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Alimentação adequada

17/05/2010

Colunista tira dúvidas da alimentação das crianças durante as férias


Entre as entrevistas que respondi em 2008, algumas são utilizadas na íntegra e outras são aproveitadas para compor uma matéria. Mas as perguntas que me enviam costumam ser ótimas e me permitem passar algumas explicações úteis e simplificadas a respeito do assunto.

Como estamos no período de férias, vou aproveitar para falar um pouco mais sobre a alimentação de nossas crianças. Acompanhem a primeira parte agora. Em fevereiro, publico a segunda.

Com a variedade de comidas prontas, você acredita que fica mais difícil incentivar a criança a fazer uma alimentação saudável?

Dependendo da idade da criança, ela não deve receber comidas prontas como opção na sua alimentação. A criança come o que lhe é oferecido.É importante estabelecer uma rotina alimentar desde cedo, iniciando pelo o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida. A partir daí, a introdução de outros tipos de alimento devem seguir uma orientação pediátrica adequada durante as consultas periódicas de puericultura.

Mesmo sendo submetida às tentações alimentares do mundo moderno e apesar de a criança gostar de experimentar, a alimentação saudável segue a rotina da casa, da família e da vida dessa criança.Pode ser difícil, mas é muito necessário. Aqui no Brasil já atingimos índices alarmantes de crianças com doenças de adultos (obesidade, alterações de colesterol, diabetes e hipertensão arterial).Esses alimentos prontos, só para citar um exemplo menos flagrante do que as calorias, possuem um nível elevado de sódio, que é um dos fatores que favorecem o aumento da pressão arterial. Nós adoecemos pela boca e nos curamos pela boca. Simples assim.

Como os pais devem administrar a alimentação dos filhos? Há espaço para uma conversa ou isso deve ser imposto? Por quê?

As individualidades não devem ser agredidas, não se deve forçar a criança a nada. A alimentação deve ser uma rotina tão simples quanto ir ao banheiro, dormir e brincar. Alguns hábitos são fundamentais para uma alimentação saudável, sem relação com o alimento propriamente dito são fazer a refeição à mesa, não comer na frente da TV, não brincar, não enganar e alorizar o momento da refeição.

Outro grande problemas no quesito alimentação é a expectativa dos pais, especialmente na comparação com outras crianças de uma mesma faixa etária. Ainda existe o conceito de que uma criança saudável tem que comer muito, um pouco de tudo e ser mais gordinha. Cuidando da alimentação desde cedo e participando da decisão do cardápio de uma criança, não haverá necessidade de conversar ou impor um cardápio. Ou algum pai impõe a hora e a "obrigatoriedade" de uma criança de evacuar? A questão está em quem supre a casa de alimentos.

Uma criança pode comer de tudo, desde que sejam respeitados horários, quantidades, variedades e capacidade digestiva e de mastigação de cada fase da vida. O importante é o acompanhamento dos pais e do pediatra, analisando, orientando. Experimentar. Esse é um hábito importante a se estimular na criança. "Não experimentei e não gostei?". Muito difícil de aceitar, não é? Conversando, impondo ou apenas comendo. A alimentação dos filhos é responsabilidade de seus pais. Sempre.

Se os pais não se alimentam bem, podem exigir que os filhos se alimentem de maneira correta? Por quê?

Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço. Isso já foi muito usado e é uma ótima "desculpa", mas uma péssima justificativa para os pais. As crianças buscam ser o reflexo de seus pais, imitar seus hábitos, seguir suas manias. Sem a menor sombra de dúvida, é muito mais fácil adequar a alimentação de uma criança se os pais se alimentam de uma forma saudável.

Eu não digo isso para o "saudável chato". É importante que a criança conheça os alimentos e, sempre que possível, que eles sejam apresentados a ela pelos seus pais. Quando encontramos uma criança com sobrepeso, observamos que o seu tratamento é muito mais difícil se a casa e a família não colaborarem. É fundamental que "a casa emagreça". Assim, com todo o grupo trabalhando em conjunto, as chances de sucesso na adequação alimentar dessa criança serão muito maiores.


Esse artigo foi publicado no Guia da Semana (30/01/2009).

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545