09/05/2010
Especialista traça paralelo entre o natal e o consumo
por Gabriela Fontes
O período que antecede o Natal é o momento em que as lojas mais incentivam a população a comprar, principalmente as crianças, que após verem propagandas, querem de qualquer forma as novidades apresentadas.
De acordo com o pediatra Moises Chencinski, que acaba de lançar o livro "Gerar e Nascer - um canto de amor e aconchego", os cuidados que os pais devem ter em relação às propagandas infantis devem ser constantes. "As crianças precisam sempre de limites em todas as situações e isso inclui o fator consumo", afirma.
Dr. Moises explica que muitos pais têm receio de negar alguma coisa aos filhos, o que não ajuda em nada na formação deles.
Ele afirma que os pais são modelos para os filhos e que o comportamento deles também serve de exemplo para o consumismo exagerado, além de oferecer às crianças a percepção errada do mundo real. Acompanhe a entrevista completa:
Consumidor Moderno: Como competir com os meios de comunicação? De que maneira os pais conseguem mostrar aos filhos a diferença entre as opções de brinquedos e a realidade da criança?
Moises Chencinski: A questão é muito mais ampla e de formação do que se discutir como resolver essa situação às vésperas do Natal. Em um lar (não uma casa), onde vive uma família, a formação é tudo. Vivendo constantemente dentro de sua realidade e de suas possibilidades, sem deixar de planejar e sonhar, os pais podem e devem transmitir aos seus filhos o que são considerados bons valores, valores positivos.
Consumidor Moderno: Mesmo com uma postura adequada em casa, ao chegar nas escolas às crianças são colocadas em prova novamente. Como mostrar que, independente do amigo ter o brinquedo da moda, a criança pode ter um outro brinquedo tão legal quanto?
Moises Chencinski: "Não entendo como ele ficou assim. Eu sempre dei a ele tudo o que ele queria".
A resposta está no próprio questionamento. Apesar de algumas pessoas acharem o contrário, não se pode ter tudo. Atender as necessidades e desejos de seus filhos é importante, mas fazê-la acreditar que isso pode acontecer sempre, é muito perigoso.
Frustrações fazem parte de nosso dia-a-dia. Quem não aprende a conviver com isso não consegue imaginar limites para seu prazer e sua satisfação.
Consumidor Moderno: Qual o conselho para que os pais consigam manter uma postura adequada diante das chantagens emocionais das crianças, preservando a boa educação?
Moises Chencinski: Pais não são, não devem ser e nem devem passar a impressão de saberem tudo, poderem tudo e estar sempre presentes. E os desejos de nossos filhos são intermináveis e ilimitados. E, por mais sacrifícios que os pais façam (movidos, também, pela culpa) para atender todos os caprichos de seus filhos, a frustração virá de outras formas (perda de uma namorada, um telefone que não toca, a não entrada em uma faculdade, por exemplo) que não dependem do poder desses pais.
Uma vez que esses pais estejam conscientes de seus papéis, de seus limites, e consigam mostrar e transmitir esses conceitos desde cedo a seus filhos, eles crescerão dentro de um mundo possível e real. E, mesmo sob pressão da mídia, haverá a possibilidade de se controlar esse consumismo excessivo, convivendo com frustrações, mas também com amor, respeito e bons valores. E esses valores arraigados serão levados para a escola e para o mundo, no convívio social.
Educar é tudo? Sim, mas com amor, respeito e bom senso.
Essa matéria foi publicada no site SEGS Portal Nacional de Propaganda (24/11/2008), no site Consumidor Moderno (17/12/2008), no site Circuito On-line (21/12/2008).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545