14/08/2009
O CONVÍVIO COM OUTRAS CRIANÇAS QUE JÁ TÊM O CONTROLE DE ESFÍNCTER AGE COMO UM INCENTIVO PARA QUE OS PEQUENOS TAMBÉM ATINJAM ESSA CONDIÇÃO
Um dos momentos da infância que exige maior sensibilidade do educador e das famílias das crianças é o da retirada da fralda. Um dos marcos divisórios da maturidade física e psicológica da primeira infância, essa retirada acontece, geralmente, entre as idades de 2 e 4 anos.
Na ânsia de eliminar um fator complicador dos cuidados de higiene e de mostrar aos pais a evolução de seus filhos, muitas escolas e educadores acabam por induzir a uma retirada precoce da fralda, o que pode ter conseqüências fisiológicas e psicológicas.
A determinação de eliminar o uso desse artefato de contenção de fezes e urina implica no controle, por parte da criança, dos esfíncteres, feixes musculares relativos a essas funções.
Esse controle se dá, normalmente, a partir do estímulo familiar – como era mais comum antigamente, quando a criança permanecia em casa até mais tarde – ou do ambiente escolar, por meio da interação com os professores e, principalmente, com os próprios colegas. Aqui, como em outros fatores que concorrem para o processo de maturidade da criança, a vontade de fazer parte do grupo e de identificar-se com suas práticas é grande indutora de novos hábitos.
Assim, recomenda-se que a fralda só seja retirada – primeiro durante o dia e depois de algum tempo também à noite – com a ciência e por iniciativa da própria criança e em conjunto com sua família. O pediatra Moisés Chencinski enumera quatro fases nesse processo: aquela em que a criança anda, sem incomodar-se, com a fralda suja; aquela em que passa a comunicar que fez cocô; depois, que está fazendo; por último, quando diz que quer fazer.
A má condução do processo, muitas vezes manifesta na forma de atitudes coercitivas – a famosa bronca do professor – quando a criança não consegue segurar as fezes por ainda não estar plenamente madura, conduz, em muitos casos, a quadros futuros de obstipação, ou seja, prisão de ventre. A observação em tom de reprimenda, principalmente se feita em seqüência, também pode ser internalizada como um reforço negativo, com a criança interiorizando uma sensação de que não consegue fazer as coisas como os adultos esperam que ela faça.
Ou então a criança usa as fezes, ou a urina, como meio de comunicação: não vai ao banheiro para, devido aos excrementos, reter a atenção do adulto.
Essa matéria foi publicada na Revista Educação Infantil, edição nº 1 - 2.009 (fevereiro/2009).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545