Do site do Instituto Girassol - Profissionais
27/02/2016
Esse estudo, realizado no México, avaliou a relação entre o aleitamento materno e a época do desmame e o risco de obesidade infantil em pré-escolares, de 116 crianças entre 2 e 4 anos de idade, em uma Unidade Básica de Saúde.
Nesse grupo, a taxa de obesidade infantil era de 62,1%. A taxa de aleitamento materno exclusivo foi de 72,4% com uma duração média de 2,3 meses e a introdução alimentar sólida aos 5 meses.
Os autores concluíram que a AME abaixo de 3 meses está associado a um aumento de quase 4 vezes na taxa de obesidade infantil. Foi observada uma diferença no que diz respeito a duração de AME, tempo de consumo de fórmulas infantis, introdução de alimentação complementar entre as crianças obesas e não obesas.
Comentário:
A recomendação de aleitamento materno exclusivo desde a sala de parto até os 6 meses já é muito difundida nas informações para os pediatras e para as mães, assim como a importância da introdução alimentar apenas após o 6º mês de vida.
Os DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL do Ministério da Saúde (2015) indicam:
Passo 1 - Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento
Passo 2 - Ao completar 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais.
Em nossa realidade e últimas estatísticas (POF de 2008/2009), a média de aleitamento materno no Brasil é de 54 dias (menor do que o dessa pesquisa). Nosso padrão de obesidade infantil em últimos estudos é de 1 em cada 3 crianças entre 5 e 9 anos (33%) apresentam sobrepeso e mais de 50% da população adulta no Brasil está com sobrepeso ou obesidade.
Assim, para que possamos mudar esse panorama de obesidade, é fundamental o estímulo ao aleitamento materno exclusivo até o 6º mês, estendido até 2 anos ou mais, com retardo da introdução de fórmulas infantis, a introdução alimentar sem pressa, na consistência e momentos adequados (nunca batida em liquidificador ou passada em peneira).
Essas atitudes devem abranger as famílias, os profissionais de saúde, a mídia e ações governamentais que favoreçam a mudança de paradigma do Brasil.
Publicação: PubMed
Fonte: Sandoval, J. L., Jiménez, B. M., Olivares, J. S., & de la Cruz, O. T. (2016). Breastfeeding, complementary feeding and risk of childhood obesity. Atencion primaria/Sociedad Espanola de Medicina de Familia y Comunitaria.
DOI: 10.1016/j.aprim.2015.10.004
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545