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Acidentes matam 6 mil crianças por ano

15/10/2009

No RS um bebê de 11 meses morreu afogado em um balde; situação é mais comum do que se imagina e deve servir de alerta aos pais


A morte acidental de um bebê de 11 meses, ocorrida na tarde desta quarta-feira (25) em Santa Maria (RS) deve servir de alerta para muitas mães. A criança morreu afogada dentro de um balde enquanto sua mãe, uma adolescente de 15 anos, dormia no sofá da sala.

À polícia, a adolescente contou que após o almoço ela e a criança foram dormir juntas, mas a criança teria acordado primeiro e saído de perto dela. Ao acordar, a mãe encontrou a filha afogada em um balde que estava no banheiro.

Além da dor de perder a filha, a mãe terá agora que enfrentar a investigação sob as circunstâncias do afogamento e se houve negligência nos cuidados com a criança.

Números fatais

De acordo com informações do Ministério da Saúde, no Brasil os acidentes são a causa mais comum de morte entre crianças de 0 a 14 anos de idade. Em média, são registradas 140.000 internações hospitalares e 6.000 mortes a cada ano.

Relatório da Organização Mundial de Saúde divulgado em dezembro do ano passado aponta dados importantes a respeito de acidentes com crianças pelo mundo, em números de 830.000 óbitos por ano (2.300 por dia).

"O mais triste é que grande parte desses acidentes (pelo menos 50%) é passível de prevenção e poderia ter sido evitada com alguns cuidados básicos de segurança", desabafa o pediatra Moises Chencinski.

Acidentes mais comuns (dados mundiais)

- De trânsito: entre 10 e 19 anos de idade é a principal causa. Cuidados tomados em prevenção impediram que esse número fosse maior e em faixa etária mais baixa. Cadeirinhas de segurança nos carros, o uso de capacetes, limites de velocidade, regulamentação em relação ao álcool são algumas dessas atitudes.

- Afogamentos: 480 crianças vão a óbito por dia em quadro que é mais comum em países asiáticos. As cercas em volta de piscinas e a proteção em águas perigosas são algumas das atitudes preventivas que surtiram efeito.

- Queimaduras: 260 mortes ao dia. Isso sem contar os longos períodos de hospitalização em crianças que sofrem queimaduras por líquidos quentes ou chamas. Detectores de fumaça, reguladores de temperatura para água e acesso mais facilitado a centro de tratamento e recuperação de queimados tiveram sua parte no controle para que esse número não fosse maior.

- Quedas: 130 óbitos ao dia sem contar mais da metade das crianças que chegam aos pronto-socorros de hospitais. Proteção nas janelas, parques e brinquedos que atendam os critérios de segurança exigidos são alguns dos mecanismos que preveniram outras crianças de seguirem pelo mesmo caminho.

- Envenenamento: 125 crianças morrem por dia entre os milhares de contatos feitos a centros de controle de intoxicações e envenenamentos. Melhor armazenamento de substâncias de risco (inclusive medicamentos), tóxicas, embalagens com proteção contra abertura para crianças, acesso mais facilitado ao auxílio contra intoxicações já fazem parte dos mecanismos de defesa, mas podem, ainda, ser melhorados.

"Quanto mais carentes as populações, maiores os riscos a que essas crianças ficam expostas, quer seja em riscos de quedas, acidentes, incêndios pela falta de proteção adequada. Em alguns países desenvolvidos, esses números tiveram uma redução de até 50% através de medidas de segurança simples e de fácil execução nos últimos anos. Legislação mais dura e punições mais rigorosas, mudanças ambientais, campanhas de conscientização e melhora do acesso e da qualidade no atendimento ao acidentado contribuíram para essas mudanças. Mesmo assim, ainda há muito a ser feito", conta o pediatra Chencinski.

Evitando acidentes

- Ao cozinhar, use as bocas de trás e deixe os cabos das panelas sempre voltados para o centro do fogão.

- Mantenha facas, objetos de vidro, cerâmica e porcelana longe do alcance das crianças.

- Crianças podem se afogar em apenas 2,5 cm de água. Por isso, esvazie todos os baldes, guarde-os virados para baixo e fora do alcance das crianças. A caixa de água deve permanecer com tampa e amarrada ao reservatório.

- O menor descuido pode causar a morte por afogamento. Por isso, supervisione sempre uma criança tomando banho

- Para evitar envenenamentos e casos de sufocamento, os produtos de limpeza e sacos plásticos devem ficar trancados em local fora do alcance dos pequenos.

- Evite choques protegendo as tomadas que não estão sendo usadas e cubrindo fios desascados.

- Use portões de segurança no topo e no pé das escadas

- Sufocações podem ser causadas por brinquedos, travesseiros e lençóis soltos. As grades do berço devem ter no máximo 5 cm entre elas.

• Cuidado com móveis que têm quinas pontiagudas. Mantenha qualquer móvel ou objeto longe de janelas e cortinas, pois as crianças podem subir neles e cair.

• Tranque o armário de medicamentos, vitaminas, anti-sépticos bucais e demais produtos que ofereçam perigo de intoxicação.

Fontes: www.criancasegura.org.br, www.doutormoises.com.br


Este artigo foi publicado no site Bonde - Paraná (26/03/2009), no blog A vida como ela é (27/03/2009).

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545