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Homeopatia e o H1N1

28/06/2010

Acompanhamento médico é necessário para optar pelo tratamento

Antes de mais nada, é importante que eu diga que sou médico pediatra, formado pela Universidade de São Paulo em 1979 e homeopata desde 1996 pelo CEPAH. Essa informação é fundamental para que fique claro que essa mensagem tem a mais simples intenção de preservar o bom nome da Homeopatia e alertar as pessoas que não a conhecem sobre a necessidade de buscar, sempre, métodos éticos e criteriosos de tratamento, independente da sua fonte (alopatia, acupuntura, homeopatia entre outros).

Independente da situação, temos o hábito de buscar as saídas mais simples e mais fáceis, mesmo sabendo que elas não nos levam ao resultado pretendido, nem de forma definitiva, nem de maneira suave e muito menos sem causar efeitos colaterais indesejados.

Isso vale para as fórmulas de emagrecimento , para tratamentos mirabolantes para aumentar a imunidade , entre muitos outros e a mais nova colaboração para essa situação é o aparecimento da Gripe A H1N1.

A gripe suína (agora Gripe A) é o resultado de uma mutação viral que provoca uma síndrome gripal, mais contagiosa do que a gripe sazonal (gripe comum ), porém tão ou menos grave do que essa (não mais do que a sazonal). Sua evolução ainda é desconhecida, especialmente por se tratar de um vírus novo. Assim, a maior parte dos critérios estabelecidos para a Gripe A foram baseados nos dados da gripe sazonal e alguns desses já estão sendo modificados. O grupo de risco é um deles, por exemplo.

Apesar de o grupo de risco ser abaixo de 2 anos (agora 5 anos) e acima de 60 anos, o que se observa é uma maior incidência (65 a 70%) de pacientes entre 20 a 50 anos. Isso se deve ao fato de, no início da pandemia, quando ela ainda não era sustentada (não havia transmissão local de pessoa para pessoa), ocorrer apenas entre as pessoas que viajavam para áreas onde a doença estava aparecendo. Assim, é nessa faixa de idade (20 a 50 anos) que se concentrava esse grupo. Essa estatística já está mudando e gestantes e obesos mórbidos já estão incluídos dentro do grupo de risco.

Ainda não há vacina contra o H1N1. A vacina de gripe não protege contra essa doença. O Instituto Butantã recebeu em 12/08/2009 a matéria prima e essa vacina estará disponível apenas entre dezembro de 2009 (importadas) até abril de 2.010 (nacionais). O oseltamivir não oferece nenhuma prevenção contra a doença. Explicando melhor: não adianta tomar antes para não pegar.

Da mesma forma, não existe remédio homeopático que previna contra o H1N1. Pelo menos, até o momento, não há nenhum trabalho científico válido e comprovado que mostre isso. E desafio qualquer médico homeopata a mostrar o contrário. A homeopatia não trata doenças. A homeopatia trata indivíduos. E eles são indivíduos porque são únicos, reagindo de formas próprias, com suas características particulares e peculiares. Um indivíduo tratado pela homeopatia tem condições de reagir melhor a estímulos que causem doenças, a se manter melhor, enquanto o quadro existe e a se curar melhor, quando isso for possível.

O médico homeopata é um profissional formado em faculdades de medicina tradicionais que acrescenta ao seu conhecimento básico, comum a todos os médicos generalistas e em suas especialidades, outra forma terapêutica que, inquestionavelmente, pode beneficiar seus pacientes, desde que usada de forma ética, criteriosa e consciente.

Bastou um pouco de alarme, uma doença não tão conhecida, que pegou a população mundial de surpresa (apesar de já ser esperada pela comunidade científica), para que novas possibilidades terapêuticas apareçam. Independente do tipo de tratamento utilizado, ainda não há uma vacina eficaz, ainda não há um medicamento que livre 100% da população das complicações da doença e o único método eficaz de verdade e garantido na prevenção da doença é a responsabilidade e a cidadania.

Lavar as mãos, evitar compartilhar copos, pratos, talheres, usar lenços descartáveis para conter espirros, evitar aglomerações, não sair de casa em quadros suspeitos (febre, dor de garganta, tosse e dificuldade respiratória) e não mandar seus filhos para a escola nessa situação. Além disso, uma alimentação equilibrada, hábitos de vida saudáveis e atividade física regular são fatores fundamentais na manutenção da saúde. Essas atitudes, além de proteger as pessoas de adoecerem, previnem sua disseminação. Mas, isso é muito mais difícil e requer muito mais responsabilidade do que apenas tomar remédios milagrosos.

Tenho recebido muitos e-mails e questionamentos em consultas sobre alguns métodos homeopáticos de prevenção e tratamento contra a gripe A, que se dizem eficazes. E ainda, ao final, acrescentado na informação que: Como é um medicamento homeopático significa dizer que quimicamente dentro do vidro só terá água e não tem efeitos colaterais e contra-indicações.

Nenhum medicamento homeopático protege especificamente contra a gripe A. Nenhum medicamento homeopático confere proteção contra gripe. O medicamento homeopático pode e deve ser prescrito em casos avaliados um a um. O Influenzinum vendido nas melhores farmácias homeopáticas (bioterápico de preparação homeopática, feito à base de vírus Influenza atenuado), que é um dos medicamentos divulgados nessa receita mágica, tem, como base, o vírus Influenza da gripe asiática (H2N2) não sendo, de forma nenhuma um medicamento específico para essa pandemia. Isso vale para outros preparados ditos preventivos (Oscilococcinum, Colibacilinum) que seriam utilizados para aumentar a imunidade. Só se aumenta uma imunidade que é baixa (provocada por doença AIDS, câncer, deficiência de IGA - ou por tratamento imunossupressor quimioterapia, radioterapia, corticoterapia de longo prazo).

Longe de mim dizer que a homeopatia não é indicada para esses casos e que não há benefícios com o tratamento homeopático. A homeopatia criteriosa e ética tem todas as condições e é eficaz no tratamento de pacientes com quadro de gripe A, assim como em qualquer tipo de patologia. Mas, não se pode atribuir à homeopatia a característica de resolver tudo, porque isso não acontece e, dessa forma, corre o risco de cair em descrédito, de forma injusta. A homeopatia tem suas limitações. A alopatia, a acupuntura, a medicina também têm suas limitações.

Em caso de suspeita de doença, procure um médico. Não se auto-medique, nem se auto-desmedique. E recomendo, sempre que possível, a homeopatia como uma excelente forma terapêutica holística, fazendo parte da busca de uma boa qualidade de vida.


Essa matéria foi publicada no site Minha Vida (13/08/2009), no site Guia me (26/08/2009), no site da Revista Hospitais Brasil (27/08/2009), no site + Saúde (28/08/2009), no site Meu bebezinho (31/08/2009), no site Plena Mulher (31/08/2009), no site Agora Campo Grande - MT (04/09/2009), no site Paulo Afonso Notícias - Bahia (05/09/2009), no site A Tarde on line (14/09/2009), no site Tribuna de Ibicaraí - Bahia (17/09/2009).

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545