13/06/2010
Não tem jeito, eles vão crescer e passar por essa fase turbulenta e tão temida pelos pais chamada aborrecência. Para compreender e saber lidar com as mudanças ocorridas é preciso de um pouco de jogo de cintura.
Glycia Emrich
O período exato da adolescência é controverso até para quem entende do assunto. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), a época rebelde vai dos 10 aos 20 anos incompletos. Já para o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), essa fase vai dos 13 aos 18 anos. "Em qualquer um dos casos, não se deve confundir a puberdade (alterações físicas, hormonais e corporais) com a adolescência (uma fase da vida com mudanças sócio-psicológicas)", explica o pediatra e homeopata Moisés Chencinski.
As dificuldades de lidar com os filhos quando eles iniciam essa nova etapa se dá exatamente por ser um período de intensas transformações. São mudanças físicas (acne, primeira menstruação, transpiração, alteração da voz, etc), na personalidade, nos relacionamentos familiares, sociais, sexuais e afetivos. Difícil para quem é mãe e também para quem é filho.
"Nessa fase, a ex-criança busca sua identidade ainda não adulta. Os comportamentos que são assumidos pelo adolescente seriam considerados anormais ou até patológicos em outras fases de sua vida", garante o especialista. E é justamente quando seu filho percebe que precisa crescer, que terá que lidar com "três lutos":
- Luto pela perda do corpo infantil;
- Luto pela perda dos pais da infância (que eram os detentores de toda verdade);
- Luto pela perda da identidade infantil.
E aí, sozinho, começa uma busca pela sua identidade. Muda de humor a cada 5 minutos, passa horas intermináveis na frente do computador e se considera invencível. "Aos 13 anos o João começou a beber demais, fazia tudo como se nada de ruim pudesse acontecer com ele. Até que, aos 15 anos, engravidou a Marcela, de 16", conta a empresária Ana Maria Torres, 44 anos.
"Eu tenho a razão"
Toda essa bagunça e mudança de atitude trazem junto discussões intensas com os pais – justamente para provar que as teorias mirabolantes criadas por ele (e que mudam a cada dia) estão corretas.
"Para o adolescente, há uma ambivalência de sentimentos em relação aos pais. Ao mesmo tempo em que os sustentam, dão suporte, atenção e carinho, os pais também deixam de ser os detentores de toda a verdade, e os jovens adotam novos modelos como ídolos – professores, artistas, amigos", explica o pediatra.
Tarde demais
"Quando eles são pequenininhos, são tão gostosos que dá vontade de comê-los. Mas quando crescem, a gente se arrepende de não tê-los comido quando ainda eram pequenininhos", ri uma avó, no consultório do pediatra Moisés Chencinski.
A primeira coisa a fazer para começar momentos mais harmônicos entre vocês é tirar da cabeça a idéia que adolescente é sinônimo de problema, como se não houvesse nada de bom que você pudesse receber dele e com ele.
Não existe uma fórmula secreta para você não enlouquecer e conseguir entender todas as transformações. Mas anote o conselho do doutor Moisés: "É importante que os pais estejam presentes, sem afugentar ou sufocar os adolescentes. É preciso cuidar, mas prepará-los para sair. É fundamental orientar, sem ser chato ou sem pegar no pé", indica o especialista.
Essa matéria foi publicada no site Ig - Delas (12/06/2009).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545