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Quando fazer a introdução alimentar?

Do site do Instituto Girassol

02/06/2015

Essa é uma das dúvidas mais comuns do consultório pediátrico e uma das razões para intermináveis debates entre os próprios profissionais ligados ao cuidado das crianças.

E cada grupo defende sua opinião de forma firme e até radical. Algumas ideias, entretanto, são consenso:
- Nunca introduzir qualquer tipo de alimento precocemente (antes dos 4 meses).
- Nunca introduzir qualquer tipo de alimento tardiamente (a partir do 7º mês).
- Essa introdução independe de ser aleitamento materno (AM) exclusivo,  predominante, misto ou uso apenas de fórmulas.

A questão se divide basicamente em 2 possibilidades:
- Introdução alimentar (IA) entre o 4º e o 6º mês de vida;
- Introdução alimentar (IA) após o 6º mês de vida.

De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde (Dez passos para uma alimentação saudável - Guia alimentar para crianças menores de dois anos – de 2013) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (Manual de orientação do departamento de nutrologia de 2012), a recomendação no Brasil é para que a IA seja feita apenas após o 6º mês, mantendo o leite (materno ou de fórmula) como único alimento até o 6º mês.

Tive oportunidade de ver um curso bem recente (3º PÓS ESPGHAN), que trouxe um resumo de algumas aulas e estudos muito relevantes apresentados nesse congresso em 2015. Uma das que me chamou mais a atenção, estava relacionada a um estudo publicado no Central European Journal of Public Health [2015, 23(1):26-31], sobre a época adequada para introduzir a alimentação complementar.

Foram acompanhadas 302 crianças aos 7 anos, com o objetivo de avaliar a relação do peso e estatura de nascimento, tempo de aleitamento e época de IA com a obesidade infantil entre crianças caucasianas saudáveis. O estudo mostrou que a duração de AM por pelo menos 3 meses e a IA após os 6 meses tiveram um papel importante na prevenção da obesidade.

Mas o mais interessante foi um dado da aula referido como: “a IA deve ser feita quando a criança estiver pronta”. E os sinais para esse momento foram os seguintes:
- A criança já senta e se mantém firme nessa posição, sem apoio;
- A criança mantém, sem esforço, a sustentação da cabeça e do corpo;
- A criança não tem mais o reflexo de extrusão de língua;
- A criança mostra desejo de mastigar;
- A criança leva, conscientemente, o alimento à boca;
- A criança se interessa pela comida, coordenando movimentos de olhos, mãos e boca;
- A criança não se mostra satisfeita só com o leite, mesmo que se aumente o volume ou se aumente a frequência da oferta do leite (materno ou fórmula).

Sou formado há 35 anos e, mesmo acompanhando uma aceleração considerável  na velocidade de desenvolvimento das crianças, avaliando esses dados, não vejo como a criança estar adequadamente preparada antes dos 6 meses.

Assim, mantenho a minha posição: Aleitamento materno desde a sala de parto, exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês, estendido até 2 anos ou mais. IA só após o 6º mês mesmo.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545