Do site do Instituto Girassol
13/09/2015
As últimas estatísticas que temos em relação ao aleitamento materno são de 2008 / 2009. Para podermos promover uma estratégia que estimule a amamentação, é necessário atualizar essas informações.
Assim, o Movimento Eu apoio leite materno (#euapoioleitemaeterno) encomendou, junto ao DATAFOLHA, uma pesquisa que foi apresentada em primeira mão na IX Jornada de Atualização em Nutrição Pediátrica do instituto Girassol, no dia 29 de agosto.
Quando surgiu a ideia de realizarmos essa pesquisa com o Datafolha, desejávamos saber: se as mães tinham amamentado em sala de parto, até que idade elas tinha praticado o aleitamento materno (exclusivo ou não) e a influência da volta ao trabalho no desmame. Essas informações são muito importantes para nós, que trabalhamos com a mobilização social das mães em prol do aleitamento.
Precisávamos conhecer a realidade delas em profundidade, para traçar estratégias mais efetivas para ajudá-las. Por exemplo, se a volta ao trabalho é um fator que interrompe ou interfere no aleitamento materno, devemos atuar junto aos legisladores para estendê-la, se o aleitamento materno ainda não é uma realidade na sala de parto, devemos atuar junto às maternidades, para reverter esse quadro, e assim por diante.
Os dados obtidos podem nos dar uma ideia do momento atual e nos possibilita agir em algumas fases para prevenir e evitar o desmame precoce, promovendo o aumento da taxa de aleitamento materno, melhorando, dessa forma, as bases para atingirmos a meta da Sociedade Brasileira de Pediatria que é a geração dos 100 anos.
A pesquisa Datafolha foi realizada entre os dias 03 e 08 de agosto de 2015, em 224 municípios. Foram realizadas 977 entrevistas com mulheres que têm filhos com até seis anos de idade, com margem de erro máxima de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Do total de entrevistados, 64% têm filhos, sendo que 21% dizem ter um filho, 22% têm dois filhos, 12% três filhos e 10% têm quatro ou mais filhos, a média é de 2,3 filhos. As faixas de idade dos filhos são distribuídas das seguintes formas: 18% até seis anos, 12% mais de seis até dez anos, 15% mais de dez até quinze anos, 7% mais de quinze a dezessete anos e 34% com 18 anos ou mais de idade. Em média os filhos têm 18,5 anos.
Entre as mulheres que têm filhos com até seis anos de idade, 7% têm filhos com menos de um ano de idade, 12% com um ano, 15% com dois anos, 17% com três anos, 15% com quatro anos, 16% com cinco anos e 18% com seis anos. A idade média é de 3,5 anos.
Alguns dos principais resultados apontados pela pesquisa:
• A maioria (91%) amamentou seus filhos, sendo que desse total 62% amamentaram na sala de parto (principalmente as menos escolarizadas, 67%, contra 53% das que têm nível superior), não amamentaram na sala de parto 28%;
• Amamentaram exclusivamente os filhos até os seis meses, sem adição de nenhum outro tipo de alimento ou água, 57%, taxa que sobe para 68% entre as moradoras da região norte, 34% não amamentaram exclusivamente até o sexto mês;
• Amamentaram até o primeiro mês 8% das entrevistadas, 2% até o segundo mês, 8% até o terceiro, 5% até o quarto, 2% até o quinto e 10% até o sexto mês; 19% dizem ter amamentado mais de seis meses até 12 meses, mesmo índice das que responderam mais de 12 a 24 meses e 10% amamentaram mais de 24 meses;
• O índice das que amamentaram entre 12 e 24 meses fica ligeiramente acima da média nas regiões norte, nordeste e entre as mais escolarizadas, 23% em cada segmento, e atinge 33% entre as que têm renda de cinco a dez salários mínimos. Em média o tempo de amamentação foi de 11,4 meses;
• Um terço (33%) das que amamentaram trabalhava nesse período, especialmente as moradoras da região sul (39%), as com renda entre cinco e dez salários mínimos (52%), as que pertencem às classes A/B (54%) e as mais escolarizadas (55%). Não trabalhavam no período de amamentação 58%;
• Das que trabalhavam no período de amamentação (33%), a maior parte (28%) diz que voltar ao trabalho não foi decisivo para parar de amamentar, especialmente as que têm de 35 a 44 anos (32%), as das classes A/B (41%), as que ganham de cinco a dez salários mínimos (42%) e as mais escolarizadas (43%). Para 8%, a volta ao trabalho foi decisiva para suspender a amamentação, especialmente para as mais escolarizadas (12%), as que pertencem às classes mais altas (13%) e as mais ricas (15%);
• Não amamentaram 9% das entrevistadas.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545