03/03/2010
Esse é o sonho de todas as mães. Saiba que, com algumas atitudes, dá para garantir um bom relacionamento entre os filhos.
Reportagem: Stella Galvão
A relação em família é um ótimo treino para a vida adulta que espera os filhos fora de casa. Especialmente entre irmãos, fonte inesgotável de conflitos, mas também de muito aprendizado. "É uma ilusão imaginar que os irmãos devam sempre viver num mar de rosas. No mundo real as coisas não funcionam assim", comenta o neurologista infantil Saul Cypel, diretor do Instituto de Neurodesenvolvimento Integrado, em São Paulo. O homeopata Moises Chencinski, pediatra e hebiatra, vai mais longe. Ele acredita que os irmãos sempre vão brigar, se provocar, ter ciúmes um do outro e vão esquecer várias vezes de que se gostam muito.
Mas como intermediar os conflitos sem mostrar preferência por este ou aquele filho? Primeiro é preciso ouvir o argumento de cada um e entender o que está por trás da intriga. "Na maioria das brigas, ambos têm sua parcela de culpa, assim como ocorre com os adultos", lembra a psiquiatra Carolina Zadrozny da Costa, do Serviço de Psiquiatria e Psicologia da Infância e Adolescência do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo.
Conheça seus filhos
Para a psicóloga Rosely Sayão, todo relacionamento implica em respeitar, identificar e também negociar as diferenças entre as pessoas. São os pais que devem transmitir esses conceitos, conversando com seus filhos diariamente, prestando atenção à rotina e disciplinando-os. Além disso, devem estar atentos a possíveis agressões físicas e psicológicas entre eles, que possam afetá-los futuramente.
"Quer se queira ou não, é mais comum o mais velho influenciar o irmão menor", explica Moises. No entanto, nem toda influência deve ser vista como ruim. A boa, aponta a psiquiatra Carolina, é quando o mais velho ajuda o irmão mais jovem a lidar com uma série de novos aprendizados, respeitando seus limites e vontades.
O que fazer quando há um delator
Toda mãe já passou pela situação em que um dos irmãos contou o que o outro fez ou deixou de fazer. Essa atitude não é inofensiva. Aliás, os especialistas aconselham a desestimular esse hábito: por trás dele pode se esconder a necessidade de competição.
Em muitos casos, isso gera conflitos e brigas entre os irmãos, e pode inclusive criar problemas futuros para a criança, seja com os amigos, na escola ou no ambiente profissional – um delator sempre termina mal visto pelos colegas. Mas há exceções. A psiquiatra Carolina Zadrozny lembra que: "Quando um dos irmãos faz algo errado, é até importante os pais saberem".
A chegada de um irmão
O filho único sente-se ameaçado quando ganha um irmãozinho, é natural. Para ele, significa que a atenção e o carinho dos pais, o quarto e os brinquedos serão divididos. Para lidar com a situação, conheça os conselhos dos especialistas:
* converse com a criança, explique que um bebê está a caminho e que a rotina da família mudara. "É fundamental esclarecer que a atenção ao recém-nascido será maior nos primeiros meses, pois ele necessitará de maiores cuidados. Os pais podem incentivar o irmão a participar desses cuidados", aconselha Carolina.
* deixe claro para o filho mais velho que ele não perdeu o amor, a amizade e a dedicação em momento algum.
* dedique um tempo exclusivo para o mais velho. Não deixe de fazer os passeios que vocês realizavam.
* não perca o controle quando as crises de ciúmes surgirem. "Com o tempo, quando ficar claro que há amor para todos, tudo se estabilizará", afirma a psiquiatra Carolina Zadrozny.
Os sete erros
Quando o assunto é a amizade entre os filhos, nem sempre a boa vontade dos pais por si só funciona. Fuja dos erros mais comuns
Atenção ou proteção diferenciada
Alguns irmãos são até parecidos fisicamente, mas mesmo os gêmeos são diferentes um do outro. É preciso respeitá-los na sua individualidade e ao menos tentar não mostrar preferências por um ou outro.
Ausência de regras na casa
Não basta cortar as discussões e apaziguar os ânimos entre eles uma única vez. É preciso ter constância e criar restrições e castigos para os que quebram as regras o tempo todo. É assim em sociedade, não é?
Falta de autoridade
Evite chamar a atenção de um jeito mole. É preciso firmeza e clareza na hora de colocar os limites. Isso não significa que você precise fazer ameaças. Dar broncas e evitar brincar com a criança (como punição) só vai incentivar a sua agressividade.
Nunca contrariar o filho
A criança deve aprender nos relacionamentos, a partir de casa, que existem as outras pessoas e elas têm vontades e opiniões diferentes entre si. Portanto, nem sempre os desejos dela serão satisfeitos, seja dentro ou fora do lar.
Esquecer do mais velho quando chega o bebê
Erro muito comum e agravado pela grande dependência de cuidados do recém-nascido. O ciúme do mais velho é natural (embora temporária) pois ele realmente perdeu atenção.
Fingir que o atrito não existe
Não há como evitar que pessoas de idades diferentes, interesses diversos e expectativas particulares entrem em choque. É assim com os irmãos também. O importante não é não termos problemas, mas saber lidar com eles.
Adiar o problema
Se a situação fugiu ao controle e as conversas e tentativas de mediação não funcionam mais, procure ajuda especializada. O pediatra ou outro médico de confiança pode indicar o profissional mais adequado.
Esse artigo foi publicado, no Portal do bebé.com - Portugal (10/04/2010), no site O que eu tenho? (05/07/2009), na Revista Dona & cia – nº 2 - ano 1 - pág. 78 a 80 – JANEIRO 2008
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545