11/05/2010
Pais divorciados, ideias diferentes. Confira as dicas para afinar o discurso e fazer da educação do seu filho um trabalho em grupo, mesmo que vocês estejam separados
Glycia Emrich
Divórcio já não é mais uma exceção. De acordo com o IBGE, em 2007, para cada 4 casamentos ocorria uma separação. E desde 1984 houve um aumento de 200% nas taxas de rompimento de relações (divórcios diretos e separações). Lidar com o fim do casamento não é tarefa fácil, ainda mais quando há um filho envolvido – e os pais não entram em um acordo sobre a educação do mesmo. O pai diz sim, a mãe diz não e a criança permanece no meio de um conflito desnecessário.
Após a separação, os conflitos de ideias se acirram e os joguinhos de poder entre pai e mãe podem tomar dimensões desastrosas. "As oportunidades costumam ser utilizadas para mostrar e provar, por A + B, que eu estava certa e ele estava errado, e vice e versa. Muitas vezes, para algumas pessoas, isso é mais importante do que seguir em frente com a sua própria vida e a de seu filho", explica o pediatra Moisés Chencinski.
Cada macaco no seu galho?
Separar não significa discordar de tudo. O legal é que a educação seja um processo coletivo e de ajuda mútua. Pai e mãe juntos na hora de educar não implica em reatar o casamento. Superadas as dificuldades iniciais do divórcio, é necessário manter o hábito de sentar e conversar sempre sobre o futuro do filho.
De acordo com o especialista, há alguns conceitos que precisam sempre ser observados no relacionamento com os filhos:
Amor
Muitas vezes a criança não entende que marido e mulher se separaram, mas pai e mãe ainda existem. É fundamental que a criança se sinta amada: os pais deixaram de se amar, mas em momento algum deixaram de amar seu filho. Só dizer isso não é suficiente; é preciso demonstrar esse afeto. Nada de competir para quem ama mais ou menos. Frases do tipo: "Sua mãe não te ama tanto, afinal, sou eu quem levo você todo dia para a escola", são completamente descartáveis.
Respeito
O filho não pode e não deve ser utilizado como o depositário dos desentendimentos do casal. É uma carga muito pesada e a criança não é preparada para isso (e nunca deveria estar).
Coerência
Está ficando cada vez mais difícil? Não deveria. Sejam coerentes para que a criança se sinta segura. Vocês não precisam ter as mesmas ideias (e essa divergência é até produtiva), mas é fundamental que ajam de forma coerente e respeitem as ideias do outro. A criança não tem a responsabilidade de escolher entre um e outro. Ela ficará confusa se tiver que descobrir quem está certo ou errado.
Culpa
O casal se sente culpado em relação aos filhos pela separação. E aí, rotinas são modificadas, concessões perigosas são feitas e geram instabilidade na vida da criança. As regras não devem mudar porque o casal se separou. A rotina precisa ser mantida para segurança e bom desenvolvimento da criança.
Essa matéria foi publicada no site IG - Delas (16/01/2009), no blog Dicas de Relacionamento (20/11/2011).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545