Dra. Renata Nunes Simões - Psicóloga Clínica - CRP 06/9276
Consultório: Av. Paulista, 2006 - cj. 607 - Bela Vista
Tel.: 3051-5895
Sexo é a palavra utilizada para distinguir o homem da mulher, quando nos referimos ao sexo feminino ou sexo masculino; utilizada para fazer referência aos órgãos genitais externos; e também utilizada como sinônimo de sexualidade.
Sexualidade é prazer. Temos prazer através do tato, da visão, da audição, do olfato, do paladar, do movimento. A sexualidade está sempre presente em todos os momentos de nossa vida desde a infância até a velhice. A sexualidade se expressa em toda nossa forma de ser. A relação sexual é uma das expressões de nossa sexualidade.
Sobre o sexo e a sexualidade
Fomos educados e educamos nossos filhos sobre como deve ser e se comportar um menino e uma menina e isto terá forte influência sobre o homem e a mulher que eles serão no futuro.
Será que ser homem e ser mulher é ser tão diferente um do outro?
A maior parte destas diferenças é determinada culturalmente e não faz parte realmente do que é ser homem ou ser mulher e, por causa disso, não são de fato diferenças mas sim desigualdades geradas pela educação.
Pode ser muito penoso tanto para homens quanto para mulheres passar a vida representando um papel social que lhes foi ensinado ou imposto desde a infância. Não estará na hora de parar para pensar em tudo que nos incomoda, juntar os opostos e sermos mais nós mesmos?
Fica aqui um aspecto de extrema importância para a reflexão dos pais: o sexo masculino e o feminino apresentam algumas diferenças, mas a educação de ambos deve ser com igualdade.
Desde há muito tempo, em nossa sociedade, tudo o que era relacionado a corpo, relação sexual, órgãos genitais e prazer era considerado pecado, coisa proibida, suja e que deveria ser evitada.
Uma grande parte das pessoas não teve, quando jovens, oportunidade de conversar sobre sexo com seus pais.
Hoje, já conhecemos todos os danos que esta negação do corpo e do prazer traz às pessoas, dificultando um desenvolvimento saudável e feliz.
Devemos, portanto, nos esforçar para superar nossas dificuldades e compreendermos cada vez mais a sexualidade para auxiliarmos nossas crianças e jovens a serem responsáveis com seu corpo e com sua sexualidade.
Esteja sempre pronto para responder suas perguntas, mostrando que em casa este assunto pode ser conversado com naturalidade. Caso não saiba o que dizer no momento, diga que não sabe, que vai procurar se informar e depois lhe dará a resposta.
Seu/sua filho(a) pode querer saber sua opinião sobre algum assunto. Seja sincero ao dar sua opinião, procurando deixar claro que pode haver opiniões diferentes da sua e, se não se sentir seguro (a) para responder no momento, diga que vai pensar sobre o assunto e depois lhe dará a resposta.
Para iniciar alguma conversa com seu/sua filho(a) você também pode aproveitar algumas ocasiões como um filme, um programa de televisão, um livro ou uma reportagem, que abordem temas ligados a sexo/sexualidade. Não é necessário e nem adequado marcar dia e hora para conversar. Quanto mais você participar da vida de seu/sua filho(a), mais ocasiões você vai encontrar para iniciar alguma conversa sobre o assunto.
O mais importante é você se preparar, lendo, se informando, buscando orientações com profissionais preparados, refletindo sobre o assunto, revendo suas concepções e tomando consciência de suas próprias dificuldades.
É verdade que pais que conversam sobre sexo/sexualidade com os filhos estão estimulando estes jovens a iniciarem a vida sexual precocemente?
Não, isto não é verdade.
Conversar com seus filhos vai ajudá-los a ser mais responsáveis consigo próprios e com sua sexualidade e vai prepará-los para tomar decisões amadurecidas sobre sua vida sexual.
Como lidar com algumas situações
É a fase do desenvolvimento que tem início entre 8 e 10 anos, onde meninos e meninas passam por transformações biopsicossociais intensas, podendo trazer medos, dúvidas, inseguranças. Os pais devem estar bem preparados para orientar, informar, esclarecer, facilitando assim o desenvolvimento saudável de seus filhos.
É durante a puberdade/início da adolescência, que vai ocorrer a primeira menstruação nas mulheres e a primeira ejaculação nos homens (entre 11 e 13 anos).
Os pais devem conversar com os filhos preparando-os para este momento, para que não fiquem assustados, inseguros e com medo.
É muito importante que os pais estejam bem preparados e atentos para esta fase, porque a curiosidade vai levar o jovem a procurar informações e respostas fora de casa, correndo o risco de encontrar pessoas despreparadas que vão lhe passar informações erradas.
Meu/minha filho(a) está mais distante, não quer mais que o(a) veja nu(a), se tranca no quarto para ficar só. O que fazer?
Existe uma etapa do desenvolvimento em que o menor descobre o pudor e reivindica mais sua intimidade, privacidade, seu espaço, seu território.
Os pais devem respeitar este pudor do corpo e dos sentimentos, esta necessidade de certa distância física e psíquica. No entanto, devem se mostrar sempre disponíveis.
Nós, pais, também temos nossa necessidade de privacidade e intimidade e também queremos nossos filhos disponíveis para nós.
Conviver com os filhos é saber nos colocar no lugar deles e perceber que não são diferentes de nós, do que já fomos ou ainda somos, e então sermos mais seus amigos, adquirirmos mais autoridade e sermos menos autoritários.
Quando seu/sua filho(a) quer saber como se faz um bebê, o que você responde?
Você pode começar perguntando a ele(a) como ele(a) acha que isto acontece e assim você vai conhecer o que ele(a) já sabe sobre o assunto e corrigir alguma informação errada.
Você deve procurar descobrir exatamente o que a criança está querendo saber para dar respostas bem específicas.
Não há nenhuma necessidade de se fazer uma explanação extensa sobre o assunto. Existem muitos livros com explicações simples, bem objetivas e com ilustrações, que podem ser utilizados pelos pais nestes momentos.
O mais importante é você se sentir seguro(a) para falar sobre o assunto.
Você surpreende as crianças se tocando no banho. O que fazer ?
A curiosidade sexual de uma criança diante da outra é natural. Entre os 6 e os 10 anos, é comum a criança explorar o sexo oposto para melhor se conhecer. O menino quer ver a irmã, as primas e vice-versa.
Permaneça sempre por perto agindo naturalmente para poder observar. Se as brincadeiras forem além do tocar e olhar estabeleça limites com firmeza mas respeito, para que seu/sua filho(a) não associe a sexualidade a algo sujo e proibido.
Quando uma criança quer tocar a outra, isto não significa que elas tenham um desejo sexual, como os adolescentes/adultos nem a intenção de ter uma relação sexual. Trata-se apenas de um desejo de explorar e conhecer o corpo do outro e seu próprio corpo.
É comum as crianças quererem tocar também o corpo dos pais. Portanto, a preocupação nestes casos é apenas não deixar que se toquem de uma forma que possam se machucar e não permitir que uma criança force outra a fazer algo que não queira.
Neste caso você deve ser firme ao dizer "não faça isto pois pode machucar" ou "não faça isto porque ele(a) não quer".
Desde muito pequena a criança pode manipular seus genitais como forma de descobrir seu próprio corpo. Isto é natural. Faz parte do desenvolvimento da sexualidade normal e não se deve impedir esta manipulação dizendo coisas que façam a criança sentir que é errado tocar-se.
Na puberdade a masturbação pode se intensificar, o que também faz parte do desenvolvimento da sexualidade normal, onde o jovem continua o processo de conhecimento do próprio corpo e agora, nesta fase de seu desenvolvimento, começa a explorar o prazer genital.
A masturbação não causa problemas físicos e nem emocionais e nem vicia. São as atitudes negativas dos pais que fazem com que os filhos cresçam com o sentimento de que estavam fazendo algo feio ou proibido, podendo, mais tarde, ter dificuldades com seu corpo, sua intimidade e no relacionamento com o outro.
Sobre a homossexualidade
Homossexualidade não é doença, não é promiscuidade, não significa ser sem vergonha, não é nenhuma tara e não se trata de uma preferência ou escolha sexual consciente. Muito pelo contrário, muitos homossexuais passam anos de suas vidas tentando ser heterossexuais sem obter êxito.
A homossexualidade é uma das orientações sexuais, uma das formas como a sexualidade se orienta e se expressa nos seres humanos, sendo a mais freqüente delas a orientação heterossexual.
Ser heterossexual significa se sentir atraído eroticamente, sexualmente, romanticamente e afetivamente por alguém do sexo oposto.
Ser homossexual significa se sentir atraído eroticamente, sexualmente, romanticamente e afetivamente por alguém do mesmo sexo. Cerca de 10% das pessoas nascem com orientação homossexual.
Não há qualquer evidência de que o ambiente familiar e/ou social possam influenciar a orientação sexual de uma criança.
Alguns estudos sugerem que as causas da homossexualidade possam ser genéticas ou hormonais, mas não há nada de definitivo a esse respeito.
Assim como não se pode transformar um heterossexual em um homossexual, a contrapartida também é verdadeira.
Os homossexuais enfrentam muitas dificuldades psicológicas por causa da discriminação. Tentar transformá-los em heterossexuais é ilegal, antiético e injusto.
Podemos, sim, transformar a discriminação em aceitação. Pais que tenham filhos ou filhas homossexuais devem buscar ajuda profissional para aprender a aceitá-los e auxiliá-los a se aceitarem e levarem uma vida normal e com todo o respeito que eles merecem.
Não, o homossexual não tem nenhuma vontade de mudar de sexo, ele apenas sente atração por alguém de seu próprio sexo.
O indivíduo que quer mudar de sexo ou se sente como se fosse de outro sexo é alguém com problemas na formação de sua identidade sexual ou com uma patologia genética e/ou hormonal bem definida.