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Conjuntivite - Diagnóstico

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As conjuntivites podem ser de causas diversas e que podem variar em gravidade - desde uma leve vermelhidão, benigna, até quadros graves que podem colocar em risco a função visual. As causas das conjuntivites são basicamente bacterianas e virais (infecciosas) e alérgicas (não infecciosas). Outras causas, como as tóxicas e autoimunes (não infecciosas), não serão consideradas no momento.  

* bacterianas - caracterizadas por hiperemia conjuntival (vermelhidão), secreção purulenta ou mucopurulenta, visão turva que melhora com o piscar, sensação de corpo estranho, areia ou ardor, mas sem dor, hipertrofia ganglionar pré-auricular e eventualmente pseudomembrana, cura espontânea (exceto Neisseria gonorrhoeae e meningitidis). Não é obrigatória a presença de todas as características, sendo que outros sintomas, não relacionados podem estar presentes. As conjuntivites bacterianas são principalmente causadas por: Staphylococcus epidermidis, Streptococcus pyogenes e Streptococcus pneumoniae; Neisseria meningitidis e Moraxella lacunata; gênero Haemophilus e espécie Enterobacteriaceae; Neisseria gonorrhoeae). A N gonorrhoeae, a Chlamydia trachomatis e outras bactérias (principalmente Staphylococcus sp e Streptococcus pneumoniae) causam a conjuntivite neonatal.

* virais - caracterizadas por vermelhidão conjuntival abrupta e exuberante, secreção serosa, hipertrofia de gânglios pré-auriculares, inchaço conjuntival e palpebral, hemorragias, pseudomembranas, fotofobia e lacrimejamento, entre outros e que mostra que os sinais e sintomas podem ser comuns nas diferentes conjuntivites infecciosas. As conjuntivites virais são causadas principalmente por adenovirus, picornavirus, vírus do herpas e vírus do Molluscum contagiosum.

* alérgicas - caracterizadas pela vermelhidão conjuntival, sensação de queimação, secura e principalmente o prurido (coceira), que é seu sintoma essencial; cronicidade e recorrência também são suas características. Não são contagiosas, ao contrário das duas anteriores.  Alguns autores estimam que a alergia ocular aflija até 20% da população mundial, número que pode estar aumentando como consequência de fatores ambientais. Basicamente, há cinco subtipos de alergia ocular: conjuntivite alérgica aguda ou sazonal, conjuntivite alérgica crônica ou perene, ceratoconjuntivite primaveril ou vernal, ceratoconjuntivite atópica e conjuntivite papilar gigante.

O diagnóstico dos diversos tipo de conjuntivite é, na prática,  baseado na avaliação da história clínica e dos sinais e sintomas que cada indivíduo apresenta. A investigação laboratorial poderá ser necessária para orientação nos casos duvidosos ou nos casos onde tratamento prévio não está sendo eficaz. É obrigatória nos casos de conjuntivite neonatal. A cultura de secreção conjuntival continua sendo o padrão ouro, embora não sejam realizadas de rotina pelo tempo que o isolamento do vírus ou bactéria requer. Porém recém nascidos, pessoas imunossuprimidas ou quando a N. gonorrhoea está considerada como possível etiologia as culturas devem ser realizadas. A citologia quantitativa e qualitativa pelo Giemsa indicam o diagnóstico etiológico da conjuntivite. A coloração de Gram pode ajudar na identificação das bactérias. A citologia pelo Papanicolau permite verificar as alterações nucleares indicando a etiologia viral da conjuntivite. Colorações por anticorpos monoclonais fluorescentes facilitam o diagnóstico das causas clamidiana e viral. A detecção de antígenos, exame da reação em cadeia da polimerase (PCR) e sorologia são usados na detecção do vírus infectante. Os diagnósticos laboratoriais dos adenovirus são mais direcionados para centros de controle epidemiológicos.

O diagnóstico das conjuntivites alérgicas  também é essencialmente clínico. Em alguns casos poderá ser necessária a investigação laboratorial: raspado conjuntival ou citologia de impressão poderão revelar a presença de eosinófilos, não encontrados normalmente na conjuntiva sadia. Prick test e patch test que são testes realizados pelo alergologista  para detectar as alergias desencadeadas. Teste RAST, que mede a quantidade de imoglobulina E específica no sangue a vários alérgenos (por exemplo ácaros, alimentos).