Pediatria

Desenvolvimento

- Doutor, ele não deveria estar andando?
- Doutor, a filhinha do vizinho do amigo da empregada do meu primo que tem 3 meses a menos do que o meu é bem mais espertinha e já anda.
- Doutor, será que ele já vê em cores?
- Doutor, ele escuta a TV tão alto e grita tanto. Às vezes eu preciso gritar para que ele me escute e venha tomar banho. Será que ele escuta bem?

Dúvidas freqüentes e justas que ouvimos diariamente no consultório. Vale lembrar que cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento motor, físico e assim vai desenvolver suas habilidades em velocidade diferente de outras.
Mas é sempre bom que os pais se mantenham atentos e que indiquem ao Pediatra suas dúvidas sobre este e outros assuntos.

Alguns textos estavam no consultório aguardando o momento oportuno para serem entregues e outros me chegaram enquanto eu fazia o site. Estão aqui. Aproveite.

Mas não se acanhem. Se ainda houver mais dúvidas, fiquem à vontade e perguntem. É para isso que estamos aqui (e nos consultórios).

Na gestação

Filhos - A partir do 5º mês da gravidez, seu filho já escuta bem, especialmente a voz dos pais. Certas atividades da mamãe, bem como, alimentos e medicamentos que ela toma podem afetar o bebê.

Pais e filhos - Vocês podem conversar, cantar para o bebê. O papai pode participar desta atividade também (se ele se sentir à vontade para isso). Mamãe deve ter uma alimentação saudável, balanceada, pois é ela quem alimenta o bebê (pelo cordão umbilical). Cuidado com determinadas atividades físicas excessivas (consulte o obstetra para saber o que você pode e não pode fazer). Alegrias e tristezas podem ser transmitidas ao bebê. Assim, cuidado e relaxe.

Após o nascimento

Filhos - Nascer representa uma grande mudança. Muda o ambiente (do útero quentinho e boiando no líquido amniótico para o nosso mundo, sem qualquer apoio físico). Muda a respiração (no útero ela era feita pelo cordão umbilical e agora é necessário expulsar o líquido que está nos pulmões para que a respiração possa ser feita por eles). A placenta da mamãe deixa de funcionar e a circulação é toda comandada pelo coração e pelos vasos sanguíneos do bebê. Ao nascer, o bebê pode ter a pele mais azulada (cianose). Conforme o sangue circula com oxigênio, o corpo do bebê fica rosado. O bebê chora, se agita, fica cansado, se assusta e se acalma quando em contato com a mamãe e com o papai e ao ouvir suas vozes (já conhecidas da época da gravidez).

Pais e filhos - Atenção e carinho são os remédios para este momento. Quanto mais calmo for o parto, maiores as condições de um bom desenvolvimento. Se possível, amamentar o bebê logo após o parto vai ser uma experiência gratificante para todos. Ficar junto com papai e mamãe será uma grande estratégia para acalmar seu bebê.

1º mês de vida

Filhos - Pouca movimentação do bebê. Os braços e pernas ficam dobrados e as mãos sempre fechadas. O bebê dorme muito nesta fase. Se é colocado de bruços, tenta levantar a cabeça. Barulhos fortes, ruídos podem assustar facilmente o bebê e ele pode chorar e apresentar certo tipo de tremores e abrir os braços e esticar as pernas como reação (reflexo de Moro). Desde a maternidade, o bebê sabe sugar, embora em casa os horários possam ser irregulares. Nesse período, o bebê mama de dia e à noite. Ele urina de 5 a 6 vezes ao dia e pode evacuar a cada mamada, fezes líquidas, como passar até 3 dias sem evacuar (fezes pastosas). O bebê segura firme um dedo que os pais colocam em suas mãos. Ele “olha” para alguém (rosto) perto dele (15 a 30 cm) e segue com os olhos algo que se move à sua frente. Como a moleira ainda não se fechou, a cabeça, em seu topo, é mole. O umbigo cai por volta dos 10 a 20 dias de vida e pode sangrar e ter secreção até 10 dias após sua queda. Quando o bebê está bem, ou ele dorme ou ele está acordado, calmo. Quando algo não está bem, ele chora e cada choro é diferente do outro (fome, sede, calor, frio, sono, dor, etc.). A voz dos pais acalma o bebê.

Pais e filhos - Mudar de posição (bruços, costas, lado) pode agradar o bebê. Lugares calmos, arejados são adequados para o bebê dormir (sem travesseiros ou panos soltos, para que ele não se sufoque). O leite materno é tudo o que o bebê precisa. Quando suga os seios, os músculos do rosto, língua e garganta se desenvolvem e ajudam-no a comer (mais tarde) e a falar (um pouco mais tarde ainda). Colocar o bebê para arrotar, após a mamada, é uma necessidade. Peguem-no, firmando bem a cabeça e as costas do bebê. Esperem 2 minutos. Se ele não arrotar, deitem-no por 1 minuto e levantem-no por mais 2 minutos. Se, em 5 minutos ele não arrotar, deitem-no de lado ou de bruços. Quando tiver cólicas, massagens e aquecer a barriguinha e colocar o bebê de bruços são as primeiras providências a serem tomadas. Quando o bebê evacuar ou urinar, além da importância de limpar, secar bem evitará assaduras. O bebê gosta de banho, mesmo que ele chore no início. A água morninha o faz lembrar do útero materno. Aproveitem essa hora para ver se não há nada que chame a atenção em seu bebê (pezinho torto, secreção nos olhos, assaduras, feridas nas pernas, etc.). O umbigo deve ser cuidado após o banho, usando-se álcool 70º e secando-o bem. Se o bebê souber que vocês estão por perto quando ele precisar, ele se sentirá seguro e cuidado. Os colos da mamãe e do papai, desde que não o tempo todo e não em exagero, sempre são gostosos (para todos na família).

2º mês de vida

Filhos - Quando de bruços, o bebê já sustenta um pouco a cabecinha levantada. A essa altura, esticar mais os braços e abrir as mãos e sustentar a cabeça quando puxado pelos braços já são atitudes mais freqüentes. O seio continua sendo a única necessidade alimentar, agora já em horários mais regulares durante o dia (2 a 4 horas), quando já pode passar mais tempo acordado e em intervalos maiores à noite (4 a 6 horas). O bebê ainda não tem noção corporal própria. Ele pode puxar o cabelo dele e chorar de dor e não saber que é a mão dele, puxando os cabelos (poucos) dele que provoca essa dor. Se ele soubesse, ele parava de puxar, não é mesmo?

Pais e filhos - Mostrar um brinquedo ao bebê de bruços, mexendo-o devagar de um lado para outro, ajuda a fortalecer os músculos do pescoço para controlar melhor a cabeça. Brincar com o bebê fazendo “ginástica” (movimentos com os braços e as pernas do bebê) ajuda-o a se movimentar e a respirar. O banho é uma necessidade diária do bebê. A higiene após cada evacuação ou micção também. No menino, a limpeza do pênis é importante para ajudar a melhorar a fimose (a maioria dos meninos nasce assim). Na menina, lembrar de limpar sempre de frente para trás. Isso evita assaduras e outras doenças.

3º mês de vida

Filhos - O bebê já segue com os olhos as pessoas e os objetos colocados perto dele. A mamada já não é tão calma porque ele vira a cabeça na direção de qualquer ruído que escutar, tentando achar de onde ele vem. O bebê descobre as mãos, olha para elas e as põe na boca, começando a ter uma noção corporal. Ele já segura um objeto colocado em suas mãos e já o leva à boca. Assim, cuidado com objetos pequenos colocados ao alcance das mãos do bebê. Ele já tenta “conversar” (aggrrrr, grrrr). Se vocês sorrirem para ele, ele responderá com um sorriso. Xereta. Tudo o que acontece ao seu redor passa a interessá-lo.

Pais e filhos - O bebê já começa a “saber brincar”. Mostrar e agitar brinquedos ou coisas coloridas e de barulho (argolas, chocalhos, etc) para saber de onde vem o som e para que ele tente agarrar com uma mão e, a seguir, retirar e tentar fazê-lo pegar com a outra mão pode constituir um grande passatempo para a família. Todos se divertirão muito. Além disso, conversem com o bebê e chamem-no pelo nome. Sempre que puderem, conversem com ele (durante as mamadas, no banho, quando trocarem suas roupas, etc.). Sorriam para ele que vocês serão recompensados com um grande sorriso de reconhecimento, aprovação e amor. O sol, tomado em passeios diários (quando possível) até as 10 horas da manhã e após as 16 horas, é um fator importante no desenvolvimento. O bebê já percebe a diferença dos colos e das vozes do papai e da mamãe. E os 2 são importantes para ele.

Dos 4 aos 5 meses

Filhos - Quando de bruços, o bebê já sustenta a cabeça, se apoiando nos braços e nas mãos. Senta com apoio. Se ele está deitado, movimentando braços e pernas, já se vira de um lado para o outro. O tempo que o bebê passa a acordado durante o dia já é maior, mas dorme mais à noite. O bebê já estende as mãos para pegar brinquedos e para ser pego no colo. O alcance visual do bebê já é maior e mais duradouro. Algum dente pode começar a dar sinais de que vai aparecer. O bebê balbucia mais e apresenta a lalação (mamama, dadada, lalalala, papapa), sempre que alguém conversa com ele. Ele já gosta mais de gente do que de coisas.

Pais e filhos - Se vocês colocarem almofadas ao redor do bebê, será mais fácil para ele se apoiar e se sentar, por alguns instantes, antes de cair (cuidado e atenção). Sentado, o bebê olha mais ao redor e reconhece o ambiente e as pessoas de um modo diferente. O sol ajuda a formar a vitamina D, muito importante para o desenvolvimento dos ossos do bebê. Deixem ao alcance do bebê, quando ele estiver deitado de costas ou sentado, brinquedos macios para que ele possa agarrar e levá-los à boca (mordedores). A boca ainda é o centro do seu universo e, com os dentes aparecendo, ele tentará levar muita coisa à boca para “coçar” as gengivas. E isso inclui as mãos e os dedos. Brincar com o bebê na hora do banho requer paciência e muito boa vontade. Mas é muito divertido. O bebê, vocês e o ambiente ao redor “tomarão o banho” nessa hora. Imitar é outro bom divertimento. Imitem o bebê que ele irá imitá-los também, especialmente nos sons. Demonstrem alegria (palavras, expressões) quando perceberem que algo fez o bebê feliz. Não se preocupem se ele ficar nervoso ou chorar nesta fase. Além de ser a fase de erupção dentária, que incomoda grande parte dos bebês, ele está começando a aprender como expressar o que ele sente.

Dos 6 aos 8 meses

Filhos - O controle do corpo já é bem mais eficaz. Achar os pés e levá-los à boca, rolar de bruços para costas e de costas para bruços e sentar sem apoio são atividades possíveis nessa época. Se arrastar e engatinhar podem vir a seguir. O bebê pode se levantar sozinho, primeiro usando mãos e braços como apoio e daí, para se levantar sozinho e ficar de pé com apoio é uma questão de oportunidades. A curiosidade aumenta. O bebê já sabe pegar as coisas com 2 dedos (normalmente polegar e indicador), passá-las de uma mão para outra ou pegar dois brinquedos ao mesmo tempo, um em cada mão, ou soltar um brinquedo para pegar outro. Além disso, morder, atirar as coisas e bater as coisas passa a ser atividades mais comuns. Algumas sílabas podem ter seu início agora (mama, papa, gugu, etc-etc.). Essa é a idade de começar a estranhar pessoas que o bebê não conhece ou as que ele conhece, mas não vê há algum tempo. Imitar começa aqui (movimentos, ruídos, sons, etc.).

Pais e filhos - Para que o bebê se equilibre sentado, coloquem brinquedos de cores, tamanhos diferentes e que façam ruído ao redor dele, além de proteger com almofadas ao seu redor para que ele, se cair, não se machuque. Coloquem alguns objetos um pouco mais longe (à frente, aos lados) do bebê e assim ele tentará se arrastar ou até engatinhar para pegá-los, em várias direções.
Movimento. Esta é a palavra chave desta época. O bebê não gosta de ficar preso por muito tempo (berço, cadeirões, cadeirinha do carro, etc.). Nessa idade, se o bebê ganhar um brinquedo de presente, é mais provável que ele queira brincar com o papel ou com a caixa do que com o próprio brinquedo. A alimentação é mais variada e “experimentar” é a dica do momento. Muita água (colher ou copo) deve ser oferecida ao bebê que se movimenta. Jogar brinquedos no chão para que vocês os peguem para que ele os jogue novamente é um teste para ver quem tem mais paciência: com certeza o bebê.
Os sons diferentes são interessantes para o bebê (nem sempre para os pais) como de tambores, latas, colheres, talheres nos pratos, etc. A idéia de dentro e fora pode ser desenvolvida, embrulhando algo em papel e dando para o bebê desembrulhar e achar. Mostrem-se contentes com esta descoberta dele e … tenham muita paciência.
Lembrem-se: a repetição leva à perfeição. Além disso, o esconde-esconde ganha importância e interesse nessa fase (cobrir e descobrir o rosto, tirar o paninho do rosto). E, normalmente, tudo isso acontecerá com platéia (nas refeições, quando há visitas em casa, quando todos estão conversando), porque o bebê gosta de ver rostos, ouvir vozes diferentes, ver expresões diferentes e, assim, se sentir parte da família. Repetir sílabas é um outro joguinho legal. Papapa, dadada, mamama, gagaga. Quantas vezes vocês falarem, tantas vezes o bebê vai tentar repetir. Esse é o início da comunicação falada. Esta é uma boa hora para uma primeira consulta com um odontopediatra (orientação sobre higiene bucal e escovação).

Dos 9 aos 11 meses

Filhos - Engatinhar, ficar de pé com apoio e andar com apoio são os primeiros “passos” na direção da liberdade. Curiosidade + movimento = perigo. O bebê leva tudo à boca (cuidado com objetos pequenos, remédios ao alcance da criança) e morde, mastiga e engole. Sua força aumenta e ele atira os objetos cada vez mais longe e tem que “andar” mais para pegá-los de volta. E não há mais obstáculos nessa fase, na tentativa de reaver o objeto atirado (sobe e desce, entra e sai). Imitar é uma de suas diversões favoritas (palmas, tchau, beijos, não, 1 aninho, soprar velinhas, etc.). E imitando, o bebê já pode juntar 2 palavras (da forma dele) como mamã, dá – papá, ága). Se o bebê quiser, ele começa a obedecer alguns comandos simples como “dá” (se ele quiser dar), “vem aqui” (se ele estiver com vontade). A brincadeira se torna mais interessante se houver outras crianças por perto. Observar para aprender: esse é um bom caminho. E com que facilidade eles aprendem.

Pais e filhos - Os primeiros passos ficam mais fáceis com ajuda. O bebê adora passear segurando as mãos dos pais. Quando vocês se cansarem (ou se tiverem muita dor nas costas), facilitem o apoio para que o bebê ande (na cama, na mesa, na cadeira, nas suas pernas). Empurrar cadeiras ou banquinhos, apesar de barulhento, também é uma forma de apoio. Inicialmente com apoio, o bebê conseguirá se levantar, ficar de pé e andar para que, em pouco tempo, esteja fazendo tudo isso sozinho. Hora de descobrir mais coisas novas. Apertar botões (atenção ao que se acende e se apaga), abrir e fechar portas (cuidado com os dedos dele), movimentar objetos são algumas das atividades que podem ser feitas sob sua supervisão.
A hora do banho pode ser divertida. Deixem que o bebê fique um pouco sem roupa antes do banho. Ofereçam brinquedos para a hora do banho. Vestir o bebê pode ser um bom inicio para fazê-lo conhecer as partes do corpo. Peçam que ele os ajude a vesti-lo. Peçam para colocar uma mão, depois a outra, levantar um pé, depois o outro e vibrem de felicidade quando ele conseguir. A hora da refeição pode ser divertida (ou um tormento) dependendo de vocês. Comer sozinho é um desafio pelo qual todo bebê precisa passar. Comendo com as mãos (para “sentir” a comida) ou com a colher (tentando pegar os pedacinhos) enquanto vocês o alimentam de outro prato pode evitar que o bebê coma menos.
Tentar, tentar e tentar. Cada vez mais sozinho. Assim é que ele aprende. Brinquedos de encaixe, achar um brinquedo escondido, colocar os brinquedos sempre no mesmo lugar são parte de um aprendizado que vocês podem ter, junto com o bebê. Se não existe algo mais calmo? Lógico que sim. Se vocês sentarem em frente ao bebê e rolarem uma bola para eles, ele a rolará de volta para vocês. Cantar fazendo gestos que acompanhem a música (palmas, balançar a cabeça) fará o bebê imitá-los e aprender. É um bom momento para começar a tentar contar histórias curtas, mostrar figuras (revistas, fotos). Hora de aprender como se chamam os animais e o som que eles fazem (o cachorrinho faz au-au).
Educar é fundamental. Sejam coerentes e mantenham sempre a mesma atitude. Assim, o seu filho aprenderá o que ele pode e o que não pode fazer. Demonstrem alegria quando ele faz o combinado e, sem violência, com palavras e gestos, mostrem desaprovação e orientem-no quando ele faz algo que não deve. Mas não deixem passar em branco, sem a orientação, senão ele não aprenderá e repetirá a ação inadequada. Eles buscam os limites para entender o que podem ou não fazer. Ajudem-nos.

Parabéns!!!! Vocês chegaram até este 1º aninho. E agora?

Filhos - Seu filho já anda sozinho, mexe em tudo, sobe e desce sozinho de cadeiras, camas e sofás e, com ajuda, de escadas. Curiosidade cada vez maior. Explorar tudo, no menor tempo possível. Encaixar e desencaixar, empilhar e derrubar, conhecendo novas cores, formas, tamanhos, pesos, cheiros, gostos. Seu filho já controla melhor as mãos (e gesticula mais) e o corpo (mostrando com gestos suas partes) e já pode mostrar tendências a lateralidade (destro ou canhoto). Come sozinho, usando a colher, 4 a 5 refeições ao dia e já começa a mostrar que quer ir ao banheiro. Ele entende muito do que se fala para ele, mesmo que não fale tanto assim. Ele já fica um tempo um pouco maior ouvindo histórias.
Apesar de ainda ser inseguro sozinho, ele já começa a enfrentar situações que antes o amedrontavam (barulhos, animais, pessoas estranhas, palhaços). Quanto aos animais, ele já se aproxima e até mexe em alguns e já imita seus sons. Mas ainda se sente mais seguro perto de quem cuida dele e, quando precisa, pede sua ajuda. Pede algumas coisas e começa a resistir a outras (inclusive a ordens simples). A música já faz parte de seus interesses.

Pais e filhos - É uma boa hora para que vocês o ajudem a caminhar sozinho. Fiquem perto dele (ele já está se equilibrando, mas ainda cai muito) e peçam para ele andar de um para o outro (2 ou 3 passinhos, pra começar já está bom demais). Apresentem sua casa para seu filho (o quarto onde ele dorme, o banheiro onde ele faz xixi e toma banho), e ele começará a se localizar no mundo em que vive. Estejam por perto sempre, mas permitam que ele suba e desça dos lugares (coloquem um brinquedo sobre o sofá para que ele o pegue).
Brinquedos devem ser variados em cores, tamanhos, texturas, sons, formas para que seu filho aprenda a reconhecê-las. Não pensem que ele é um destruidor inconformado. Ele tentará encaixar um brinquedo no outro, empilhá-los e, a seguir, derrubar essa pilha. Isso não demonstra, necessariamente, raiva. Brinquem com ele e mostrem alegria e não preocupação. Esta é uma das formas que as crianças utilizam para perceber que podem modificar o ambiente (abrir e fechar portas, esvaziar armários e gavetas, juntar e separar coisas, acender e apagar a luz, sempre cuidando para que não haja acidentes como choques, quedas, dedos prensados, etc.).
Sons e cores são estímulos legais (lápis de cor e papel, brinquedos amarrados para jogar e andar puxando). Água e areia limpas podem ser grandes brinquedos. Alimentação sempre deve ser bem variada, com introdução de alimentos novos, cores, gostos, temperaturas diferentes. Se o seu filho não quiser algo agora, insista, sem forçar, em outro momento. As crianças levam certo tempo, às vezes, para se acostumarem com as novidades. A hora da refeição deve ser agradável para todos. No banho, mostrem a ele que há coisas que bóiam e outras que afundam.
Depois do banho, deixem-no ajudar a cuidar de si. Ele ajuda a se enxugar, e a se vestir (lembre-se que tirar a calça e o sapato é mais fácil do que colocar). Nunca se esqueçam de conversar com seu filho sobre tudo o que estiverem fazendo junto com ele, explicando e mostrando, passo a passo, o como e o porquê de tudo. Mas falem em palavras simples, de forma correta e mesmo que ele repita na forma errada (como ele conseguir), demonstrem alegria, mas corrijam-no.
Esconde-esconde é outra brincadeira que eles gostam muito. Escondam-se, chamem-no várias vezes pelo nome e fiquem felizes quando ele os encontrar. Associar as palavras às coisas e aos sons é outro ótimo passatempo. Música e ritmo. Se vocês colocarem uma música para tocar, ele mexerá o corpo, tentando acompanhar o ritmo. Dançar também é um bom exercício desde esta idade. Cante as músicas já tradicionais (Rebola-bola, ciranda-cirandinha, se essa rua fosse minha, o sapo não lava o pé e outras), mas invente as suas letras, com situações próximas e mais conhecidas para ele.
Tentem falar poucos NÃOS, mas se o fizerem, façam com firmeza. É melhor explicarem ao seu filho o que ele pode e deve fazer no lugar do que não fazer. Fazer o contrário do que vocês esperam é uma forma de mostrar que ele pode ser independente, mas também é uma maneira de chamar atenção.

Entre 1 ano e meio e 2 anos

Filhos – Andar, subir, descer (em tudo), pular com os dois pés (apoiado pelos adultos), começo de controle esfincteriano (xixi e cocô) são os fatores marcantes desta nova fase. Empilhar (mais de 3 objetos), encaixar e desencaixar já é mais fácil nesse momento. A relação causa-efeito já começa a ser algo perceptível para seu filho. Comer 4 a 5 refeições ao dia já levando a colher à boca é um dos sinais do seu “amadurecimento”. Os movimentos manuais mais finos (rosca, segurar lápis, por exemplo) são opostos aos seus desenhos (sem intenção de construir nada, apenas movimentar o lápis e criar os rabiscos – causa-efeito). Palavras novas são acrescentadas ao vocabulário, associando duas ou até três delas, com sentido. Seu filho começa a ter ciúmes (brinquedos e pessoas) e demonstra possessividade. Apesar de nem sempre aceitar, ele já entende proibições simples.

Pais e filhos – Sol e caminhada podem ajudar seu filho a crescer mais sadio. Andar descalço na terra, na grama, na areia limpas desenvolvem o arco dos pés (evitando os pés chatos) e aumentam a sensibilidade de frio e quente, áspero e liso, seco e molhado. Imitar é uma arte que os filhos já dominam (sons, ritmos, dançar, marchar, trenzinho, roda). Pega-pega, estimulando seu filho a correr, pular de cadeiras (sempre com apoio dos adultos), escadas são bons exercícios.
Cuidado com acidentes domésticos (lembra ? movimento + curiosidade = perigo). Local a ser evitado ? A cozinha (fogão, facas, tesouras, venenos). Cuidado com cadeiras ou escadas (que ele já empurra) perto de janelas (proteja as janelas – grades, redes, etc). Não encham o seu filho com muitos brinquedos ao mesmo tempo. É melhor oferecer um de cada vez e observar o seu interesse.
Ele já sabe comer sozinho mas estejam por perto para ajudá-lo porque ele ainda precisa muito (apesar de nem sempre demonstrar). O banho pode se tornar uma atitude mais independente. Mesmo assim, estejam por perto para conferir e corrigir (e até ensinar).
Cuidado (se vocês não quiserem) para que as paredes não se transformem em grandes telas de arte às custas de lápis de cor, de cera, giz, dedos com tintas, massinha, areia. Cuidem das paredes e de seus filhos que vão querer “experimentar” o gosto desta meleca toda. Vocês sabiam que papéis servem para amassar, rasgar, picar e fazer barulho ? Pois é. Mas outras crianças passam a ser mais companheiras e mais agradáveis para brincar, às vezes mais do que os pais. Não se desesperem. Apesar disso, seu filho gosta de se sentir útil, indo buscar os sapatos, a bolsa, o telefone que vocês pedirem para ele.
As partes do corpo já podem ser reconhecidas nele, em outras pessoas, em bonecos, em animais. Dentro e fora, em cima e embaixo são conceitos úteis e que podem sempre ser estimulados com brinquedos (carrinho dentro da caixa, bola embaixo da cama), lugares (fora da casa, dentro do quarto). Atividades conjuntas são muito importantes nessa fase. Contar histórias, mostrando figuras e pedindo a participação de seu filho, cantar músicas baseadas nessas histórias, com rimas.
As crises de ciúmes, que se tornam mais freqüentes, precisam ser entendidas mas, nem sempre aceitas, especialmente se envolverem violência. Conversem muito a respeito e expliquem ao seu filho que há espaço e tempo para cada coisa, para cada pessoa e isso deve ser entendido e respeitado por todos. É necessário estabelecer limites e orientá-lo a respeito deles, sem violência, mas com firmeza. Estimulem seu filho a colocar as coisas em seu devido lugar (roupa usada no local de roupas sujas, brinquedos usados no lugar certo).
Ordem e arrumação não fazem mal a ninguém. Dêem exemplos, mostrando o que pode ou não pode ser feito (se quiser que eu guarde, ajude-me; se não quer que eu grite com você, fale baixo comigo). Brincar é uma palavra de significado muito amplo para seu filho. Verifiquem o que ele quer fazer. Subir e descer da cama, rolar na grama, dançar, imitar os animais em suas formas de andar, emitir sons, empurrar as coisas, chutar uma bola, andar sobre linhas retas ou círculos (desenvolvem o equilíbrio).

Passando pelos 2 anos e chegando aos 2 anos e meio

Filhos – Seu filho aperfeiçoa hábitos e capacidades adquiridas até agora. Ele sabe comer sozinho (todos os dentes de leite já podem estar presentes), empilha 4 a 6 objetos, já tem um sentido em seu rabisco (de cima para baixo ou de uma lado para o outro). A percepção das formas, sons, cheiros, gostos está mais aguçada. Ele já reconhece as partes do corpo. Vocês podem até não acreditar, mas ele já pensa um pouco antes de fazer alguma coisa. Já conhece a si e a outras pessoas pelo nome (pais, irmãos, avós, tios, amiguinhos). Ele sabe que as coisas também têm nome, assim como os animais, brinquedos e tudo o que ele vê com freqüência. E ele já diz pequenas frases compreensíveis (sendo que alguns, mais tagarelas, já conversam). Já é hora de pensar em colocá-lo na escolinha porque ele gosta muito de brincar com outras crianças. Isso o ajudará no controle da sua vontade própria (diz muitos nãos, não domina as emoções, gritando e batendo quando está com raiva e rindo logo a seguir com muita facilidade). As crianças aprendem umas com as outras (tanto as boas atitudes como as não tão recomendáveis assim).

Pais e filhos – Mais empilhar e menos encaixar (que já não tem tanta graça). Ajudem-no a conhecer alguns conceitos (em cima/embaixo, maior/menor). Qualquer coisa serve como brinquedo (bonecas de pano, carrinhos de lata, aviõezinhos e barquinhos de papel). Ele já come de tudo, desde que não o forcem quando ele não sentir vontade. Mas é necessária uma rotina. Hora para comer, escovar os dentes após cada refeição, especialmente após a última, antes de deitar, hora do banho, etc. Ele já não leva tudo à boca e usa os outros sentidos para descobrir o mundo (tato, visão, audição).
Ensinem os nomes das coisas, das pessoas e estimulem-no perguntando: O que é isso? Como se chama esse bicho? Mostrem, em desenhos ou até em fotos, algumas coisas e digam para que serve (copo para beber, carrinho azul, vaquinha que dá leite, cobra perigosa, que tem veneno). Depois, ensinem o lugar de cada coisa para que ele os ajude a guardar. Mostrem a ele o que ele pode fazer. Se ele tentar fazer algo que não pode, que é perigoso, experimentem dizer o que ele deveria e poderia fazer. Ajudem-no a entender e a expressar emoções. Mostrem (e até façam) caras alegres em situações felizes, tristes em momentos de tristeza, medo e assim por diante.
Brincar com outras crianças é bom para socialização de seu filho e para que ele aprenda a se “desgrudar” de vocês. Esse é um bom momento de pensar em alguma escolinha para colocá-lo, pelo menos um meio-período. Os avós são importantes em todas fases. Eles fazem carinhos diferentes e contam historinhas diferentes.

Chegando aos 3 anos

Filhos – Os movimentos de seu filho estão mais aperfeiçoados. Ele sobe e desce escadas sozinho, anda na ponta dos pés, tropeça menos, pula sobre coisas pequenas, sabe brincar com a bola (segurando e chutando). Independência é o seu nome. Se veste e se calça sozinho (mesmo que errado), reconhece as cores principais (azul, vermelho, amarelo e verde). A compreensão se desenvolve – dia, noite, o tempo, chuva, frio, calor. Seu filho está aprendendo a notar melhor as diferenças entre as coisas e a conseqüência de seus atos. A conversa se torna mais fluente. Seu filho entende e responde as perguntas simples. As frases se tornam maiores. Exemplo? O meu papai está em casa; a mamãe pegou a bola.
Ele consegue se concentrar e manter atenção por uns 5 minutos. Nas fotos, seu filho já reconhece a família e os amigos mais próximos. Ele demosntra auto-suficiência resistindo aos limites, participando de brincadeiras com outras crianças, instabilidade no humor, passando da birra à obediência em uma fração de segundos.

Pais e filhos – Saltar, andar na ponta dos pés, jogar bola, correr são atividades que fortalecem a musculatura de seus filhos. Movimento e ritmo, seguindo músicas, andando sobre linhas retas, brincando de roda, cantando músicas pequenas são diversão garantida. Sempre que andarem com seu filho na rua, expliquem os perigos de andar sozinho e dêem as mãos para que ele ande com vocês. Vocês podem se valer das questões de segurança para ensiná-lo a respeitar limites e regras. Vocês podem se surpreender ao desenharem com ele e verificar que as formas começam a aparecer.
Pinico – esse ser desconhecido. Já é hora de iniciar o treinamento (com paciência). Cada criança tem seu ritmo para entender e aceitar esta fase. Nesta época, seu filho começa a avisar que está com vontade de fazer xixi ou cocô, mas, às vezes, não dá tempo e sai nas roupas. Na maioria das vezes, isso é uma fase de aprendizado e não acontece de propósito. Aprendam a diferenciar e não o punam sempre que isso acontecer.
Elogiem e incentivem. Ajudem-no a conhecer as outras cores. Os pequenos quebra-cabeças (2 a 4 partes) de coisas conhecidas (animais, brinquedos) são um excelente desafio à atenção e concentração de seu filho. Ele já está apto a reconhecer seqüências temporais. Estimulem-no brincando de adivinhações, por exemplo. Robertinho acordou e agora vai …. (escovar os dentes). Depois que escovar os dentes ele vai … (tomar café). Agora está sol lá fora então é … (de dia). Quando o sol for dormir e a lua aparecer então vai ser … (de noite). Vocês podem planejar juntos as atividades do dia, ajudando-o a desenvolver os conceitos de tempo (agora vamos almoçar, depois vamos escovar os dentes e aí vamos sair para passear).
A natureza assume um papel importante na vida de seu filho. Expliquem a ele sobre a chuva e ajudem-no a experienciar essa sensação (sentir os pingos da chuva na mão, saber que a chuva vem das nuvens, do céu e que formam as águas dos rios e dos mares e quando o sol, que clareia e aquece o dia, faz essa água toda evaporar e virar gotinhas …. até cair em chuva novamente).
Respondam apenas o que ele perguntar. Se vocês ficaram em dúvida sobre o que ele quer saber exatamente, perguntem a ele. Prestem atenção em seu filho. Coloquem-se, às vezes, em seu lugar e tentem entender porque ele fez algo ou como ele entendeu tão diferente aquilo que era tão claro a vocês. Vocês podem se divertir muito, juntos, por exemplo, encenando peças, dando asas à imaginação de seu filho que pode mostrar, através desta atividade, o que acontece dentro dele, como ele vê o mundo.
Quando vocês quiserem que ele faça algo, avisem-no com um pouco de antecedência. Interrompê-lo enquanto ele está “ocupado” pode ser um problema de difícil controle. Passeios mostrando cuidados e respeito com a natureza (plantas, animais) podem ser úteis ao desenvolvimento de seu filho como cidadão. Ele aprende muito com o exemplo de vocês. Aprende, também, quando vocês o ajudam se ele pede, bem como quando vocês permitem e estimulam que ele faça alguma coisa que ele é capaz de fazer sozinho. Assim, vocês o fazem perceber certas regras da vida em sociedade, como a conquista de autonomia de pensamentos a atos próprios.
Nós sabemos o quanto nossos filhos são importantes para nós. Façam com que eles saibam disso e se sintam assim, importantes. Ouçam o que ele tem a dizer, respondam o que ele perguntar, estejam perto dele, quando ele precisar e deixem-no sozinho quando assim for necessário.

Atraso de desenvolvimento (DNPM)

Durante as consultas, os pais sempre se preocupam com o desempenho de seus filhos.

- Será que já não era hora de ele andar?
- O irmão dela falou com 11 meses. Ela tem 1 ano e ainda não fala. Isso é normal?
- Ele não engatinhou e já está querendo andar. Não vai fazer falta?

Não há uma idade certa e exata para que cada criança comece a fazer determinada atividade. O desenvolvimento neuro-psico-motor (DNPM) de cada criança depende de vários fatores (estímulos, condições de gestação e parto, tendências familiares e hereditariedade, postura da família, etc).

Pra que é que uma criança vai falar e andar, se ela consegue entender, se todos da família ao seu redor a entendem, fazem o que ela quer e trazem para ela qualquer coisa que ela pareça pedir ?

O quadro abaixo apresenta as idades que consideramos limite para se iniciar a investigação de atraso no DNPM.

IDADEEVENTO

8 semanas

Sorrir em resposta

3 meses

Bom contato ocular

5 meses

Alcançar objetos

10 meses

Sentar sem apoio

18 meses

Andar sem apoio

18 meses

Dizer palavras isoladas com significado

30 meses

Falar frases


Normalmente, se existe algum problema, há mais de um ítem nesta lista que se encontrará defasado. Assim a pesquisa começa tanto por avaliações de especialistas (Ortopedista, Otorrino, Neuropediatra e outros) como, eventualmente, por exames (laboratoriais, genéticos, etc) de avaliação de doenças metabólicas, síndromes genéticas e outras possibilidades.

Como observar se o seu filho está ouvindo bem

Até 3 meses:
Acorda ou assusta com barulhos intensos (batida de porta, gritos, etc.), acalmando-se com a voz da mãe.

De 3 a 6 meses:
Presta atenção em pequenos barulhos, procura ou localiza a origem do som.

De 6 meses a 1 ano:
Localiza a fonte sonora, balbucia alguns sons (“baba”, “dada”, “ gugu”).

De 1 a 2 anos:
Compreende ordens (“dá tchau”, “não”, “pega a bola”). Fala algumas palavras ou frases simples.

De 2 a 4 anos:
Evolui a fala aumentando o vocabulário e a complexidade das frases. Assiste TV em volume normal.

Após os 4 anos:
Fala corretamente, sem trocar letras e interessa-se pela escola.

A criança que parecer muito distraída pode estar ouvindo mal.

Como evolui a visão de seu bebê

1º mês 
O bebê praticamente não distingue cores e percebe pouco os contrastes. Mêsmo de alguém muito próximo, só vê o vulto. Sua percepção depende bastante dos contrastes. A proximidade do bebê e a claridade do ambiente facilitam bastante sua percepção. As lágrimas só aparecem a partir da 3ª semana de vida, quando as glândulas lacrimais já amadureceram.

2º mês 
Embora continue vendo apenas vultos, o bebê distingue melhor contornos e cores. Também associa visão e ruídos. Por isso, um chocalho lhe desperta a atenção. O ideal é apostar em brinquedos de cores altamente contrastantes (vermelho e branco, preto e branco). O contato com a luz também é importante. É que, ao chegar à retina, a luz ativa a camada de células fotorreceptoras, das quais se originam as ondas elétricas que chegam ao cérebro onde são transformadas em imagens ou sensações visuais. Então, nada de deixar o bebê o dia inteiro na penumbra. Mas também não o exponha a luminosidades intensas, que ofuscam sua vista. A claridade natural do ambiente já é o suficiente para proporcionar o estímulo necessário.

3º mês 
Há um progresso notável. Seu bebê já distingue melhor as cores, tem uma capacidade de focalização maior e até já consegue estabelecer um contato olho a olho com a mamãe. Por uns poucos instantes, é capaz até mêsmo de seguir com o olhar um objeto em movimento.

4º mês
A partir desta idade, os olhos da criança já estão alinhados – é quando acaba a descoordenação motora dos olhos, responsável por períodos de estrabismo no bebê. Esse alinhamento é o que permite enxergar imagens com tridimensionalidade. Mas, só por volta do segundo ano, a capacidade de captar imagens em 3 dimensões atinge a plenitude. Com uma boa percepção de cores, a criança já demonstra interesse por objetos de tons fortes, como o vermelho, amarelo e azul.

6º mês
A evolução é notável. O bebê já dispõe de uma visão praticamente igual à do adulto. Percebe todas as cores, nuanças e contrastes, vê com profundidade, mas ainda lhe falta focalizar melhor. Por isso, nem sempre a imagem tem, boa nitidez. A partir de agora, a estimulação depende de oferecer brinquedos com diferentes formatos e cores. É esperado que o bebê tente alcançar com as mãos objetos que estejam em seu campo visual.

8º mês
É quando a cor dos olhos do bebê finalmente se define. Até esta idade, as células de pigmentação da íris tendem a escurecer. E nos primeiros dias de vida, os olhos do bebê costumam “puxar” para um tom de cinza ou azulado.

1 ano
A visão do bebê já lhe garante praticamente a mêsma percepção do adulto, mas ainda falta a nitidez nas imagens. Chamada de acuidade visual, a capacidade de ver detalhes, como objetos menores ao longe, só é plenamente alcançada entre 5 e 6 anos. Este é o período necessário para a plena maturação das células visuais e da parte do cérebro responsável por receber e processar as imagens. Por isso, nem sempre seu filho é capaz de ver cenas que você mostra.

Evolução da visão

Com 1 mês e meio
1. Carregado nos braços pelo pai (mãe), o bebê fita a face do adulto (a 30cm). Acompanha com os olhos o movimento da cabeça dos pais.
2. Sentado no colo, o bebê segue os movimentos de um objeto colorido (a 30cm).

Aos 3 meses
1. O bebê acompanha um objeto movendo em semi circulo.
2. O bebê observa um objeto situado mais longe e tenta ancançá-lo.
3. Começa olhar as mãozinhas e posteriormente brinca com elas afastando e aproximando-as.

Aos 4 meses
1. O bebê já e atraído pela tela da televisão mais distante ou olha além da janela.
2. O bebê pega ou bate em objetos próximos.
3. Acompanha atividades próximas.

Aos 6 meses
1. Interesse por novas formas e cores.
2. Interesse pelo espelho.

Com 1 ano
1. Acha objetos escondidos.
2. Olha para a figura correta quando ela é indicada pelo nome.

Com 4 anos
Teste de visão de Snellen – Quadros dos E (A partir dos 7 anos, pode ser o Quadro de letras).
Repetir a cada 6 meses (máximo 1 ano), feito pelo pediatra – até os 9 anos ou a qualquer momento que surja dúvida sobre a acuidade visual.

Sinais de alerta
Avise o pediatra e peça exame oftalmológico, se:
1. Olhos desviados ou cruzados.
2. Um olho menor que o outro.
3. Pupila (meninas dos olhos) de tamanho, forma ou cor desigual.
4. “Olhos que dançam” ou tremem.
5. Cabeça inclinada em posição anormal.
6. Segurar os objetos muito próximos (dificuldade de enxergar).
7. Sensibilidade à luz.
8. Lacrimejamento excessivo.
9. Contínuo esfregar dos olhos.
10. Reflexo branco no centro da pupila.
11. Pálpebra caída (um ou dois lados).
12. Olhos irritados.
13. Terçol com frequência.
14. Franze os olhos para enxergar.
15. Fecha um dos olhos para olhar.

Atenção para estas queixas da criança: 
1. Não enxerga bem ou visão borrada.
2. Dor de cabeça ou cansaço à leitura.
3. Visão dupla.
4. Coceira ou sensação de corpo estranho.
5. Não enxerga o quadro negro.

Coloboma da íris
Íris (“menina dos olhos”) deformada (= não redonda).
A alteração da forma (tipo entalhe) ocorre na porção inferior da íris e pode indicar lesões graves do nervo óptico e da retina.

-Jayme Murahovschi – Prof Titular de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas de Santos
-Mauro Plut – Oftalmologista Pdiátrico (Escola Paulista de Medicina UNICESP e Hospital Albert Einstein).
-Apoio – Departamento de Pediatria AMBULATORIAL DA Sociedade Brasileira de Pediatria

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