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Associação entre a amamentação prolongada e cárie precoce na infância: uma abordagem hierárquica

Do site do Instituto Girassol

22/03/2016

Esse estudo foi realizado para investigar a associação entre amamentação prolongada e cárie precoce na infância (ECC) com 260 crianças de baixa, entre en 18-42 meses. O parâmetro usado foi o número de dentes cariados com um modelo hierárquico onde se valorizaram idade, variáveis ​​sociais, variáveis ​​de saúde, variáveis ​​comportamentais, variáveis ​​relacionadas com a higiene oral, qualidade de higiene bucal medida pela placa visível e contaminação por estreptococos mutans.

Os autores concluíram que a amamentação prolongada não foi um fator de risco para ECC, enquanto idade, alto consumo de sacarose entre as refeições principais e a qualidade da higiene bucal foram associados com a doença em crianças.

Comentário:

Ainda se questiona, por muitos caminhos, a amamentação em livre-demanda, sem horários, e a amamentação prolongada. Muitos profissionais ainda classificam o aleitamento materno como um dos fatores de potencial risco para o aparecimento de cáries precoces em crianças.

Há muitos estudos publicados comprovando não só que o leite materno (LM) não oferece esse tipo de riscos como há nele (LM) fatores de proteção que impedem a adesão do Estreptococos mutans, como mostra esse estudo, atribuindo à caseína, à lactoferrina e à α-lactalbumina papéis importantes nessa defesa.

Outro estudo, publicado na mesma revista em 2008, já abordava a influência dos hábitos alimentares como fatores determinantes da cárie precoce na infância em uma população onde a amamentação prolongada era a norma (Teerã). Os autores concluíram que por conta de sua associação com ECC, alimentação com leite em mamadeira durante a noite deve ser limitada, enquanto que a amamentação prolongada parece não ter tais consequências dentárias negativas.

Outro artigo, publicado na Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica Integrada, a respeito do tema (Cariogenicidade do leite materno: mito ou evidência científica), também concluiu que não existem evidências científicas que associem
o aleitamento materno com a Cárie Precoce da Infância, principalmente quando exclusivo.

Assim, não há, no momento, nenhuma limitação no aleitamento materno, quer seja em relação á livre-demanda, quer seja em relação ao horário de mamada ou em relação à duração do aleitamento materno. Outros fatores sim podem ser associados a essa precocidade (fórmulas e mamadeiras, açúcar, higiene bucal inadequada) e devem ser orientados precocemente pelo especialista (odontopediatra) com a erupção do primeiro dente (por volta do 6º mês de vida), como recomenda a Associação Brasileira de Odontopediatria que inclusive orienta que no bebê com exclusivo aleitamento materno e sem a presença de dentes não é necessário fazer a limpeza, porque o leite materno protege toda a cavidade oral.

Publicação: Community Dentistry and Oral Epidemiology
Fonte: Nunes, A. M. M., Alves, C. M. C., Araújo, F., Ortiz, T. M. L., Ribeiro, M. R. C., Silva, A. A. M. D., & Ribeiro, C. C. C. (2012). Association between prolonged breast‐feeding and early childhood caries: a hierarchical approach. Community dentistry and oral epidemiology, 40(6), 542-549..
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DOI: http://doi:10.1111/j.1600-0528.2012.00703.x

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545