16/11/2009
Dar de mamar somente para um e esquecer o outro é algo que pode acontecer. Veja como sair dessa e de outras situações
Katia Deutner
"Se fossem somente gêmeos, eu estaria tranquila. Mas quando descobri que eram trigêmeos, realmente foi um baque grande". Momentos como este, vivido pela secretária executiva Tatiana Araújo Potzmann, são comuns. Hoje, os filhos Arthur, Nicole e Gabriela já têm 1 ano e 8 meses. Mas não foi nada fácil nos primeiros dias.
A alegria de ter mais de um bebê é imensa e a ajuda de avós e babás, fundamental. Mesmo assim, tropeços acontecem. "Um dos maiores erros foi não ter contratado uma babá com tempo hábil antes de eles chegarem. A segunda foi ter colocado profissionais não preparadas", conta Tatiana Potzmann.
Pra onde correr?
Medos e angústias fazem parte da vida de qualquer casal "grávido". E não é somente por serem múltiplos que o sentimento aumenta – mas chega a criar mais expectativas. "Os cuidados gerais em relação à alimentação, vacinação, educação são os mesmos. Como os pais vão dividir a atenção pode ser uma grande dificuldade", comenta o pediatra Moises Chencinski.
Escolher mais de um nome, comprar dois, três berços. Inúmeras são as dúvidas. "A dose é dupla para tudo: da satisfação ao trabalho e cansaço. Cuidar de mais de um exigirá muito mais tempo, paciência e dedicação", acrescenta a pediatra Luci Yara Pfiffer, do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba.
"Quando um chorava, acordava o outro, que acordava o terceiro e a vizinhança toda! Sinceramente: várias vezes eu chorei também", exemplifica a empresária Cristina Adati, mãe dos trigêmeos Gabriela, Fernanda e Ricardo, de cinco anos.
Dose dupla
Amamentar e banhar duas vezes a mesma criança são situações que acontecem com certa frequência com os pais de gêmeos no começo. "Normalmente, com o tempo, os pais identificam as particularidades de cada gêmeo e esses momentos se tornam raros", diz Moises Chencinski.
Trapalhadas são frutos da semelhança física, do cansaço e até do estresse da mãe – e são naturais. Mas nem sempre acontecem. "Amamentei meus filhos com meu leite na mamadeira, pois eles não tinham força de sucção necessária. Agora, esquecer um é impossível... ou acha que eles não reclamam?", brinca Tatiana Potzmann.
Isso também não ococrreu com a publicitária Patrícia Paixão, mãe dos gêmeos Manuela e Lorenzo de 1 ano e 6 meses. "Tinha um caderninho para cada um, no qual marcava o horário das mamadas". Esta é uma boa saída para evitar confusões. "Criei planilhas e anotava cada troca, quantidade de leite ingerido, temperatura e outras observações", acrescenta Cristina Adati.
Quando os filhos são de sexos diferentes, enganos são quase impossíveis. "Não cheguei a fazer isso e eles nunca estavam vestidos de forma semelhante", comenta a farmacêutica Simone, mãe de Rosana e Gustavo, de 3 anos e 4 meses.
O que dizem os especialistas
"Na nossa experiência, a amamentação costuma ser a dúvida mais comum. Educação, roupas, transporte são outras", explica Moises Chencinski. Ter leite suficiente, saber se eles responderão a estímulos da mesma forma estão em segundo lugar. "O que deve ficar bem claro para todos, independentemente da data nascimento, nunca se consegue cuidar de dois filhos da mesma maneira", complementa Luci Yara Pfiffer.
Não há uma receita que faça os bebês crescerem e se desenvolverem iguais. "Talvez a questão mais difícil é a consciência das mães de que, apesar parecidos e de terem chegado juntos, são indivíduos diferentes. Não é necessário estimular as igualdades com as roupas, elas já existem. Incentive as diferenças, sem afastar as semelhanças", completa Moises Chencinski.
Horários certos, alimentação, como fazer para eles dormirem a noite toda eram algumas das dúvidas da publicitária Patrícia, que contou ainda com a ajuda de outras mães parceiras do portal Múltiplos (www.multiplos.com.br). Além da troca de experiências, o site traz informações sobre gravidez, nascimento, primeiro ano de vida, educação, saúde e comportamento de múltiplos, para facilitar o dia-a-dia da família.
Algumas dicas para as mães de primeira viagem:
-A participação do pai é fundamental no processo.
-Organize horários diferentes para cada um na rotina diária.
-Reconheça as suas limitações e planeje o cuidado de forma mais coerente.
-Estímulos e brincadeiras em conjunto são mais divertidos e eficientes.
-Avós e outros familiares ajudam nos primeiros dias. Se for possível, contrate babás.
-Conte com a ajuda de um pediatra escolhido no pré-natal.
-As diferenças existem e devem ser respeitadas. Nem sempre os gêmeos vão apresentar as mesmas aptidões intelectuais ou físicas.
-Apesar de engraçadinho, vestir roupas iguais dificulta na criação da identidade de cada um. Os brinquedos também devem ser diferenciados.
- No início, identifique os bebês com cor de roupa ou tipo de pulseira.
- Na escola, se puder, matricule-os em salas separadas.
Esse artigo foi publicado no IG - Família e Filhos (13/08/2009), no site Tribuna Região Jaboticabal (14/08/2009).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545