Do site Instituto Girassol - Profissionais
25/07/2016
Esse estudo, publicado no Women's Health Issues, avaliou a relação entre pais e amamentação na Irlanda, levando em consideração, segundo o levantamento, que os pais são amplamente favoráveis ao conceito de amamentação, não têm o conhecimento necessário para apoiar o seu parceiro de amamentação, se sentem privados de tempo de ligação de qualidade com o seu bebê lactente, têm reservas sobre a amamentação de sua parceira em público na Irlanda e que sentem ser necessário um maior reconhecimento da importância de um pai para o aleitamento materno.
Foi distribuído um questionário a 1398 homens com uma parceira irlandesa que tinha dado à luz 4-7 meses antes e obtiveram 583 respostas (42%). Entre esses:
- 417 (71,5%) tiveram um parceiro que tinha amamentado o seu último ou único filho.
- A maioria (75,5%, N=315) dos pais estava envolvida na decisão de amamentar, mas (77,5%, N=323) não estavam preparados para pelo menos um aspecto da amamentação.
- Entre pais com um parceiro que experimentou dificuldades com a amamentação (56,8%, N=237), a metade (49,4%, N=117) não foi capaz de ajudar seu parceiro a superar suas dificuldades de amamentação.
- Dois quintos (41,0%, N=133) de pais se sentiram privados de tempo de ligação.
- Quase um em cada dez (9,4%, N=39) pais se sentiu desconfortável com outra mulher amamentando em público, e isto aumentou para três em cada dez (34,3%, N=143) se a mulher em questão era a sua parceira.
Os autores concluíram que as mulheres que são apoiadas emocionalmente e na prática pelos seus parceiros são mais propensas a amamentar com sucesso, mas que tem sido dada pouca atenção à perspectiva masculina da amamentação na Irlanda, sugerindo um envolvimento mais precoce e eficaz de pais em todo o processo de amamentação.
Comentário:
Escrevi em 2008 uma percepção sobre a evolução da paternidade, avaliando a presença dos pais em meu consultório durante as consultas de seus filhos durante o primeiro ano de vida. Uma rápida pesquisa mostrou que 75% das consultas tinham a presença do pai e da mãe nessa faixa de idade e isso me surpreendeu favoravelmente na época. Essa não era uma observação comum.
Estudos comprovam a importância do pai na instituição e na manutenção do aleitamento materno (AM).
- Do site da Agência Fiocruz (2006) - estudo realizado com 450 crianças de até 24 meses de idade, em Minas Gerais, indicou que o fato de o pai não morar com a criança foi associado à menor duração do AM entre as crianças avaliadas, sugerindo a necessidade de um maior envolvimento do pai, e não somente da mãe, no acompanhamento da saúde da criança desde a gestação até as consultas depois do nascimento do bebê.
- Da Revista Paulista de Pediatria (2012) – revisão em literatura sobre a importância do pai no AM, colocando-o como o principal suporte no apoio social, profissional e familiar, para a mulher no ciclo gravídico puerperal. Os estudos mostram uma participação crescente do homem em seu papel de pai, acompanhando sua companheira aos serviços de saúde em busca de conhecimento a fim de apoiá-la da melhor forma, apesar do despreparo dos profissionais de saúde em sua capacitação para inclusão paterna em sua formação.
- Da Revista Paulista de Pediatria (2012) – um estudo sobre a influência do apoio paterno na duração do aleitamento materno, segundo a percepção das mães. Entre as conclusões desse estudo, demonstrou-se que quando comparados 2 grupos (um controle e um onde houve estímulo à presença dos pais), a presença dos pais gerou um aumento nos índices de AM aos 6 meses de 15 para 25%, na prevalência de iniciar o AM de 41% para 74% e uma diminuição significativa do risco de cessar o AME antes do 6º mês.
Publicação: Women's Health Issues
Fonte: Bennett, A. E., McCartney, D., & Kearney, J. M. (2016). Views of fathers in Ireland on the experience and challenges of having a breastfeeding partner. Midwifery.
DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.midw.2016.07.004
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545