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Alimento e carinho na primeira hora de vida

11/02/2010

ALIMENTO E CARINHO NA PRIMEIRA HORA DE VIDA

Cada vez mais médicos incentivam a mãe a amamentar o bebê assim que ele nasce
Deborah Trevizan

Assim que nasce, o bebê vai para o peito. Esse tem sido o procedimento adotado pelos médicos, sem esperar quatro ou cinco horas para a primeira amamentação. Aidéia não é nova. Desde 1990 a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Unicef elaboraram a iniciativa Hospital Amigo da Criança, que tem como objetivo apoiar e orientar as equipes que trabalham na área da saúde para que mudem as condutas e rotinas a fim de incentivar a amamentação exclusiva até os seis meses e a sua continuidade. Dez passos são descritos como essenciais para o sucesso do aleitamento materno, sendo que o quarto passo pede aos profissionais da saúde justamente que ajudem as mães a iniciar a amamentação na primeira hora de vida.

A IMPORTÂNCIA DE AMAMENTAR
Para ajudar as mães e os profissionais da saúde a promover esta amamentação na primeira hora, a Aliança Mundial de Ação Pró-Aleitamento Materno, a WABA - uma de organizações relacionada com a proteção,promoção e apoio da amamentação no mundo todo - realizará de 1 a 7 de agosto a Semana Mundial de Aleitamento Materno com o tema:"Aleitamento Materno na Primeira Hora - Salve um Milhão de Bebês". Com sede na Malásia, o objetivo da Aliança é promover o debate sobre o tema em várias partes do mundo por meio de encontros e discussões com profissionais de saúde e mães.

Afeto indispensável
Não importa se o bebê nasceu de parto natural ou cesárea. Desde que a mãe esteja bem e disposta a este contato, os profissionais de saúde devem promover a amamentação. Os benefícios primeiros dessa prática nem são nutricionais, já que o bebê nasce com uma reserva de nutrientes suficiente para que passe as primeiras horas de vida sem se alimentar. É, na verdade, o contato quase imediato com a mãe para a formação do vínculo emocional. "Nesse momento o mais importante é o reconhecimento que acontece entre a mãe e o bebê", diz o neonatologista Carlos Eduardo Corrêa, colaborador da ONG Amigas do Parto. Nos partos normais, esta amamentação imediata acontece com mais freqüência, porém nas cesáreas já é rotina dos hospitais separarem a mãe e o bebê logo após o nascimento. "Deveria acontecer exatamente o contrário. Acriança que acabou de nascer é o presente que a mãe tem direito após o esforço, não importando se foi cesárea ou parto normal". No caso da cesárea, o Carlos Eduardo ressalta que, por exigir maiores cuidados, já que se trata de uma cirurgia, a mãe precisa sempre de alguém que a auxilie no primeiro contato com o bebê.

Promover a amamentação na primeira hora de vida fortalece o vínculo entre mãe e bebê A mãe deve estar devidamente orientada e amparada por profissionais competentes e capacitados. "É um momento de transição importante onde o bebê que estava alojado no útero, recebendo oxigenação e alimentação, por meio do cordão umbilical passa a estar sem referências espaciais e tendo que respirar e se alimentar por conta própria", diz o pediatra e homeopata Yechiel Moises Chencinski, de São Paulo.

Embora os principais benefícios sejam emocionais, a amamentação imediata não deixa de ser importante também do ponto de vista fisiológico, já que fornece ao bebê a primeira carga de imunização por meio do colostro (alimento rico e transparente produzido pelo seio). A amamentação também traz benefícios para a saúde da mãe, pois auxilia a liberação do hormônio ocitocina, que ajuda na contração uterina, evitando sangramentos e fazendo com que o útero volte ao tamanho normal mais rapidamente. O benefício, portanto, é para todos.

Os direitos das gestantes
Além de constar nos dez passos para o sucesso do aleitamento, a amamentação imediata faz parte dos Dez Direitos das Gestantes,propostos pela OMS. Confira quais são:

1-Receber informações sobre gravidez e escolher o parto que deseja.
2-Conhecer os procedimentos rotineiros do parto.
3-Receber informações sobre gravidez e escolher o parto que deseja.
4-Não se submeter à tricotomia (raspagem dos pêlos) e a enema (lavagem intestinal), se não desejar.
5-Recusar a indução do parto, feita apenas por conveniência do médico (sem que seja clinicamente necessária).
6-Não se submeter à episiotomia (corte do períneo), que também não se justifica cientificamente, podendo a gestante recusá-la.
7-Não se submeter a uma cesárea, a menos que haja riscos (o que pode ocorrer em 20% dos casos, embora o índice de cesáreas na rede hospitalar privada, no Brasil, esteja em torno de 80%).
8-Não se submeter à ruptura artificial da bolsa amniótica, procedimento que não se justifica cientificamente, podendo a gestante recusálo. Escolher a posição que mais lhe convier durante o trabalho de parto.
9-Começar a amamentar seu bebê sadio logo após o parto.
10-A mãe pode exigir ficar junto com seu bebê recémnascido sadio.

VALEU A PENA
As mães que tiveram a oportunidade de amamentar logo depois do nascimento gostaram muito da experiência. Juliana Barreira teve Pedro, de 8 meses, por meio de cesárea, após ter esperado 8 horas numa indução para o parto normal. "Assim que terminou a cirurgia, fui levada para uma sala bem ao lado e o Pedro já veio para o meu colo.A enfermeira nos ajudou - eu e meu marido - a colocá-lo no peito e ele sugou com força total. Ele foi comigo, mamando, até o quarto e ficou quietinho acomodado no meu colo". João, de 2 anos, nasceu após 24 horas de trabalho de parto de sua mãe Thais Sato, num parto domiciliar. Foi o presente da mãe depois de todas estas horas."Estava muito cansada após o nascimento de João.Deitei na cama e logo o meu marido o trouxe, o que foi ótimo. Ele pegou o peito, mamou por uns 5 minutos direto, olhando no meu olho, com a mão no meu seio. Eu e ele, enrolados na toalha ainda. Nem preciso dizer que o cansaço sumiu, né?"


Esse artigo foi publicado em julho de 2007 na Revista Meu Nenê Online - Edição 111 e em 31/07/2007 no site E-familynet - o Portal da Gravidez.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545