Do site do Instituto Girassol
01/05/2015
Sempre nos preocupamos e abordamos o lado do bebê que é amamentado e os benefícios para seu presente e futuro. Algumas vezes, falamos muito superficialmente sobre as vantagens para o lado da mãe que amamenta, além do vínculo.
Um estudo recente, publicado no The Journal of Lancaster General Hospital (JLGH), relaciona o aleitamento com os riscos maternos de doenças cardiovasculares e metabólicas.
Sabe-se que doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade em mulheres nos Estados Unidos. Além da aderência a um estilo de vida mais saudável, a alimentação adequada, atividade física regular, não fumar são fatores importantes na diminuição do risco de doenças coronarianas. Recentemente, estudos têm associado o aleitamento materno a benefícios não só para a saúde do bebê, mas também para a mãe que amamenta.
Durante a gestação ocorre uma mudança drástica no metabolismo materno para acolher o desenvolvimento do feto e para o preparo da lactação. Há um acúmulo de gordura, especialmente visceral (mais prejudicial no perfil metabólico), aumenta a resistência à insulina (relação com intolerância à glicose e um perfil lipídico aterogênico), ganho de peso em longo prazo, obesidade e doenças relacionadas à obesidade.
A influência do aleitamento materno, inclusive com relação direta ao tempo dedicado durante a vida, comprovadamente traz efeitos benéficos prevenindo fatores de risco para doenças cardiovasculares, inclusive muito tempo (16 a 20 anos) após o desmame.
Há uma crescente evidência que o aleitamento materno reduza, nas mulheres, os fatores riscos que contribuem para eventos cardiovasculares como síndrome metabólica, adiposidade visceral, hipertensão, hiperlipidemia e diabetes.
A estatística de aleitamento nos Estados Unidos em crianças nascidas em 2011 é de 49% amamentando aos 6 meses (a nossa taxa de 2009 é de 41%) e 27% aos 12 meses, mas as taxas de aleitamento materno exclusivo foram bem menores.
A Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC) da OMS e UNICEF foi lançada em 1991 para implementar as práticas que protegessem, promovessem e apoiassem o aleitamento materno. Em 2012, nos Estados Unidos, menos 7% dos partos ocorreram nesses hospitais.
A imensa maioria das mulheres nos Estados Unidos, assim como no Brasil, não recebe orientação, apoio confiança e informação para que possa iniciar e manter, de forma eficaz, o aleitamento materno de seus bebês.
Sua influência no peso, no risco de Síndrome metabólica, diabetes, hipertensão, dislipidemias e doenças cardiovasculares faz, do aleitamento materno, um fator a ser considerado, inclusive, como parte de um estilo de vida saudável para essas mulheres.
Assim, muito mais empenho deveria ser feito pela sociedade em geral, pela mídia, pelo governo, pelos profissionais de saúde no sentido de estimular e apoiar as mães e as famílias para que o aleitamento materno fosse como deveria ser: natural e a situação mais lógica e racional de “alimentação de um bebê” nos seus, pelo menos, 2 primeiros anos de vida.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545