21/11/2009
Não é fácil fazer seu filho comer ou experimentar alimentos novos? Você não entende a razão que faz seu bebê comer menos do que o priminho dele?
Por Moises Chencinski
Quem sabe você não conheça ou não esteja prestando atenção ao processo todo que envolve a alimentação?
Quem sabe você possa modificar o sua postura e a sua rotina se entender que comer não é um ato tão simples assim como parece?
A "recusa alimentar" pode levar mães e avós ao desespero e elas "fazem de tudo" para que a criança coma. Talvez, esse esforço seja exagerado e denecessário.
Posso lhe apresentar um pouco mais sobre os sentidos envolvidos na alimentação ?
Quem sabe assim, as mamães e as vovós possam transformar essa hora de pesadelo em mais uma daquelas boas lembranças que todos temos de nossos tempos de criança.
Visão
O alimento deve ser apresentado à criança de forma que agrade a sua visão. Uma sopa que contenha todos os ingredientes adequados a uma boa nutrição, de forma equilibrada, se for batida, apresentará, quase sempre a mesma "cara". A introdução da refeição salgada para a criança deve ser lenta (o leite ainda é seu principal alimento), gradual (caldo, 2 legumes, 1 verdura) e variada (alternando um alimento por refeição) para com isso, mudarmos, inclusive a cor da sopa. Para crianças maiores, podemos fazer alguns desenhos, com cores variadas, tornando o momento da refeição lúdico e agradável.
Olfato
A criança consegue distinguir os diversos "cheiros" dos alimentos. Quando vamos iniciar a introdução do leite artificial, solicitamos, de início, que a própria mãe ofereça a mamadeira (ou o copo, ou a colher). Quando temos dificuldades na aceitação pela criança, antes de mudarmos o leite, pedimos para que outra pessoa alimente o bebê. Às vezes, é difícil para o bebê aceitar a mamadeira, "cheirando o leite materno no colo da mãe". É importante não exagerar na oferta de alimentos que estimulem em demasiado o olfato para que a criança não venha a apresentar, por excesso de estímulos, recusa alimentar (ela pode "enjoar" do alimento). Assim como nosso apetite fica mais aguçado quando sentimos o cheiro do alimento, se estamos resfriados, por exemplo, perdemos a fome, em parte pelo nariz entupido que impede esta sensação.
Paladar
Esta é a sensação, aparentemente mais óbvia do ato de comer. O gosto é muito individual. Do que é você gosta mais: doce ou salgado ? Se entre os adultos esta ainda é uma questão que causa polêmica, imagine entre as crianças que, inicialmente, não foram apresentadas a todos os alimentos. As crianças também têm o direito de ter preferências e aversões. Mas para isso, é preciso que elas experimentem. E é papel do adulto oferecer e estimular todos os tipos de alimentos, independente de seu gosto pessoal. Além disso, de acordo com a faixa etária, o convívio social, o apelo da mídia, etc., o gosto vai se modificando.
Tato
A criança precisa explorar tudo ao seu redor para assim conhecer o mundo que a cerca. Assim como ela pega os brinquedos e os leva à boca, ela sente a necessidade de sentir, manualmente, a diferença de textura e consistência do que ela vai comer. Não há muita coisa no mundo que se compare à observação de uma criança que está manuseando seu alimento. Suja pra caramba, mas é muito engraçado. E dá para saber, se você seguir as pistas espalhadas pelo chão, pela cadeira, pela roupa da criança, tudo o que a criança comeu naquela refeição. Você já pensou em convidar seu filho a preparar a refeição com você? Arrisque. A criança que teve a oportunidade de aprender a "sentir os alimentos" tem mais chance de querer comê-los.
Tempo
Crianças não são adultos pequenininhos. Elas têm seu próprio "timing" que é diferente dos adultos. Na hora da refeição, isso faz uma grande diferença. Forçar (como se isso fosse possível) uma criança a comer mais rápido fará com que esta não perceba, adequadamente, o gosto, a textura, a consistência, o aroma dos alimentos e não curta o que está fazendo. Se a criança parar de comer, tente não retirar o prato imediatamente. Estimule-a mais um pouco para observar se ela não está mais com fome ou se ela se distraiu com algo mais interessante e chamativo, momentaneamente. E se a comida esfriar ? Não tem problema. Esquente-a um pouco ou deixe que a criança coma o alimento mais frio. Isto não diminui o valor nutricional do alimento (apesar de, em alguns casos, fazê-lo menos gostoso).
Inteligência alimentar:
1) "Aviãozinho, trenzinho, carrinho ou qualquer outro tipo de veículo" - Para a criança comer sem perceber. Isto criará necessidade de, a cada dia, criar novos tipos de meios de transporte para a alimentação (foguetes, naves interplanetárias, etc...).
2) Televisão: Para que ela se distraia com as imagens e coma sem perceber. Isto pode levar ao hábito inadequado de comer sempre que se está na frente da TV --> OBESIDADE.
3) O muito famoso "Já que ...". Já que ele não almoçou, vamos preparar uma mamadeira reforçada com gemada, farinha de cereal, mel, uma fruta e "já que" o bico da mamadeira impede a passagem deste "coquetel" aumentamos um pouco o seu furinho e "já que" quando ele está acordado ele não come, aproveitamos agora, que ele está dormindo e "tuchamos" a mamadeira "guela" abaixo, e ele toma tudo e "não sei porque" ele não aceita lanche "já que" ele não comeu nada no almoço.
4) Elevadores, carros, em frente da TV não são locais adequados para servir de refeitório. Habitue a criança a comer em um local adequado, sem nada que a distraia. Aproveite e estabeleça horários, enfim uma rotina alimentar.
Publicado no Guia da Semana (10/08/2007), na circular 014/07 do site da Escola Anjinho Serafim (17/08/2007) e no site Nova Geração - Itu (10/11/2008).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545