27/11/2009
No ônibus, no metrô, nos bares ou nas ruas, não se ouve falar de outra coisa: a tal da Influenza A. Mas, sinceramente, além da especulação diária e de acompanhar pela tevê o monitoramento de casos que são suspeitos ou dos que deixaram de ser, o que você sabe sobre este vírus? Ao que parece, todo mundo tem algo a comentar sobre a gripe A, ou gripe suína como ficou mais conhecida, mas você tem idéia do que ela é? Como se contrai? Quais são os principais sintomas? Será que comer carne de porco tornou-se arriscado? Por que a gripe tem este nome?
Esclareça suas principais dúvidas aqui:
"A Gripe Suína é uma doença respiratória de porcos, provocada pelo vírus influenza do tipo A, iniciada no México e que pode se propagar rapidamente", explica o pediatra e homeopata Dr. Moises Chencinski. De acordo com ele, esse vírus tem alto poder de mutação, e isso pode ocorrer no homem e no porco, um animal que possui, nas vias respiratórias, receptores sensíveis aos vírus da influenza de suínos, humanos e aviários. A partir dessa combinação, surgem novos tipos de vírus. "O vírus da gripe suína causa altos índices de doença e baixos índices de morte nos porcos. A maioria dos surtos ocorre no final do outono e nos meses de inverno, semelhante aos surtos em seres humanos", explica Chencinski.
Atualmente, há quatro tipos de vírus de gripe suína do tipo A: H1N1, H1N2, H3N2 e H3N1. O atual é uma mutação do H1N1. Esses vírus podem passar, por proximidade (chiqueiros, feiras, por exemplo), dos porcos para as pessoas e, daí, para os porcos novamente. Pela tosse ou pelo espirro de pessoas infectadas, o quadro pode ser transmitido entre os humanos (como qualquer infecção viral respiratória - caxumba, rubéola, sarampo etc.).
Porém, a chefe do Departamento de Controle de Infecção do Hospital Nossa Senhora das Graças, Dra. Viviane Maria de Carvalho Hessel Dias, esclarece que, apesar de a influenza A, originalmente, ter acometido de gripe os suínos, o consumo de carne de porco não representa riscos, isto é, desde que a carne seja bem cozida.
Abaixo, selecionamos algumas perguntas e respostas divulgadas pelo Ministério da Saúde para que você possa esclarecer seus principais questionamentos sobre a gripe suína. Veja:
O que é a Influenza A (H1N1)?
É uma doença respiratória aguda (gripe), causada pelo vírus A (H1N1). Este novo subtipo do vírus da influenza, assim como a gripe comum, é transmitido de pessoa a pessoa, principalmente por meio de tosse ou espirro e de contato com secreções respiratórias de pessoas infectadas.
Quais os sintomas que definem um caso suspeito de Influenza A (H1N1)?
Febre alta de maneira repentina (maior que 38ºC) e tosse, podendo estar acompanhadas de algum dos seguintes sintomas: dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, dificuldade respiratória. A atenção deve ser redobrada, se você estiver apresentado esses sintomas até 10 dias após sair de países que reportaram casos pela influenza A (H1N1) ou, então, se tiver tido contato próximo nos últimos 10 dias com pessoa classificada como caso suspeito de infecção humana pelo novo subtipo de influenza.
Em quanto tempo, a partir da transmissão, os sintomas aparecem?
Os sintomas podem iniciar no período de 3 a 7 dias após contato com esse novo subtipo do vírus, e a transmissão ocorre, principalmente, em locais fechados.
Há uma vacina que possa proteger a população contra essa doença?
Não. Não existe vacina contra esse novo subtipo de vírus da influenza. Há pesquisas em andamento, mas não há previsão para o desenvolvimento desta vacina.
Há tratamento para Influenza A (H1N1)?
Sim. Há um medicamento antiviral (fosfato de oseltamivir) indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e disponível na rede pública de saúde que será usado apenas por recomendação médica, a partir de um protocolo definido pelo Ministério da Saúde. O remédio só faz efeito se for tomado até 48 horas a partir do início dos sintomas.
É seguro comer carne de porco e produtos derivados?
Sim. Embora o nome popular da doença remeta a suínos, não há evidências de que esse novo subtipo de vírus tenha acometido porcos. Portanto, não há risco no contato e consumo de produtos de origem suína.
O que é uma pandemia?
Uma pandemia ocorre quando surge um novo vírus contra o qual a população não está imunizada - não há vacina pronta, nem o corpo das pessoas conhece o vírus. Assim, muitos são atingidos, resultando em uma epidemia que se espalha em diversos países. Fatores como o incremento do fluxo de pessoas entre países, a urbanização e o crescimento populacional contribuem para acelerar esse processo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divide seus países membros em seis regiões: África, Américas, Sudeste Asiático, Europa, Mediterrâneo Oriental e Pacífico Ocidental. Além disso, possui fases de alerta para pandemia, em uma escala de 1 a 6.O alerta 5 da OMS, fase em que nos encontramos no momento, é quando há transmissão sustentada do vírus, de homem para homem, em pelo menos dois países de uma dessas regiões.
O organismo internacional eleva o nível de alerta para a fase 6 quando há uma transmissão sustentada do vírus, de homem para homem, em pelo menos duas dessas regiões.
Houve alguma medida com relação aos voos internacionais?
Sim. Dentro da aeronave em voo: as tripulações das aeronaves estão orientadas a informar os passageiros, ainda durante o voo, sobre sinais e sintomas da influenza A (H1N1). Adicionalmente, a tripulação solicitará que passageiros com esses sintomas se identifiquem à tripulação. Esses passageiros identificados serão encaminhados para os postos da Anvisa ainda no aeroporto.Ao desembarcar, todos os viajantes procedentes de países afetados recebem folder/panfleto com informações, em português, inglês e espanhol, sobre os sinais e sintomas, medidas de proteção, higiene e orientações para procurar assistência médica. Complementarmente, a Infraero veicula, nesses aeroportos, informe sonoro.
Todos os passageiros vindos de outros países têm a Declaração de Bagagem Acompanhada (DBA) retida pela ANVISA. A DBA atua como fonte de informações para eventual busca de contatos se for detectado caso suspeito na mesma aeronave.
O passageiro procedente de país afetado que sentir os sintomas em casa após 10 dias de retorno da viagem deve procurar assistência médica na unidade de saúde mais próxima e informar ao profissional de saúde o seu roteiro de viagem.
Como está sendo feito o controle sanitário de passageiros internacionais nos aeroportoes do País?
Com a elevação do nível de alerta da OMS de 4 para 5, a Anvisa passou a monitorar todos os vôos internacionais que chegam ao Brasil. Em caso de identificação de casos suspeitos, o viajante permanecerá a bordo, juntamente com passageiros próximos a ele para avaliação clínica e epidemiológica, e se necessário, encaminhamento para hospital de referência. Os demais passageiros serão liberados, após receberem informações sobre a doença.
Para ampliar a vigilância, a ANVISA ampliou seu quadro de funcionários nos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo, e Galeão, no Rio de Janeiro, principais portas de entrada dos voos internacionais no Brasil. No momento, 82 funcionários se revezam em três turnos, em Guarulhos, e 55, no Galeão.
Quais ações de controle estão sendo feitas em navios?
Nas embarcações que chegam ao País, o comandante ou representante legal deve informar imediatamente à autoridade sanitária todos os casos que se encaixam na definição de suspeito para influenza A (H1N1). Nessa situação, as embarcações só recebem autorização para atracar após a inspeção sanitária a bordo, realizada em fundeio ou área designada.
Qual é o tratamento dado aos resíduos sólidos de navios ou aeronaves?
Resíduos sólidos provenientes de aeronaves ou embarcações com casos suspeitos serão classificados como resíduos do tipo A, ou seja, potencialmente infectantes. O descarte desses resíduos passará por procedimentos de inativação microbiológica antes da destinação final.
Para quais casos é recomendado o uso de máscaras de proteção?
Os equipamentos de proteção individual, como máscaras, devem ser utilizados por pessoas que apresentam os sintomas e pelos profissionais envolvidos no seu atendimento e na inspeção dos meios de transporte nos quais eles se encontravam. No nível de alerta internacional de número 5, a OMS não recomenda o uso de máscaras por pessoas saudáveis.
Existe algum controle de identificação e rastreamento de passageiros que chegam ao País?
Sim. Todo viajante procedente do exterior deve preencher a Declaração de Bagagem Acompanhada (DBA) - declaração da Receita Federal do Brasil onde constam, entre outros, seus dados pessoais. A DBA fica disponível para as autoridades sanitárias, caso seja necessário rastrear passageiros que estiveram em determinado voo.
O que fazer para evitar a influeza A?
Alguns dos exemplos de cuidados para a prevenção e controle de doenças de transmissão respiratória são:
- lavar as mãos com água e sabão (depois de tossir ou espirrar; depois de usar o banheiro, antes de comer, antes de tocar os olhos, boca e nariz);
- evitar tocar os olhos, nariz ou boca após contato com superfícies;
- usar lenço de papel descartável;
- proteger com lenços a boca e o nariz ao tossir ou espirrar;
- orientar para que o doente evite sair de casa enquanto estiver em período de transmissão da doença (até 5 cinco dias após o início dos sintomas);
- evitar aglomerações e ambientes fechados (deve-se manter os ambientes ventilados);
- é importante que o ambiente doméstico seja arejado e receba a luz solar, pois estas medidas ajudam a eliminar os possíveis agentes das infecções respiratórias;
- restrição do ambiente de trabalho para evitar disseminação;
- hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, ingestão de líquidos e atividade física.
Fonte: Ministério da Saúde
Esse artigo foi publicado no site Clube da Calcinha (13/05/2009).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545