11/03/2010
Quando eu saí da faculdade e da residência médica, a rotina alimentar para os bebês era oferecer o seio materno enquanto possível. Com 1 mês de vida se introduzia o suco, aos 2 meses a papa de frutas, aos 3 meses o almoço e aos 4 meses o jantar. E isso acontecia mesmo com as mulheres ficando mais em casa, trabalhando menos fora de casa do que fazem hoje. Veja um link interessante mostrando o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho de 1940 a 1990.
Nessa época, não havia o estímulo ao aleitamento e a introdução de outros alimentos, juntamente com a oferta de outros tipos de leite artificiais (de vaca inicialmente e em fórmulas depois) de fácil preparo, antecipava o desmame.
Hoje, quase 30 anos depois, o leite materno assume seu papel primordial, preponderante, fundamental e até exclusivo nos bebês até o 6º mês de vida. Explicando melhor: até o 6º mês de vida, o único alimento que o bebê precisa é o leite materno.
- Mas, Dr. Moises, e água?
- Não precisa!!!
- Um suquinho??
- Não!!!
- Uma fruta???
- Nem pensar!!!
- Danoninho????
- Além de não valer por um bifinho, NÃO!!!
O leite materno é o alimento completo, necessário e suficiente para o bebê até o 6º mês de vida. Para tornar essa opção viável, a licença-maternidade está passando de 4 para 6 meses, através de projeto que passou pelo Senado e aguarda aprovação pela Câmara para ser sancionada como lei (mesmo que seja opcional, estimulada por incentivos fiscais).
Essa é orientação que foi proposta na Organização Mundial de Saúde e foi adotada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, pela Sociedade de Pediatria de São Paulo, e ... por mim.
E até que alguém me prove o contrário, minha postura será sempre a de estimular, ao máximo, o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida.
Seio materno
Não há como mudar o discurso. Não há como não insistir.
O leite materno é a alimentação necessária, suficiente, adequada, total, definitiva, imprescindível, inquestionável... , fundamental, etc., etc... será que eu esqueci algum adjetivo (está tudo incluído nos... e nos etc., etc., tá?)
Todos nós sabemos da importância do aleitamento. Mas, e sempre aparece um mas, a mamãe precisa ter consciência, conhecimento e, principalmente vontade e apoio para poder executar esta tarefa e ter este prazer de forma adequada.
Que ninguém diga que será fácil.
Que ninguém diga que não será necessário persistir um pouco mais em determinadas situações adversas.
Que ninguém desvalorize o entusiasmo, o esforço de uma mãe que quer amamentar.
Todos são contra as guerras, mas poucos "brigam" pela paz, não é mesmo?
Assim, é necessário apoiar, dar suporte e condições físicas e emocionais para que a mamãe possa se dedicar a este procedimento tão fundamental para o bebê, para ela, para o papai e para toda a humanidade.
É isso mesmo: amamentar é a perfeita síntese de mamãe e amar.
Este artigo foi publicado no Site Meu bebezinho em 18/03/2008 e nos sites Veja em São Paulo e Veja Diadema (12/06/2008).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545