais, de meia hora cada um, durante a jornada de trabalho. Essa é a atual licença-aleitamento. Na CLT não está previsto o afastamento por mais 14 dias para que a mãe, após a volta ao trabalho, possa ficar em repouso remunerado para amamentar seu filho. Essa atitude pode ser tomada, de forma voluntária, pela empresa.

Nos Art. 399 e 400 há um estímulo do Ministro do Trabalho e da Administração para os empregadores que se organizarem e mantiverem creches e instituições de proteção aos menores em idade pré-escolar, desde que tais serviços se recomendem por sua generosidade e pela eficiência das respectivas instalações, conferindo diploma de benemerência. Os locais destinados à guarda dos filhos das operárias durante o período da amamentação deverão possuir, no mínimo, um berçário, uma saleta de amamentação, uma cozinha dietética e uma instalação sanitária.

No dia 18 de outubro de 2.007, foi apresentado pela senadora Patrícia Saboya Gomes e aprovado o Projeto de lei do Senado Nº 281 de 10/08/2005, que cria o Programa Empresa Cidadã, destinado à prorrogação da licença-maternidade para 6 meses mediante concessão de incentivo fiscal, na iniciativa privada.

Esse projeto de apenas 6 artigos, que traz grande contribuição para a saúde de nossas crianças, determina que para obter esse direito, a empregada precisa requerer essa licença até o final do 1º mês após o parto.

Algumas empresas privadas, entre elas a Ampla, a Fersol e a Nestlé, essa última contando, no momento, com 16.000 trabalhadoras, adotaram a licença-maternidade de 180 dias, mesmo antes da aprovação do projeto de forma definitiva pelo Congresso Nacional, como mostra o Jornal da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Se for aceito, esse período de mais 60 dias será usufruído logo após o término dos 120 dias de licença-maternidade e a funcionária não poderá ter nenhum trabalho remunerado e nem manter seu filho em creche ou berçários. Se isso for descoberto e comprovado, a funcionária perderá o direito a essa prorrogação.

Para a empresa que aderir voluntariamente a esse programa (não é obrigatório), enquanto durar essa adesão, terá direito á dedução integral, no cálculo de seu imposto de renda, do valor que corresponde à remuneração integral da empregada durante esses 60 dias de prorrogação.

Se a funcionária usufruir a licença de 6 meses, automaticamente perderá o direito do que é estabelecido no Art. 396 que permite à mulher, para amamentar o próprio filho, 2 (dois) descansos especiais, de meia hora cada um, durante a jornada de trabalho, porque esse direito é válido, apenas, até que este complete 6 (seis) meses de idade.

Licença-paternidade

Licença-paternidade E nós, os pais, não merecemos também um tempo para receber o filho e a esposa em casa após o parto?

Na CLT, em seu Art. 473, o pai podia deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário por 1 (um) dia, em caso de nascimento de filho, no decorrer da primeira semana.

Em 1988, o artigo 7º, inciso XIX, da Constituição Federal de 1988 c/c art. 10, § 1º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da CF/88, aumentou o prazo de licença-paternidade para cinco dias.

A licença-paternidade possibilita o trabalhador ausentar-se do serviço, para auxiliar a mãe de seu filho, que não precisa ser necessariamente sua esposa, no período de puerpério (período que se segue ao parto até que os órgãos genitais e o estado geral da mulher retornem à normalidade) e também registrar seu filho.

Da mesma forma que a sociedade se mobilizou para prorrogar por mais 2 meses a licença-maternidade, já há um movimento crescente para que a “licença-paternidade” seja ampliada para 15 dias.

Há projetos de lei, como por exemplo, o do Vereador Roberto Trípoli, para os funcionários da prefeitura de São Paulo que, além de ampliarem a licença-maternidade para 180 dias, em seu artigo 3º, concede a licença-paternidade de 15 dias aos funcionários públicos do Município de São Paulo, contados a partir da data de nascimento, da adoção ou da obtenção de guarda judicial de crianças, sejam elas recém-nascidas ou de até oito anos de idade.

Como retirar, armazenar e oferecer o leite materno

Como retirar o leite? 

A retirada manual do leite das mamas é chamada de ordenha. Ela deve ser realizada quando a mãe tem leite em excesso, quando a mãe e o bebê não podem ficar juntos – seja por motivos de saúde ou de distância física, trabalho -, quando o bebê apresenta dificuldade de sugar ou mamar adequadamente, ou quando a mãe deseja doar o excedente de seu leite.

Para realizar a ordenha, escolha um lugar limpo e tranqüilo, prenda bem os cabelos e use uma touca de banho ou pano amarrado, e proteja a boca e o nariz com máscara, pano ou fralda. Também deixe preparado um vasilhame para estocar seu leite, de preferência um frasco com tampa plástica, fervido por 15 minutos para esterilizar.

Em seguida, massageie seu peito com a ponta dos dedos das mãos bem limpas, iniciando na região mais próxima da aréola, indo até a mais distante do peito, apoiando-o com sua outra mão. Massageie por mais tempo as áreas mais doloridas.

Depois, apóie a ponta dos dedos (polegar e indicador) acima e abaixo da aréola, comprimindo o peito contra o tórax, fazendo movimentos rítmicos, como se tentasse aproximar as pontas dos dedos, sem deslizar na pele. É importante que você despreze os primeiros jatos e guarde o restante no recipiente preparado.

 Como fazer para conservar o leite estocado? 

Após retirar o leite, você deve guardá-lo em um frasco limpo e bem tampado. Deve manter o leite sob refrigeração, em geladeira, freezer ou, se não houver essa possibilidade, manter em isopor com gelo.

O leite materno pode ser conservado sem estragar, à temperatura ambiente, por até 6 horas. Na geladeira, pode ser conservado por 24h, e no congelador ou freezer, por 15 dias. Ele deve ficar o menos tempo possível exposto à temperatura ambiente.

Caso você deseje doar o excesso de seu leite a um Banco de Leite Humano (BLH), congele-o imediatamente após a extração.

Para ser oferecido ao bebê, o leite deve ser descongelado e aquecido no próprio frasco, em banho-maria. Não o descongele em microondas e não ferva. O leite aquecido que não foi usado deve ser jogado fora.

Caso o armazenamento do leite não seja possível, é importante que, para você manter sua produção de leite, você apenas retire seu leite e o jogue fora.

Há alguns sites interessantes, com imagens que pode ajudar a visualização e facilitar a execução da ordenha e armazenamento.

No site da Sociedade Brasileira de Pediatria, essa informação além de ser oficial (Departamento de Aleitamento Mateno) está bem ilustrada e explicada de forma simples (como eu gosto de fazer), além de orientar o uso do copinho para oferecer o leite materno armazenado.

E eu achei excelente a frase que abre o texto, por isso reproduzo aqui:

“Toda mulher tem direito a trabalhar, estudar, passear e, continuar amamentando”.

Sociedade Brasileira de Pediatria

- Infância Saudável

Amamentação e uso de medicamentos - Ministério da Saúde - versão 2014

- Posso tomar esse medicamento enquanto estou amamentando?
- Posso pintar os cabelos enquanto amamento?
- Não existe problema em tomar fitoterápicos se eu estiver amamentando?

Essas e outras dúvidas são frequentes durante as consultas, ou através de telefonemas e e-mails que recebo no consultório.

O Ministério da Saúde, por meio da Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno, em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), disponibiliza este Manual contendo informações básicas sobre o uso de drogas durante o período da lactação.

O aleitamento materno é uma prática de fundamental importância para a mãe, a criança e a sociedade em geral, que deve ser sempre incentivada e protegida, salvo em algumas situações excepcionais. Assim, não se justifica, na maioria das vezes, a interrupção da amamentação quando a nutriz necessitar algum tipo de tratamento farmacológico, impedindo desnecessariamente que mãe e criança usufruam dos benefícios do aleitamento materno. A indicação criteriosa do tratamento materno e a seleção cuidadosa dos medicamentos geralmente permitem que a amamentação continue sem interrupção e com segurança.

Espera-se que este Manual contribua para que os profissionais de saúde tenham condições de optar, sempre que necessário, por medicações de baixo risco para a mulher, a criança e a lactação, tornando possível o tratamento adequado da nutriz e a manutenção do aleitamento materno.

Acompanhem as informações no link abaixo.

Esclarecimentos

São 3 os grupos de substâncias:

Em verde - USO COMPATÍVEL COM A AMAMENTAÇÃO
Desta categoria fazem parte os fármacos cujo uso é potencialmente seguro durante a lactação, haja vista não haver relatos de efeitos farmacológicos significativos para o lactente.

Em amarelo - USO CRITERIOSO DURANTE A AMAMENTAÇÃO
Nesta categoria estão os medicamentos cujo uso no período da lactação depende da avaliação do risco/benefício. Quando utilizados, exigem monitorização clínica e/ou laboratorial do lactente, devendo ser utilizados durante o menor tempo e na menor dose possível. Novos medicamentos cuja segurança durante a amamentação ainda não foi devidamente documentada encontram-se nesta categoria.

Em vermelho - USO CONTRAINDICADO DURANTE A AMAMENTAÇÃO
Esta categoria compreende as drogas que exigem a interrupção da amamentação, pelas evidências ou risco significativo de efeitos colaterais importantes no lactente.

Se ainda sobrarem dúvidas, pergunte. É necessário pesquisar pelo nome técnico ou científico da substância e não pelo nome comercial.

 

Manual de Amamentação e uso de medicamentos e outras substâncias - versão 2014

 

Amamentação e uso de medicamentos - outras fontes

Há outros sites que podem ser pesquisados quando buscamos medicamentos e substâncias que uma mãe que amamenta pode ou não usar.

Um deles é o e-lactancia que checa a compatibilidade de aleitamento materno com 15.415 termos, abrangendo prescrições medicamentosas, fitoterapia, homeopatia, cosméticos e procedimentos médicos entre outras informações. 
Feito por pediatras da APILAM (Association for Promotion and Cultural and Scientific Research of Breastfeeding). Vale a pena consultar esse site também.

O outro é o TOXNET e dentro dele o LactMed (Drugs and Lactation Database).
Este é vinculado à U.S. National Library of Medicine e é atualizado mensalmente.
Ele contém informações sobre drogas e outras substâncias químicas que as mães que amamentam podem ser expostas, mostrando níevis no leite materno e possíveis efeitos adversos no lactente amamentado. Todas as informações são referenciadas por fontes da literatura científica. 

Como fazer o desmame sem traumatizar o bebê?

Gosto muito desse texto e dessa abordagem simples do Dr. José Martins:

"Sempre digo em minhas conferências e em minhas aulas na Universidade e mesmo para meus clientes que o desmame não é do bebê é da dupla mãe/filho, porque o vínculo afetivo e o apego durante uma amamentação hesitosa e feliz é bilateral, de maneira que sempre que possível a decisão é da dupla e deve ser o mínimo de um lado só... A mãe precisa estar realmente decidida e ou impossibilitada de continuar amamentando o bebê. Sei que há, infelizmente muitas razões para isso...volta ao trabalho, dificuldades depois da volta, de vir pelo menos almoçar em casa, incapacidade ou dificuldade real por falta de orientação para tirar o seu leite e armazenando-o deixar com o cuidador do bebê nos horários em que a mãe estiver fora para oferecer, se possível no copinho para não criar o " erro de bico" quando o bebê vai perdendo a melhor maneira de sugar ao peito caso seja dado na mamadeira... etc."

"Para não traumatizar, nunca optar por uma parada brusca e por favor, pelo amor de Deus, nunca usar aqueles conselhos antigos que felizmente estão desaparecendo de colocar alguma substância no mamilo da mãe para a criança se enojar ou recusar ... isso aumenta o sofrimento e o traumatismo do bebê é seguro. Nós mamíferos fomos feitos para mamar pelo menos até os dois anos; os primeiros 6 meses exclusivamente, sem mais nenhum outro alimento, nem água, em auto demanda e depois com a introdução dos outros alimentos. A partir do começo do segundo semestre, ir acertando os horários e compatibilizando aos poucos os horários da mamada e as refeições, almoço, jantar, frutas, etc.... Há quem diga que é possível continuar em auto demanda até mais tarde, e se a mãe quiser e aguentar, tudo bem...Porém é preciso levar em conta que a mãe na auto demanda fica muito solicitada e nessa época (mais ou menos 6 meses) é bom ir tentando acertar os horários, lentamente para ter horário de almoço, de frutas a tarde e jantar e as vezes até suco pela manhã e aí ao poucos vamos passando para 4 ou 5 mamadas por dia (cedo, mais ou menos uma hora após o almoço, a tarde uma hora depois da fruta..., depois uma hora depois do jantar e a última a noite para ver se dorme a noite bem... ".

Dr. José Martins

Desmame Natural? Isso existe?

E esse é um texto excelente, mais profundo, da Dra. Elsa Regina Justo Giugliani*
Do site da SBP (2012)

*Pediatra, professora da Faculdade de Medicina da UFRGS, presidente do Departamento de Aleitamento Materno da SBP, Especialista em Aleitamento Materno pelo IBLCE (International Board of Lactation Consultant Examiners)

Leiam e comentem!

O homem é o único mamífero em que o desmame (aqui definido como a cessação do aleitamento materno) não é primariamente determinado por fatores genéticos e instinto, sendo fortemente influenciado por fatores socioculturais. Hoje, ao contrário do que ocorreu por pelo menos dois milhões de anos, ao longo da evolução da espécie humana, a mulher opta (ou não) pela amamentação e, influenciada por múltiplos fatores, decide por quanto tempo vai (ou pode) amamentar. Muitas vezes, as preferências culturais (não amamentação, introdução precoce de outros alimentos na dieta da criança, amamentação de curta duração) entram em conflito com a expectativa da espécie. Algumas conseqüências dessa divergência já puderam ser observadas, como desnutrição e alta mortalidade infantis, sobretudo em áreas menos desenvolvidas. Porém, as conseqüências a longo prazo ainda não são totalmente conhecidas, já que transformações genéticas não ocorrem com a rapidez com que podem ocorrer mudanças de hábitos. Começam a ser mostradas evidências de que o não amamentar segundo as expectativas da espécie pode ter repercussões negativas ao longo da vida dos indivíduos. Assim, a não amamentação ou amamentação sub-ótima pode favorecer o aparecimento de doenças alérgicas, diversas doenças do sistema imunológico, alguns tipos de cânceres, obesidade, diabete e doenças cardiovasculares, além de interferir negativamente no desenvolvimento oro-facial. Provavelmente, com o aparecimento de novas pesquisas nessa área, outros males serão relacionados com os hábitos “modernos” de alimentação infantil, mas alguns aspectos dificilmente podem ser quantificados, especialmente os relacionados com a psique humana.

Atualmente, em especial nas sociedades ocidentais, a amamentação é vista primordialmente como uma forma de alimentar a criança, sob o controle total dos adultos. Assim, perdeu-se a percepção da amamentação como um processo mais amplo, complexo, envolvendo intimamente duas pessoas e com repercussão na saúde física e no desenvolvimento cognitivo e emocional da criança, além de repercussões para a saúde física e psíquica da mãe. Hoje, em muitas culturas “modernas”, a amamentação prolongada (cujo conceito varia de acordo com a “convenção” da época e do local) freqüentemente é vista como um distúrbio inter-relacional entre mãe e bebê. Perdeu-se a noção de que o desmame não é um evento e sim um processo, que faz parte da evolução da mulher como mãe e do desenvolvimento da criança, assim como sentar, andar, correr, falar. Nesta lógica, assim como nenhuma criança começa a andar antes de estar pronta, nenhuma criança deveria ser desmamada antes de atingir a maturidade para tal. Em harmonia com esta linha de pensamento, Dr. William Sears, um antigo pediatra, recomendava “Não limite a duração da amamentação a um período pré-determinado. Siga os sinais do bebê. A vida é uma série de desmames, do útero, do seio, de casa para a escola, da escola para o trabalho. Quando uma criança é forçada a entrar em um estágio antes de estar pronta, corre o risco de afetar o seu desenvolvimento emocional”. Essas palavras sábias podem ter pouco respaldo em sociedades individualistas, que tendem a acelerar o processo de independização do ser humano, substituindo o seio por métodos de auto-consolo como chupetas, paninhos, mantinhas, ursinhos, etc.

Segundo diversas teorias, o período natural de amamentação para a espécie humana seria de 2,5 a sete anos. Atualmente, a Organização Mundial da Saúde recomenda aleitamento materno por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos primeiros seis meses. Apesar dessa recomendação, muito poucas mulheres no Brasil amamentam por mais de dois anos. As razões para a não amamentação prolongada variam desde dificuldade em conciliar a amamentação com outras atividades, até crença de que aleitamento materno além do primeiro ano é danoso para a criança sob o ponto de vista psicológico. Uma parcela de mães, apesar de demonstrar desejo em continuar a amamentação, sente-se pressionada a desmamar por profissionais de saúde, seus maridos, parentes, vizinhos e amigos. Pois, para a manutenção do paradigma que sustenta a afirmação de que amamentação prolongada não é natural, foi necessário criar vários mitos tais como o de que uma criança jamais desmama por si própria, que a amamentação prolongada é um sinal de problema sexual ou necessidade materna e não da criança e que a criança que mama fica muito dependente. Algumas mães, de fato, desmamam para promover a independência da criança. No entanto, é importante lembrar que o desmame provavelmente não vai mudar a personalidade da criança. Além disso, o desmame forçado pode gerar insegurança na criança, o que dificulta o processo de independização.

O desmame pode ser agrupado em quatro categorias básicas: abrupto, planejado ou gradual, parcial e natural. Sob a ótica de que o desmame é um processo de desenvolvimento da criança, parece razoável afirmar que o ideal seria que ele ocorresse naturalmente, na medida em que a criança vai adquirindo competências para tal. No desmame natural a criança se auto-desmama, o que pode ocorrer em diferentes idades, em média entre dois e quatro anos e raramente antes de um ano. Costuma ser gradual, mas às vezes pode ser súbito, como por exemplo em uma nova gravidez da mãe (a criança pode estranhar o gosto do leite, que se altera, e o volume, que diminui). A mãe também participa ativamente no processo, sugerindo passos quando a criança estiver pronta para aceitá-los e impondo limites adequados à idade. O Quadro 1 apresenta os sinais indicativos de que criança pode estar pronta para iniciar o desmame:

Quadro 1. Sinais sugestivos de que a criança está madura para o desmame

• Idade maior que um ano

• Menos interesse nas mamadas

• Aceita variedade de outros alimentos

• É segura na sua relação com a mãe

• Aceita outras formas de consolo

• Aceita não ser amamentada em certas ocasiões e locais

• Às vezes dorme sem mamar no peito

• Mostra pouca ansiedade quando encorajada a não amamentar

• Às vezes prefere brincar ou fazer outra atividade com a mãe ao invés de mamar

É importante que a mãe não confunda o auto-desmame natural com a chamada “greve de amamentação” do bebê. Esta ocorre principalmente em crianças menores de um ano, é de início súbito e inesperado, a criança parece insatisfeita e em geral é possível identificar uma causa: doença, dentição, diminuição do volume ou sabor do leite, estresse e excesso de mamadeira ou chupeta. Essa condição usualmente não dura mais que 2-4 dias.


Algumas vantagens do desmame natural encontram-se no Quadro 2:

Quadro 2. Vantagens do desmame natural

• Transição tranqüila, menos estressante para a mãe e a criança

• Preenche as necessidades da criança até elas estarem maduras para o desmame

• Fortalece a relação mãe-filho

• Ajuda a mãe a ser menos ansiosa com relação aos estágios de desenvolvimento de seu filho

O desmame abrupto é desencorajado, pois se a criança não está pronta, ela pode se sentir rejeitada pela mãe, gerando insegurança e muitas vezes rebeldia. Na mãe, o desmame abrupto pode precipitar ingurgitamento mamário, bloqueio de ducto lactífero e mastite, além de tristeza ou depressão, por luto pela perda da amamentação ou por mudanças hormonais.

Muitas vezes a mulher se depara com a situação de querer ou ter que desmamar antes de a criança estar pronta. Nesses casos, o profissional de saúde, em especial o pediatra, deve respeitar o desejo da mãe e ajudá-la nesse processo. O quadro 3 apresenta os fatores que facilitam o encorajamento do bebê para o desmame.

Quadro 3. Encorajando o bebê a desmamar: facilitadores

• Mãe segura de que quer (ou deve) desmamar

• Entendimento da mãe de que o processo pode ser lento e demandar energia, tanto maior quanto menos pronta estiver a criança

• Flexibilidade, pois o curso é imprevisível

• Paciência (dar tempo à criança) e compreensão

• Suporte e atenção adicionais à criança – mãe não deve se afastar neste período

• Ausência de outras mudanças ocorrendo: Ex.: controle dos esficteres

• Sempre que possível, desmame gradual, retirando uma mamada do dia a cada 1-2 semanas.

A técnica utilizada para fazer a criança desmamar varia de acordo com a idade da mesma. Se a criança for maior, o desmame pode ser planejado com ela. Pode-se propor uma data, oferecer uma recompensa e até mesmo uma festa. A mãe pode começar não oferecendo o seio, mas também não recusando. Pode também encurtar as mamadas e adiá-las. Mamadas podem ser suprimidas distraindo a criança com brincadeiras, chamando amiguinhos, entretendo a criança com algo que lhe prenda a atenção. A participação do pai no processo, sempre que possível, é importante. A mãe pode também evitar certas atitudes que estimulam a criança a mamar, por exemplo, não sentar na poltrona em que costuma amamentar.

Algumas vezes, o desmame forçado gera tanta ansiedade na mãe e no bebê, que é preferível adiar um pouco mais o processo, se possível. A mãe pode, também, optar por restringir as mamadas a certos horários e locais.

As mulheres devem estar preparadas para as mudanças físicas e emocionais que o desmame pode desencadear, tais como: mudança de tamanho das mamas, mudança de peso e sentimentos diversos tais como alívio, paz, tristeza, depressão, culpa e arrependimento.

Já se avançou muito na valorização do aleitamento materno nos últimos tempos. A recomendação da duração da amamentação passou de 10 meses na década de 30 para dois anos ou mais nos dias de hoje. Atualmente, fala-se em desmame natural como a forma ideal de desmame, sem especificar uma idade mínima ou máxima para que esse processo ocorra. Apesar desse avanço ainda estamos longe de encararmos o desmame como um marco do desenvolvimento da criança. Para chegarmos a este estágio, faz-se necessário entender e enfrentar as circunstâncias que, segundo Souza e Almeida, “ultrapassam a natureza e desafiam a cultura e a sociedade”.

10 coisas que você precisa saber sobre o desmame

Esse é um texto muito legal da Simone de Carvalho em seu blog Se as Mães Soubessem (18/08/2015).
Acompanhem.

Maiores do que o desejo de uma amamentação bem-sucedida são os medos e as dúvidas que muitas mães têm em relação ao desmame do seu bebê. Este texto é para te ajudar a entender o processo. Na realidade, entender o começo, o meio e o fim da amamentação, de uma forma super cheia de amor e carinho. O post de hoje é: 10 coisas que você precisa saber sobre o desmame. 

1 – A maturação cerebral dos humanos demora cerca de três anos para ser totalmente completa. Mamar no seio da mãe é nutrição física de qualidade e também nutrição emocional, e a formação emocional do bebê depende deste vínculo afetivo direto.

2 – A amamentação é um processo gradual, que depende de vários fatores: a) uma boa e exitosa introdução alimentar a partir dos seis meses de idade; b) uma boa formação orofacial através do complexo e perfeito mecanismo da sucção no seio materno; e c) do processo de socialização do bebê com o ambiente e do complexo desenvolvimento e aprendizado da sua fala, que permite uma comunicação clara dos seus sentimentos e necessidades.

3 – A amamentação depende, com algumas exceções, da disponibilidade da mãe para amamentar o seu bebê. Para que essa disponibilidade seja plena, a mãe precisa de apoio e reconhecimento do ato de amamentar como sendo fundamental para o crescimento saudável de um bebê, e precisa saber de todos os aspectos envolvidos na prática da amamentação, sempre acreditando no seu empoderamento materno. Quanto mais segura e consciente das suas escolhas a mãe estiver, mais o desmame será tranquilo e aceito como um processo natural do desenvolvimento do bebê.

4- O desmame progressivo só será bem-sucedido se existir uma rotina bem definida em relação aos cuidados do bebê. A livre demanda significa o exercício constante do controle da fome e saciedade do bebê através da amamentação: quanto mais o bebê mama, mais leite o seio materno produz; quando o bebê deixa de mamar, o seio interrompe gradualmente a produção do leite. Livre demanda não significa deixar o bebê ficar sugando o seio o tempo inteiro, porque o bebê não sente fome o tempo todo, mas sim saber responder ao choro do bebê de acordo com as REAIS necessidades dele. O comportamento de um bebê com menos de 6 meses de idade diante da amamentação difere muito daquele de um bebê de 1 ano, quando já não se espera que mame tanto.

5- O desmame noturno também faz parte do longo processo de maturação do sono do bebê. Antes dos três anos de vida, é normal e esperado que a criança acorde algumas vezes durante a noite: por fome, por necessidade de acolhimento, por incapacidade de voltar a pegar no sono sozinho, e para ter certeza de que seus pais estão por perto. Todas essas necessidades de uma criança são reais para ela. Mas, com uma rotina bem estabelecida pelos pais, a criança passa a condicionar o sono noturno com as regras estipuladas de cada família. O aprendizado sobre dormir faz parte do desenvolvimento infantil e esta rotina depende do arranjo que cada família faz para este momento. 

6 – A criança encontra consolo emocional no seio materno. Ela busca pelo seio da mãe quando se sente estressada, com medo, insegura, diante da separação precoce da mãe e de noções de perigo, passando a se sentir mais segura, amada e certa do cuidado de sua mãe por ela. A amamentação é 90% da nutrição emocional e 10% da nutrição física de um bebê.

7 – Quanto mais disponível a mãe estiver para atender prontamente às necessidades do seu bebê, mais bem-sucedido tende a ser o desmame. À primeira vista, isso parece controverso, mas garantir ao bebê humano que ele é amado e será sempre protegido pela sua mãe o deixará mais seguro e mais independente. Se ele sentir qualquer sinal de insegurança na relação com sua mãe, ele pode voltar a mamar com intensidade para tentar restabelecer sua conexão com ela. O bebê pode entender um possível “abandono” da mãe através da volta dela ao trabalho, de conflitos familiares em situações de irritabilidade, falta de paciência, cansaço e ausência de prazer no ato de amamentar e sua resposta emocional de continuar mamando “pede” à ela que não o abandone e não deixe de nutri-lo.

8 – Os bebês não irão mamar para sempre. Muitas mães têm a sensação de ser um processo eterno por conta da privação de sono, da doação do próprio corpo e do tempo, mas o desenvolvimento infantil é progressivo e finito: tem o momento certo de terminar. É importante saber disto, porque esta programação mental da mãe faz toda a diferença no sentido de abrandar a ansiedade de querer que o bebê desmame em curto tempo. Se a mãe estiver consciente deste processo, ela se sentirá mais segura e confiante do seu papel insubstituível no desenvolvimento do filho, e esta segurança, por sua vez, mostrará para o bebê que ele poderá desmamar e ainda assim continuar recebendo o carinho e o cuidado da sua mãe.

9 – A maior causa do desmame precoce é a falta de apoio no entorno da mãe. Família, sociedade e indústria exercem uma pressão enorme e constante sobre a necessidade de barrar este processo, porque não aceitam mãe e bebê juntos e conectados por um longo período de tempo. A aceitação por parte da família envolve fatores emocionais e inconscientes que refletem uma reorganização emocional de suas próprias experiências pessoais com a amamentação (avós, mães, sogras, amigas). A sociedade, por sua vez, e por total ausência de empoderamento, ainda enxerga a amamentação como um tabu: priva a mulher de exercer plenamente uma atividade profissional, priva-a da prática sexual, e deixa a criança eternamente dependente da mãe. Por fim, o sistema capitalista, que visa lucro acima de tudo, não tem nenhum interesse em promover a amamentação como algo natural, pleno e independente de fatores externos.

10 – O desmame é conduzido pelo bebê. Ele sabe o momento certo e sinaliza para a sua mãe quais são suas reais necessidades. Para isso, ele depende da rotina e das respostas que obtém no seu dia-a-dia. Se ele aprende desde cedo que o consolo só depende do seio, ele sempre vai esperar por este tipo de consolo; se ele aprende que a única forma de saciar a sua fome é mamando, ele não irá aceitar outros alimentos; se ele aprende a dormir apenas mamando no seio de sua mãe, ele não vai querer outras formas de condução ao sono. Tudo depende de aprendizado e equilíbrio por ambas as partes, e também dos limites ofertados pela mãe.

Então o que você deve fazer para que o desmame do seu bebê seja um sucesso? Aqui vão algumas dicas:

  • Compreender que os primeiros seis meses são de amamentação exclusiva, pela necessidade vital do bebê de aumentar o seu peso e tamanho, e para que a maturação dos sistemas intestinal e imunológico sejam bem-sucedidas;
  • Compreender que a introdução alimentar é um processo lento e gradual e que exige da mãe paciência, persistência e dedicação em elaborar refeições gostosas e atrativas para o bebê. Assim, ele aprenderá a gostar do sabor real dos alimentos e ativará suas preferências por cada um deles, bem como sua autonomia em se alimentar desenvolvendo as habilidades motoras e os cinco sentidos (paladar, olfato, audição, visão e tato);
  • Compreender que o desmame noturno é progressivo e caminha junto com o desenvolvimento cerebral. Que antes dos primeiros três anos de vida é normal que seu bebê acorde algumas vezes durante a noite, e que a rotina durante o dia é algo fundamental para uma boa noite de sono (para toda a família);
  • Compreender que terceirizar os cuidados do seu bebê antes desta idade pode trazer situações não compreendidas por parte dos seus cuidadores; desafios na forma de educar e de estabelecer limites, e a necessidade do bebê de se revincular com a sua mãe. Essa pluralidade de “formas de cuidar” pode vir a ser um conflito para o bebê, que poderá demandar da mãe a compreensão de suas necessidades reais juntamente com a ausência da fala;
  • Compreender que o desmame não significa substituir o leite materno por outros leites e nem a introdução de bicos artificiais (mamadeira, chupeta). O reflexo de sucção do bebê cessa gradativamente com o desmame progressivo e a criança pode passar direto para o uso do copinho e do copo normal, respeitando-se sempre o tempo biológico do bebê.
  • Se você não conseguiu amamentar e introduziu fórmulas, chupetas e mamadeiras, é importante saber que deve-se fazer a mesma transição gradual com o bebê, uma vez que o uso prolongado de leite artificial e bicos artificiais pode trazer problemas para a saúde da criança. O bebê desmamado precisa de uma rotina alimentar saudável e de acordo com a refeição da família (ele passa a comer pequenas porções da alimentação familiar), e precisa também ter outras formas de consolo e vínculo, sendo a principal delas a atenção e cuidado dos seus pais.
  • E por fim, o desmame da mãe depende de um processo de internalização e compreensão de que o seu bebê já cresceu, que já pode ser alimentado e cuidado de outras formas, e que a sua figura de consolo e vínculo será eterna para ele. O desmame da mãe significa a possibilidade de voltar a exercer a sua individualidade neste mundo, e a conquista de uma maturidade emocional segura que só a maternidade pode nos proporcionar!

Tudo tem um começo, um meio e um fim. Viver intensamente cada processo das nossas vidas é ter a certeza de que cumprimos as etapas de forma plena. A infância é uma só, e maternar e amamentar são momentos únicos dentre tantos outros que iremos vivenciar com os nossos filhos. Todo o esforço e entrega valem a pena! Nada dura para sempre, exceto o nosso amor incondicional por nossos filhos. E só há um único consenso na maternidade: sempre queremos o melhor para eles. Isso é o que nos une.

Um beijo com carinho para cada uma de vocês!

 

Sobre a autora

Simone De Carvalho

Mãe de Rebeca e Rafael é Pedagoga por formação, apaixonada pelo desenvolvimento infantil e mestre pela UNICAMP. Fundadora da AMS Brasil, é escritora e palestrante. Desenvolveu o conceito do empoderamento materno e trabalha com mulheres em seus processos maternos. Acredita que para mudar o mundo, é preciso mudar a forma de cuidar de uma criança!

Desmame Natural - Um depoimento

Cecília, mãe da Ária (4 anos e 2 meses) e da Maite de (2 anos e 4 meses)

Quando engravidei em 2013 eu tinha algumas certezas. Uma delas é que eu amamentaria meu bebê o máximo e o melhor possível. Quando a Ária nasceu, logo comecei a ter problemas para amamenta-la. Levei 4 meses para estabilizar a amamentação, para fazer fluir naturalmente. Não sem antes passar por todos os X da questão. A infecção só pôde ser tratada quando tirei a prótese de silicone. De lá pra cá, tenho um 'pepeito' grande e um pequeno. Uma diferença enorme que no início eu não saberia como toleraria, mas hoje já estou até acostumada.

Logo que a Ária completou seu 1 ano de vida, engravidam os novamente. E, sem pensar tanto sobre isso, decidi continuar amamentando. Eu nunca tinha visto ninguém amamentando grávida ou ouvido falar. Mas meu coração não me mostrava outro caminho. Maite nasceu e, imediatamente, ambas compartilharam a amamentação. Seguimos e muitas vezes eu pensava "onde isso vai parar?". Eu não tinha respostas. Maite, que nasceu enorme, continuou bem e saudável. Ária idem. Parecia tudo bem...

Maite fez 1 ano, Ária 3. Lógico que tive muitos momentos de extremo estresse. Muitos momentos que eu pensei em interromper. Mas, de fato, só a gente sabe a hora certa de fazer. Mesmo sendo 'normal' acordar 6x numa noite tida como tranquila e ir trabalhar no dia seguinte.

Maite fez 2 anos quando comecei a negar o peito algumas vezes a Ária. Até que ela já via a irmã mamando sem pedir. Combinamos as mamadaa só pra dormir. Até que um dia, às vésperas de fazer 4 anos, sem planejar isso, disse a ela que ela não mamaria mais a partir daquela noite. Ela chorou um pouco, mas eu a abracei e agradeço imensamente por tudo que vivemos até ali. Falei que tinha orgulho em como ela já estava grande e esperta. Ela me abraçou e dormiu.

Até que Maite, com 2a3m  se despediu também da amamentação quando foi me levar no aeroporto para uma viagem em que eu fiquei 18 dias longe delas. Durante minha ausência, pediu o peito algumas vezes. Assim que me viu, não. Na nossa primeira noite juntas, na hora de dormir, ela pediu. Conversei. Ela chorou, mas depois deitou abraçada comigo e dormiu. Passou dias sem falar nisso. Outro dia pediu denovo. Achei que ela me testava. Agora, não mais...

Encerrou nosso caminho com a amamentação. A nossa amamentação. Agora elas seguem juntas compartilhando comigo outros caminhos.  E, entre vários benefícios que percebo em ter amamentado minhas filhas, na hora de ouro, em livre demanda, em tandem... Etc... É o apego, o carinho e a cumplicidade que uma tem com a outra.

Sinto orgulho sim por ter conseguido. Toda a nossa pequena família se empenhou nisso. Meu marido, meu filho mais velho, eu e elas... Mas me sinto completamente realizada por ter sido assim, tudo como foi.

Fotos no Instagram @euapoioleitematerno