20/05/2010
Apesar de o parto vaginal (normal) ser considerado o ideal, há situações em que a cesariana deve ser o método de escolha para preservar a mamãe, o bebê e o vínculo. Entre as indicações mais adequadas de uma cesariana, podemos encontrar causas relacionadas a:
Bebê – os 3 primeiros podem ser avaliados antes do parto:
- Posição do bebê não adequada para o parto vaginal (sentado ou de lado, sem estar com a cabeça encaixada no períneo);
- Bebê muito grande (em relação ao períneo materno) impedindo a saída pela via vaginal;
- Cordão umbilical curto ou enrolado no bebê;
- Sinais de sofrimento fetal, durante o parto (queda ou aceleração de batimentos cardíacos, presença de mecônio quando rompe a bolsa, etc).
Mamãe – a maioria pode ser prevista e resolvida (ou não) durante a gestação, sem muitas surpresas.
- Colo do útero que não dilata adequadamente, mesmo após as tentativas com manobras e anestesia;
- Bacia muito pequena;
- Pressão elevada na hora do parto (eclampsia ou pré-eclâmpsia);
- Mioma uterino colocado à frente do bebê, impedindo sua saída;
- Problemas clínicos da mãe (cardiopatia ou outros) de difícil controle;
- Placenta de implantação uterina baixa ou envelhecida antes do tempo;
- Cesarianas anteriores;
- Descolamento da placenta com sangramento.
A anestesia é um procedimento cada vez mais seguro e com menos complicações.
Alguns trabalhos mostravam que a anestesia peridural poderia gerar problemas na amamentação, especialmente na primeira semana pós-parto. Mas havia outros fatores que poderiam contribuir para essa situação (cesariana e outros quadros) e nada foi comprovado definitivamente.
Com a anestesia raquidiana e com a peridural a participação da mãe no trabalho de parto, fazendo força ativamente, não ocorre.
Alguns fatores podem ser comparados de forma mais prática entre o parto via vaginal (normal) e o parto via abdominal (cesariana).
Para o parto normal, a recuperação costuma ser mais rápida e com bem menos dor no pós-parto. Com isso, a alta hospitalar é mais rápida (48 horas contra 72 horas na cesariana). O início da amamentação costuma ser mais rápido e mais facilmente estimulado. A volta às atividades normais costuma ser mais precoce após um parto normal do que em uma cesariana e a volta à atividade sexual habitual também segue esse mesmo padrão.
Os riscos de complicações são maiores em um parto (cirúrgico) via abdominal, tais como a infecção puerperal (pós-parto), hemorragias, lesão de outros órgãos, aderências. Enquanto a repetição de partos normais ocorre com mais facilidade, a repetição de cesariana pode incorrer em dificuldades maiores pelas intervenções anteriores.
Em relação ao bebê, quando ocorre o parto normal, habitualmente mamãe e bebê estão prontos e preparados para isso. No caso de uma cesariana, o tempo de espera até o nascimento está encurtado, o trabalho de parto pode não se iniciar, interferindo negativamente na respiração do bebê, levando a eventuais problemas respiratórios do recém-nascido.
Via vaginal ou via abdominal, há que se ter um bom vínculo entre médico e casal gestante para que a decisão seja tomada baseada em critérios médicos, levando-se em conta as emoções e sentimentos do momento.
Sempre que possível, deve-se estimular o parto via vaginal (normal), com a participação do casal ("mamãe e papai grávidos") e fortalecimento do vínculo com o bebê, através da amamentação ainda na sala de parto, mantido como forma exclusiva de alimentação até o sexto mês de vida.
E quando não for possível, ou houver necessidade de uma intervenção cirúrgica (cesariana) e/ou haja necessidade de se complementar o aleitamento materno até o sexto mês, que isso seja visto sem culpa, mas como a decisão possível e real para o momento, através de uma avaliação conscienciosa e criteriosa da situação pelos médicos (obstetra e pediatra) de confiança dessa família.
Esse artigo foi publicado no site Meu Bebezinho (10/02/2009).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545