08/06/2010
Muitas vezes, não atrapalhar já ajuda muito.
E o que podemos fazer para que nossos filhos passem por essa fase sem tantos traumas?
Reconhecendo o momento
Como é dito na quase totalidade dos artigos e matérias que falam sobre o assunto, não há uma idade precisa para largar as fraldas e adquirir o controle das fezes e da urina. Na maior parte das vezes, isso ocorre entre os 2 e 3 anos de idade, quando a criança já passou por algumas experiências que a qualificam para a função.
Poderíamos discutir horas a respeito das justificativas (freudianas, até) para que cada criança tenha seu ritmo (aquela história de fase oral, anal, genital entre outras) e a importância de não apressarmos e não retardarmos o início e final de cada uma dessas fases, sob pena de sermos condenados e amaldiçoados pelos nossos excessos de pais.
Muita calma nessa hora, também. Se nós já aprendemos a conter nossa ansiedade desde que o bebê nasceu, por exemplo, sabendo estimular o aleitamento materno exclusivo, fugindo das tentações da introdução precoce de outro tipo de alimentos, essa será só mais um dos incontáveis testes pelos quais teremos que passar. E, com toda certeza, todos nós vamos passar.
Assim é importante estabelecer o bom momento para o início do treinamento esfincteriano, nem muito cedo, quando a criança ainda não tem a capacidade de aprender e entender o que está acontecendo, nem muito tarde, para não provocar uma infantilização das atitudes habituais dessa criança, sendo tratada, por tempo excessivo, como o bebezinho da família.
Na prática
Para a adequada execução do controle do esfíncter, são necessários alguns atributos que determinarão, em parte, quando é hora de começar.
O movimento voluntário de locomoção (andar, equilíbrio, sentar e ficar sentado, subir e descer escadas, por exemplo) é primordial para que o uso do pinico ou do contentor seja possível.
Para se atingir o melhor resultado, sem traumas ou decepções, há algumas fases a se transpor para o início do curso: "Como se livrar das incômodas fraldas". Dividindo didaticamente, precisamos passar por:
1) Criança sentir e avisar que fez – enquanto o bebê carrega o produto de suas refeições empesteando a casa com aquele cheirinho desagradável e ele não se incomoda, de nada adiantará tentar convencê-la a usar o piniquinho.
2) Criança sentir e avisar ou não que está fazendo – esse é um passo fácil de identificar. É só olhar a fisionomia de todos na casa. O bebê fica com aquela cara estranha, engraçada de quem está fazendo um enorme esforço, mesmo que ele esteja brincando, ouvindo música ou correndo. Os pais se dividem entre aquela cara de angústia (parece que são eles que estão fazendo a força), dúvida (meu Deus, será que ele vai conseguir?) e alívio (ufa, "que cocozinho lindo" – só mães e avós para terem essa visão).
3) Criança sentir e avisar que quer fazer – Aqui chegamos no ponto. E não perca o timing. Corra junto com ele.
A partir daqui, o treinamento do controle está pronto para ser iniciado.
Mas não podemos começar esse treino antes?
Sim, mas as chances de uma reviravolta durante o processo e de uma regressão ficam menos possíveis se tivermos um pouco mais de paciência e aguardarmos esse momento.
E quanto ao treinamento?
Isso é tema para um próximo artigo (que já está em treinamento).
Esse artigo foi publicado no site Meu Bebezinho (13/05/2009), no site iTodas - Mãe (01/10/2009), no site Salvem as nossas crianças (05/10/2009).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545