17/07/2010
Se amidalite é uma inflamação nas amídalas, se rinite é no nariz e se bronquite é nos brônquios, então estomatite só pode ser do estômago. Certo?
Nananinanão. Errado!
Se fosse do estômago seria gastrite. Stoma, em grego, quer dizer boca.
Então. Estomatite é uma inflamação da boca.
A estomatite é um quadro provocado normalmente por um vírus (Herpes simples – HSV-1 – ou pelo Coxsakie, causador de um quadro conhecido, atualmente, por freqüentadores de pronto-socorros pediátricos, como Síndrome mão-pé-boca).
Apesa de atingir pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade, é na criança que seus sintomas são mais sentidos, porque causam febre, irritabilidade e falta de apetite, gerando enormes preocupações em seus pais, não é mesmo?
Esse é um quadro relativamente comum, de diagnóstico relativamente simples, com tratamento relativamente ineficaz.
Dois a cinco dias após o contato (incubação) com outro alguém com esse quadro (através de pele ou mucosas), começam alguns sintomas gerais como mal estar, falta de apetite, dificuldade (disfagia) ou dor (odinofagia) para engolir sólidos e até líquidos e febre.
Aí começa o tormento. Aparecem bolhas ou feridas (aftas), na boca (gengiva, língua, dentro das bochechas, céu da boca e garganta), de até meio centímetro de tamanho, algumas vezes numerosas, muito dolorosas, algumas vezes sangrando, que causam a agravação dos sintomas anteriores com mais mau hálito e até aparecimento de gânglios no pescoço.
Esse quadro pode levar de uma semana até 10 dias para sua total recuperação, se não houver complicações. Não é raro, esse quadro se repetir algumas vezes durante a vida de quem teve essa primeira infecção.
O tratamento da estomatite leva mais em conta os sintomas gerais.
Três orientações devem ser sempre lembradas:
-Apesar de parecer simples, tanto o diagnóstico quanto o tratamento, os cuidados devem ser orientados por profisisonais da saúde habilitados (médicos, dentistas). NUNCA SE AUTO-MEDIQUE, NEM SE AUTO-DESMEDIQUE. Na melhor das hipótese, você estará perdendo tempo.
-A estomatite é um quadro provocado por vírus. ANTIBIÓTICOS NÃO DEVEM SER UTILIZADOS NA ESTOMATITE. Esse medicamento deve ser receitado em casos de infecções bacterianas.
-CRIANÇA DOENTE FICA EM CASA. Isso vale tanto para a própria criança como para evitar que outras crianças adoeçam também pelo contágio. Além disso, vale para a escola, mas também para parques, shoppings, casa de amiguinhos, entre outros lugares.
Agora mais específicas:
-Líquidos – como existe muita dor e algumas aftas chegam a sangrar, a alimentação é difícil, bem como ingerir líquidos. Assim, a desidratação pode ser até causa de internação. Oferecer líquidos (frios ou gelados), em pequena quantidade com muita freqüência é a primeira medida a ser insistida.
-Alimentação – a criança tem fome, mas não consegue comer. Oferecer uma dieta de morna para fria, de pastosa para líquida, evitando alimentos ácidos (laranja, abacaxi, tomate, morango, kiwi, limão) ou muito temperados (sal, pimenta, alho).
-Higiene – a limpeza da boca, mesmo com sangramentos, pode e deve ser tentada. Se não for aquela tradicional com escovação e pasta de dente, pelo menos alguma tentativa para manter o ambiente bucal menos propício para o desenvolvimento de infecções com agravação do quadro inicial.
-Medicamentos – Analgésicos, antissépticos bucais, antitérmicos fazem parte do arsenal terapêutico que pode ser receitado nesses casos, pelo especialista. Eu indico, na maior parte das vezes, o tratamento homeopático, com grande benefício ao paciente, levando à melhora mais suave e, muitas vezes mais rápida dos sintomas, e prevenindo as recidivas que são comuns em quem tem esse tipo de patologia. Aliás, não é raro que os pais tragam seu filhos para uma consulta homeopática, com a queixa de estomatites ou aftas de repetição.
A homeopatia é uma terapêutica que busca tratar o paciente de forma global, holística, e não apenas sua estomatite ou sua asma ou sua insônia, ou seja, seus sintomas. Nós sabemos que em nosso corpo nada acontece por acaso ou de uma forma isolada. Assim, ou aprendemos a conhecer nosso paciente como um todo, prestamos atenção nas suas formas de adoecimento, nas suas tendências e o tratamos assim, ou poderemos ter surpresas que nos farão medicá-lo com muito mais freqüência e até necessidade.
Essa matéria foi publicada no site Clínica Amai (06/11/2009), no blog (18/05/2012).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545