- Doutor, ele não está baixinho?
- Doutor, a filhinha do vizinho do amigo da empregada do meu primo que tem 3 meses a menos do que o meu é bem mais gordinha do que a minha.
- Doutor, o meu bebê fez 3 meses. Já dá pra saber se ele vai ser alto, se ele vai chegar na altura do pai ou vai ficar perto da minha?
- Doutor, sabe aquele gráfico de peso e altura? O senhor não faz? Eu vi no do filho da minha prime e todos ficamos muito preocupados. Ele está na faixa de percentil 25. Isso não é pouco?
Essas são mais questões que aparecem com certa frequência em nosso dia-a-dia, tanto nas consultas, como por e-mails.
Essa semana mesmo (12/09/2013), assiti a uma aula em mais um dos cursos que eu faço (do Dr. Cláudio Leone) e o tema foi:Crescimento.
Aula interessante, importante e acho que há alguns dados e informações que vale a pena divulgar.
Esses são dois conceitos parecidos, que andam juntos, quando se fala em um se pensa no outro, mas assim como numa dupla sertaneja, são partes diferentes de um todo que se completam (que comparação tosca... mas acho que deu pra entender e isso é o que importa, né? Rsrs).
O Crescimento representa o aumento da quantidade de células e o aumento do tamanho delas. Isso vai ser demonstrado através da evolução de peso e de estatura.
O Desenvolvimento representa o progresso (ou não) de funções, de capacidades que a criança adquire (ou não) com o passar do tempo (deitar, sentar, rolar, engatinhar e andar, por exemplo).
Se fôssemos comparar com informática (afinal estamos no século XXI e não deve existir nenhuma família que não tenha pelo menos um computador em casa ou alguém "que saiba tudo" sobre esse tipo de equipamentos) fica mais ou menos assim:
O Crescimento representa o hardware. O Desenvolvimento representa o software.
Ahhhh... agora ficou mais fácil. Por que não falou isso antes?
E como eu sei que o crescimento está adequado? Pesando e medindo as crianças em todas as consultas, pegando os dados e fazendo o acompanhamento da evolução.
Sei... hummm....
- "Então, quer dizer, que o pediatra pega esses dados (peso, estatura, perímetro do crânio, IMC) e coloca em um gráfico e aí compara, não é assim?"
Isso mesmo. A questão é que a interpretação desses gráficos não é tão simples e as conclusões, na maioria das vezes, é inadequada.
Acompanhem-me na próxima explicação.
A partir de 2006, a Organização Mundial de Saúde optou por uma mudança nas tabelas de acompanhamento. Para isso, fez-se um estudo multicêntrico em vários continentes e acompanharam as medidas de peso e estatura entre 1997 e 2003, em crianças de 0 a 5 anos, com a participação de aproximadamente 8.500 crianças do Brasil, Estados Unidos, Gana, Índia, Noruega e Oman.
Como atualmente se valoriza de forma justa o aleitamento materno como o padrão-ouro de alimentação (na época exclusivo até 4 meses), para que a criança fosse inclúída e mantida no estudo ela deveria:
- Ter feito AME (Aleitamento Materno Exclusivo) até 4 meses.
- Ter feito AM (Aleitamento Materno) até pelo menos 1 ano de idade.
E, a partir desse estudo, foram criadas tabelas comparativas em percentil e em z-score, para meninos e meninas, relacionando peso, estatura, IMC, perímetro cefálico e outras medidas por idade em dois grupos (0 a 5 anos e 5 a 19 anos).
Qualquer tabela anterior a 2.006 era baseada em estudos de crianças dos Estados Unidos (aqui no Brasil usou-se por muito tempo uma tabela feita em Santo André), sem necessidade de AM por tempo determinado. Com essa mudança, para se ter uma ideia, o peso médio de uma criança de um ano de idade caiu de 10 para 9 kg (10%). É muito, né?
Essa é uma das principais questões e eu queria esclarecer de uma vez por todas como é feita a análise dos dados para que as mães, as avós e, atualmente, até os pais não fiquem preocupados com o que se vê no gráfico.
São duas formas de avaliar: Percentil e z-score.
Percentil
Vem de por cento. Isso é só uma forma de medida no gráfico.
Ela significa qual a porcentagem de crianças que está abaixo ou acima da medida.
Explicando:
O percentil médio é de 50%.
Isso que dizer que uma criança está na média do peso, por exemplo?
NÃO. NÃO. NÃO.
Um valor isolado não nos permite tirar conclusões.
Isso só quer dizer que 50% das crianças saudáveis estão abaixo desa medida.
Assim, quando se avalia um gráfico em percentis, o que importa de fato é a evolução. É no decorrer das consultas, com o acompanhamento das medidas, se a criança se mantiver na mesma evolução, ou seja, estar no percentil 25% sempre ou no percentil 50% sempre tem o mesmo valor.
Isso significa que essa criança está evoluindo bem.
Classificar uma criança como gorda ou magra, baixa ou alta, por apenas uma medida é um engano comum, que serve mais para assustar do que para orientar.
O que vai chamar a atenção do pediatra é uma subida grande ou uma queda importante nessa evolução (desnutrição ou obesidade, por exemplo).
Z-score
A outra forma que aparece nos gráficos novos, e é a que é mais usada do ponto de vista estatístico atualmnte é o z-score.
Para esse cálculo, é necessário se conhecer uma média.
O z-score vai determinar e dizer quanto uma criança está se afastando da média para menos (-1, -2, 3-) ou para mais (+1, +2, +3).
Isso vale para peso, estattura, IMC, perímetro cefálico e outros dados de medidas.
Assim, o pediatra sabe, a partir de um cálculo sobre a média daquele parâmetro (peso, por exemplo), se aquela criança está acima ou abaixo da média.
Isso quer dizer que ela está bem ou mal em seu peso?
Pode ser que sim, mas pode ser que não.
Continuamos valorizando mais a evolução do que o valor isolado.
Vamos ser um pouco mais práticos. Massssss....
ATENÇÃO: Vamos falar em médias.
Lembro que cada caso é um caso e deve ser avaliado individualmente, ao vivo e em cores.
Normalmente, meninos nascem mais pesados e mais compridos e ganham mais peso e estatura do que meninas.
PESO
A criança nasce em média por volta de 3 kg.
Perde cerca de 10% do seu peso (300 gramas) e volta ao peso de nascido entre 7 e 10 dias.
Ganha, em média:
700 gramas/mês no primeiro trimestre.
600 gramas/mês no primeiro trimestre.
500 gramas/mês no primeiro trimestre.
400 gramas/mês no primeiro trimestre.
Assim, em média, a criança dobra de peso aos 6 meses e triplica com um ano.
Depois, a evolução de peso cai muito:
Em média, 2,5 a 3,5 kg por ano até a fase escolar (cerca de 250 a 300 gramas por mês).
ESTATURA
A criança nasce em média por volta de 50 cm
Ganha, em média:
15 cm (ao total) no primeiro semestre.
10 cm (ao total) no segundo semestre.
Assim, em média, a criança ganha 25 cm no primeiro ano de vida (50% do seu comprimento de nascimento).
Depois, a evolução de estatura cai muito:
10 a 12 cm no 2º ano de vida (cerca de 1 cm por mês).
6 a 8 cm no 3º ano de vida (cerca de 0,75 cm por mês).
5 a 7 cm no 4º ano de vida (cerca de 0,5 cm por mês).
4 a 6 cm por ano (menos de 0,5 cm por mês) do 5º ano até a adolescência (quando vem o estirão).
Então se você quiser acompanhar os dados de evolução de seus filhos, em uma tabela, lembrando sempre os cuidados nesses critérios, eu te comnvido a se cadastrar aqui e fazer seu próprio "acompanhamento numérico". Digo numérico porque a avaliação desses dados é menos intuitiva do que parece e só mesmo o profissional de saúde que faz o acompanhamento de seu filho poderá identificar, de forma mais apurada, se existe algum problema ou desvio.
Então, vale lembar oq eu está no rodapé da Homepage do meu site e, com certeza, a maioria de vocês não leu... rsrsrsr
As informações contidas em nossa homepage têm caráter informativo e educacional. O seu conteúdo não deve ser utilizado para autodiagnóstico, autotratamento e automedicação. Em caso de dúvida, o profissional médico deverá ser consultado.
Fala sério!!!!
Você nem sabia que isso estava escrito lá né????
Tá bom. Eu imaginava. Mas agora eu lembrei tá?
Não tem mais desculpas.
Vamos fazer o seguinte.
Abaixo, por enquanto, vou disponibilizar os gráficos para que vocês possam acompanhar, conhecer ou imprimir, se quiserem usar.
Serão so gráficos de peso, estatura e IMC separados por sexo (masculino / feminino), por duas faixas etárias (0 a 5 anos e 5 a 19 anos).
ATENÇÃO: Nos gráficos de peso (masculino / feminino) de 5 a 19 anos, os dados apontam apenas para idades de 5 a 10 anos. Não é um erro dos título. É assim mesmo que está nos dados das tabelas da OMS. Quem quiser pode conferir diretamente no link da OMS.
0 a 5 anos
5 a 19 anos