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Não basta ser pai, tem que participar

20/06/2010

O pai também precisa ter vínculo com o filho - e você deve ajudar isso a acontecer. Veja dicas para que ele esteja sempre presente.
Glycia Emrich


Renata Lins, 13 anos, sempre foi muito mais próxima da sua mãe. Não, não é apenas pelo fato de ela ser mulher. A estudante mal notava que tinha a participação do pai na vida dela. "Ele saía de casa cedo para trabalhar e só voltava à noite. Jantava, assistia ao jornal e ia para o quarto dormir. Não conversava comigo, não se importava com as minhas coisas. Um professor meu sabia mais da minha vida que o meu próprio pai", conta Renata.

Essa situação é bastante comum. Apesar de algumas mudanças na estrutura familiar – como mulheres trabalhando fora o dia inteiro e maior participação dos parceiros dentro de casa –, ainda existe um distanciamento de muitos pais na criação dos filhos. Claro que há diferenças enormes entre as pessoas e, além de serem pai e mãe, há o status de marido e mulher.

"As pessoas pensam, sonham, agem de formas distintas. Enquanto estamos nos referindo a um casal, falamos de um tipo de responsabilidade. Mas quando, intencionalmente ou por acidente, ocorre uma gravidez, levada a termo, com o nascimento de um filho, a situação se modifica demais", explica o pediatra Moisés Chencinski, autor do livro "Gerar e nascer é um canto de amor e aconchego" (Ed. Pólen Editorial).

E, independentemente do casamento dar certo e de se haverá separação ou não, a presença de pai e mãe é quase incondicional. E alguns papais precisam de um puxãozinho de orelha. A publicitária Cinthia Kremer, 38 anos, precisou dar uma chacoalhada no ex-marido. “Eu trabalhava o dia inteiro e ele tinha um horário mais flexível. Podia buscar as crianças na escola algumas vezes, levá-las pra passear. Mas parecia que ele achava que bastava ligar no aniversário e pagar a pensão para vestir a carapuça de pai”, conta ela.

Aproveitar essa ausência da mãe que precisa ficar fora o dia inteiro é uma excelente maneira de ficar mais perto dos filhos. "Se a mãe trabalha, abre-se uma brecha para que o pai possa assumir papéis antes destinados apenas às mães. Esse é um caminho que já vem sendo trilhado por muitos deles, dedicando tempo e energia, espontaneamente, ao cuidado de seus filhos", explica o especialista.

A "dificuldade" em ser pai tem forte influência cultural. "O homem, em geral, não foi educado para ser pai. Falta um empurrãozinho, uma permissão, um estímulo, sem cobrança, uma educação específica, uma ajuda especial que traga à tona o sentimento que esse homem, que esse pai, com certeza, tem", garante o pediatra.

Filhos precisam de compreensão, carinho e respeito para que possam desenvolver todo o seu potencial afetivo e intelectual. Seja numa família tradicional, com pai e mãe casados, ou em casos de pais separados. "Se o casal é acolhedor, compreensivo, confiante e tem respeito um com o outro e os dois com seus filhos, tudo é possível. Mesmo que eles estejam separados. Cooperação e não competição", lembra o especialista. Pai precisa estar perto faça chuva ou faça sol.

Dicas práticas

Já que tem muito papai por aí que não sabe como ser mais presente na vida dos filhos, separamos algumas dicas para vocês não perceberem tarde demais que o tempo passou e um espaço imenso foi criado entre vocês.

- Leve um café da manhã na cama. Separe a bolacha preferida, o suco que seu filho mais gosta e o surpreenda. Assim ele vai pra escola mais feliz e nem se incomodará de acordar tão cedo.

- Quando sair para comprar o jornal, chame as crianças para irem junto. Além de incentivar o hábito de ler, você pode aproveitar o passeio para conversar sobre as notícias que correm no mundo.

- Se o seu filho passa o dia inteiro na internet, mande emails durante o dia simplesmente para dizer que o ama. Envie links de sites que você acha a cara dele e troque mensagens via Twitter. Ele vai adorar.

- Reserve alguns finais de semana para dar uma voltinha na cidade. Leve-o para conhecer o bairro em que você morava quando tinha a idade dele, a escola em que você estudava... Será uma volta ao tempo para você e uma excelente maneira da criança entender um pouco da sua história.

- É sempre a mãe que cuida das roupas e dos sapatos? Dê alguma peça que é a cara do seu filho ou simplesmente faça um elogio sobre o seu visual (mesmo que você ache aqueles piercings e acessórios muito estranhos).

- Convide seu filho para te ajudar a preparar o almoço. Você vai descobrir habilidades incríveis que ele tem. E também pode descobrir que ele odeia uva e você sempre comprava sucos desse sabor.

- Na hora de ver TV, mude a configuração da sala. Jogue almofadas no chão e transforme o espaço em um cafofo bem confortável. Chame as crianças para deitar no seu colo e não se envergonhe de deitar no colo delas. Pai também adora carinho!


Essa matéria foi publicada no site Ig - Delas - Família e Filhos (07/07/2009), no site Tribuna Região Jaboticabal (25/07/2009), no site Entre Mulheres (02/08/2009), no site do Jornal O Debate - Minas Gerais (09/08/2009), no site Tudo misturado (20/03/2010).

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545