Publicações > Colunas > Instituto Girassol

VOLTAR

Impacto do uso materno de antibióticos intraparto, método de nascimento e aleitamento materno na microbiota intestinal durante o primeiro ano de vida

Do site Instituto Girassol - Profissionais

30/01/2016

Sabendo-se das consequências em longo prazo da disbiose intestinal na saúde das crianças, foi feito um estudo coorte no Canadá (2010-2012), para determinar o impacto do uso de antibiótico intraparto (AIP) na microbiota infantil e avaliar se o aleitamento materno (AM) modifica esses efeitos.

Em uma amostra se 198 recém-nascidos saudáveis, esses dados (AIP) foram retirados dos registros hospitalares e o AM foi relatado pelas mães. As características da microbiota foram analisadas aos 3 e 12 meses de acordo com exames apropriados.

Os autores concluíram que independente da via de parto (vaginal ou abdominal), o uso de antibióticos intraparto (AIP) estava associado à disbiose da microbiota intestinal infantil e o aleitamento consegue modificar alguns desses parâmetros.

Comentário:

O uso abusivo e descontrolado de antibióticos nos dias de hoje tem sido responsabilizado por aumento de resistência bacteriana e do aumento de quadros relacionados à microbiota intestinal nas crianças.

Esse estudo relaciona mais um efeito muito imediato da utilização dos antibióticos nas mães, levando a consequências importantes no bebê. Associe-se a essa influência as transformações da flora bacteriana intestinal pela grande taxa de partos cesariana e ao fato de termos uma média de aleitamento materno exclusivo de 54 dias no Brasil e podemos ter que nos preparar para todas as graves consequências desse desequilíbrio em curto e médio prazo.

A microbiota intestinal, que adquire suas características principais por volta dos 2 anos de idade, tem ações digestivas, metabólicas, imunológicas e que dependem de um equilíbrio com predomínio de bifidobacterias e lactobacilos e pequenas quantidades de Clostridium e bacteroides.

A fermentação dos resíduos alimentares não digeríveis gerando ácidos graxos de cadeia curta, síntese de vitaminas (K e complexo B), absorção de cálcio, magnésio e ferro são algumas das ações de uma boa microbiota intestinal.

Como a resposta imunológica aos antígenos não é sempre a mesma, a flora intestinal é responsável pela regulação entre tolerância e alergenicidade, além de exercer papel de proteção contra a invasão da mucosa intestinal por bactérias patogênicas.

Ou nos preparamos para um controle mais adequado de todos esses fatores (uso excessivo de antibióticos intraparto e nos 2 primeiros anos de vida, retomada da importância do parto vaginal e estímulo ao aleitamento materno exclusivo até o 6º mês estendido até 2 anos ou mais), ou podemos estar criando uma nova geração alérgica, mais suscetível a infecções, com hipovitaminose, anemia e mais doente.

Publicação: Wiley Online Library
Fonte: Azad, M. B., Konya, T., Persaud, R. R., Guttman, D. S., Chari, R. S., Field, C. J., ... & Becker, A. B. (2015). Impact of maternal intrapartum antibiotics, method of birth and breastfeeding on gut microbiota during the first year of life: a prospective cohort study. BJOG: An International Journal of Obstetrics & Gynaecology

DOI:10.1111/1471-0528.13601

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545