08/12/2009
A cada dia que passa, nos surpreendemos (e ainda bem que ainda nos surpreendemos) com as atrocidades que ocorrem nos tempos modernos e que afetam o meio ambiente, cidades e países, a fome que ainda está dizimando milhões de pessoas pelo mundo.
Mas nada nos choca mais do que quando isso acontece dentro da própria família, que é considerada a célula-mater da nossa sociedade.
É na família que nos julgamos seguros, é de onde tiramos nossas bases de relacionamento para o mundo, é o núcleo da nossa afetividade.
Dessa forma, aquilo que nos parecia imutável, inabalável, tem se demonstrado, aos poucos, uma fonte inesgotável de surpresas, a ponto de vermos, de uns tempos para cá, estarrecidos e inertes, filhos matando pais, pai matando filhos e até mães dizimando a própria família.
Muitas causas são procuradas (não só pela lei, mas pelos meios científicos, tais como razões hormonais, genéticas, ambientais entre outras) para "justificar" essas atitudes.
Uma das questões que temos observado é a idéia de que o que acontece do outro lado do mundo, ou na casa do nosso vizinho, nunca vai acontecer conosco, dentro de nossos lares, dentro de nossa família tão "aparentemente" equilibrada.
Será que isso é verdade? Será que isso é real? Será que estamos tão seguros assim?
Nos cursos para gestantes dos quais eu participava, Dr. Eliezer Berenstein, obstetra e amigo, dizia uma frase que sempre me fazia pensar: "Se os generais (homens) ficassem grávidos e dessem à luz, com toda certeza, eles não mandariam seus filhos para morrerem na guerra."
O que pode estar faltando ou mudando com os tempos modernos para que essas situações estejam tomando conta dos noticiários e de nosso dia-a-dia?
Cada vez que alguma desgraça acontece, queremos mudar algo em nossas vidas como chegar mais cedo em casa, brincar com nossos filhos, jantarmos e conversarmos mais com nossas esposas e maridos, enfim, compartilharmos mais.
Mas com o passar do tempo, retomamos a nossa mesma rotina massacrante (?) no trabalho, no trânsito e até em nossas famílias.
É chegado o tempo de mudanças. É chegado o tempo das transformações. Temos que passar da fase da indignação para a fase da ação.
Relembrando que as famílias são o núcleo de nossa sociedade, poderíamos começar por fortalecer esse vínculo. Mesmo sendo um trabalho de "formiguinhas", mesmo que ele não seja a curto prazo, se cada família fizer a sua parte, com toda certeza podemos iniciar uma "revolução pacífica", uma "guerra de amor" para que não tenhamos mais que nos deparar com Isabelas, Andréas Yates e outros bem menos conhecidos, mas que povoam os noticiários do país e do mundo, diariamente.
Se começarmos já com essa nossa verdadeira lição de casa, em breve sentiremos a diferença, tanto em nossas vidas, como na de nossos amigos, na de nosso país e, mesmo que nós não consigamos viver nesse mundo melhor, quem sabe não podemos deixar um legado diferente para nossos filhos ou nossos netos. Já seria, pelo menos, uma luz no fim do túnel, uma razão para mudar.
Não faça como aquele seu regime que você só vai começar depois do feriado ou na próxima segunda-feira.
Que tal aproveitarmos o dia de hoje para começar essa transformação?
Eu já comecei a minha.
Esse artigo foi publicado no site Revista Hospitais Brasil (25/04/2008), no site Clique ABC (09/05/2008) e no site Veja em São Paulo (12/05/2008).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545