Do site do Instituto Girassol
12/05/2015
Estudo de coorte retrospectivo, realizado no Canadá entre 2006 e 2012, abordou fatores associados com o aleitamento materno em mães adolescentes (abaixo de 20 anos de idade) em gestação única, a termo (acima de 37 semanas).
A amostra foi de 22.023 adolescentes com informações completas sobre aleitamento materno, utilizando o banco de dados da rede BORN (Better Outcomes Registry & Network.
Cerca de 48,8% estavam em aleitamento materno exclusivo na alta da maternidade. Entre os fatores significativamente associados a uma maior taxa de aleitamento materno estavam maior idade da adolescente, intenção em amamentar, orientações no pré-natal, parto normal, espontâneo, não ser fumante ou não usar drogas durante a gestação, não ter nenhum problema prévio de saúde ou complicações obstétricas.
A intenção de amamentar foi fator de proteção contra a redução do aleitamento vista quando se abordam fumantes.
O estudo confirma que fatores de alto risco estão associados a uma baixa taxa de aleitamento materno no grupo de adolescentes com gestações únicas, a termo no Canadá e que a intenção de amamentar é um fator importante no aleitamento.
Comentário: Segundo o relatório anual Situação da População Mundial do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA-2011 – da ONU), que corrobora o relatório SAÚDE BRASIL 2011 (uma análise da situação de saúde e a vigilância da saúde da mulher), cerca de 19,3% das crianças nascidas vivas em 2010 no Brasil são filhos e filhas de mulheres de 19 anos ou menos e em 2010, 12% das adolescentes de 15 a 19 anos possuíam pelo menos um filho.
Independente das questões sociais envolvidas (abandono de estudo, não cuidado adequado do bebê, abandono da criança, perpetuação dos ciclos de pobreza, desigualdade e exclusão), é fundamental que essas adolescentes recebam orientação precoce e multiprofissional no que diz respeito a sua sexualidade, segurança e, em caso de gestação, sobre a importância dos cuidados adequados do aleitamento materno para a sua saúde e de seu bebê.
Ressaltando as propostas do documento da UNFPA:
- Investir em políticas, programas e ações que promovam os direitos, a autonomia e o empoderamento de adolescentes e jovens, em especial meninas, em relação ao exercício de sua sexualidade e de sua vida reprodutiva, para que possam tomar decisões voluntárias, sem coerção e sem discriminação;
- Garantir o acesso de adolescentes e jovens à informação correta e em linguagem adequada sobre os seus direitos, incluindo o direito à saúde sexual e reprodutiva, bem como o acesso à educação integral em sexualidade;
- Assegurar o acesso às ações e aos insumos de saúde sexual e reprodutiva, tais como preservativos e contraceptivos, para que gravidezes não planejadas sejam evitadas;
- Envolver as famílias, comunidades, serviços e profissionais de saúde na resposta adequada às necessidades e demandas de adolescentes e jovens, incluindo aquelas relacionadas à saúde sexual e reprodutiva.
- Garantir a participação de adolescentes e jovens nos processos de tomada de decisões, como condição fundamental para os avanços democráticos e para a realização de seus direitos.
Publicação: Science Direct
Referência: Emily Leclair, MD, Nicole Robert, MA, Ann E. Sprague, PhD, Nathalie Fleming, MD, FRCSC. Factors Associated with Breastfeeding Initiation in Adolescent Pregnancies: A Cohort Study. Journal of Pediatric & Adolescent Gynecology March 25, 2015.
DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.jpag.2015.03.007
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545
