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Problemas com o xixi?

05/06/2010

Colunista comenta a respeito de uma infecção que pode atingir os pequenos, depois que deixam as fraldas e fazem xixi na cama.

Seu filho já controlava a urina, dia e noite. Mas de repente, a cama amanhece molhada. O que está acontecendo? Ele já se segurava e não usa fraldas há algum tempo! Será que ele voltou a perder o controle e isso vai voltar a acontecer com frequência? Muita calma nessa hora.

Esse evento pode surgir a partir de algumas possíveis causas: emocional, um dia agitado demais ou até uma infecção urinária. Entre as possíveis razões citadas, antes de mudar os hábitos da casa e começar uma caça às bruxas, buscando um "culpado" pela situação, há um importantíssimo diagnóstico médico a ser observado: a infecção do trato urinário (ITU).

Quanto menor a criança, mais inespecíficos podem ser os sintomas. Em recém-nascidos e lactentes, muitas vezes um ganho de peso inadequado ou uma febre sem explicação podem levar o pediatra que acompanha a criança a suspeitar desse quadro. Mas atenção: Nem toda infecção urinária significa febre e vice-versa. Quem deve definir a conduta a ser seguida é o médico (normalmente o pediatra).

O nosso sistema urinário sabe como se proteger contra infecções. Há duas formas de alguém adquirir uma infecção do trato urinário (ITU). Uma delas, bem mais rara, ocorre em quadros de infecções generalizadas (septicemia), nos quais a ITU é um dos muitos problemas que esse paciente pode apresentar. Assim, estaremos diante de um quadro grave, de diagnóstico feito de forma mais facilitada (apesar de o tratamento não ser tão simples).

O caminho mais comum para contrair uma ITU é o ascendente, ou seja, a bactéria vem de fora e sobe pelo canal da urina (a uretra), até atingir a bexiga, podendo subir pelos ureteres (normalmente dois) e chegar até os rins, provocando quadros graves de infecção aguda (pielonefrites), ou até insuficiência renal.

Em crianças, as bactérias mais responsáveis pela infecção de urina são a Escherichia coli (em meninas) e o Proteus mirabilis (em meninos, normalmente pela colonização do prepúcio, aquele da fimose). Todos os bebês evacuam nas fraldas e as fezes, que possuem essas bactérias, entram em contato com a vagina, pênis e a uretra.

Se não houvesse proteção, todos os bebês teriam ITU, mas isso não acontece. Existe um mecanismo que impede a "subida" dessas bactérias até a bexiga e os rins. Assim, quando acontece uma ITU, algum desses mecanismos pode ter falhado (ou podemos estar diante de algum problema anatômico que favoreça a infecção). Por isso, a precisão e a precocidade desse diagnóstico podem determinar a conduta mais adequada a ser tomada em cada caso.

A ITU não deve ser supervalorizada, nem negligenciada.

Na próxima coluna, voltaremos a falar sobre a importância do diagnóstico e tratamento adequado da infecção urinária em crianças.


Esse artigo foi publicado no Guia da Semana (30/04/2009), no blog Criança & Rim - Portugal (23/06/2009).

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545