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Entrevista no site Ecomedicina

03/08/2010

Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Dr. Yechiel é especialista em Pediatria pela Santa Casa de São Paulo e em Homeopatia pelo Centro de Estudos, Pesquisa e Aperfeiçoamento em Homeopatia (CEPAH). Dr. Yechiel também é autor dos livros Homeopatia mais simples do que parece e Gerar e Nascer - um canto de amor e aconchego. Há 14 anos ele procura descomplicar o "homeopatês" e aproximar médicos e pacientes. Em entrevista ao Portal Ecomedicina, ele desvenda os mistérios dessa prática da Medicina e analisa porque "a Homeopatia ainda é envolta por uma aura de mistério".

1- O senhor desenvolve uma série de atividades de comunicação para simplificar a Homeopatia. Fale um pouco sobre essa experiência.
O objetivo é aproximar a Homeopatia das pessoas. É criar a necessidade da Homeopatia. Em 1996, me especializei e dei aulas para médicos. E percebi que eles são muito chatos. A partir de 2007, comecei a fazer palestrar na Livraria Saraiva para o público em geral. Eu abordava bastante a questão dos mitos. A princípio, as pessoas conheciam pouco do assunto. Por isso, resolvi convidar dentistas, farmacêuticos, veterinários para palestrarem também. A Homeopatia suscita interesse.

Quando lancei o livro Homeopatia mais simples do que parece, o meu site já estava no ar. A minha proposta é simplificar e desmistificar a linguagem usada pelos médicos. Assim, o paciente fica mais tranquilo e todos saem ganhando. Não podemos esquecer que a Homeopatia necessita, mais do que outras especialidades, de informações do paciente porque precisamos definir os medicamentos que serão usados de acordo com as suas queixas, com o seu relato.

Em todas as atividades, procuro conscientizar o paciente do quanto ele é importante no tratamento. Se ele me der informações inadequadas, escolherei o medicamento errado. Quando o paciente toma posse de sua saúde, dos cuidados com a sua saúde, a evolução do tratamento fica extremamente melhor. Você, inclusive, não consegue dar alta porque ele não quer ir embora.

2- Quais são as principais confusões e mitos que o senhor ouve no consultório?
A Homeopatia ainda é envolta por uma aura de mistério, de esoterismo. As pessoas acham que serão atendidas por um médico de turbante, com incensos na sala. A Homeopatia é uma especialidade médica. O Homeopata, além da formação médica, possui um arsenal terapêutico a mais para beneficiar o seu paciente. Eu não esqueci da Medicina para ser homeopata.

Uma situação recorrente é o paciente dizer durante a consulta: "eu fui ao meu médico normal e..." Eu costumo dizer: muito obrigado. Você quer dizer que eu sou "anormal?". Nessa brincadeira, podemos compreender o que eles querem dizer. Nós somos os médicos anormais que dão gotinhas, bolinhas etc.

Não gosto de pensar a Homeopatia como uma terapia alternativa. Esse conceito para mim transmite a ideia de que você procurou tratamento em outras práticas, e depois que nada deu certo restou uma opção alternativa, que é a Homeopatia.

Sendo assim, costumo dizer que a Homeopatia é uma alternativa terapêutica. O paciente pode escolher a sua forma de tratamento em igualdade de condições. Seja um homeopata, um alopata ou um acupunturista. Todos com suas abrangências e limitações.

3- Podemos dizer, então, que a Homeopatia caminha lado a lado com a Alopatia?
Sem dúvida. O nosso compromisso é com o paciente. "Por sorte", eu conheço a Homeopatia e posso oferecê-la aos meus pacientes em determinadas situações. Em outras, pode ser que eu venha a precisar de apoio de outras especialidades e profissionais. E irei buscá-los. Se cada profissional respeitasse o que o outro tem para oferecer, de maneira coerente, seria bárbaro.

Eu digo que a Homeopatia é linda para um paciente vivo. O que eu precisar fazer para manter o meu paciente vivo, vou fazer. Existem situações fundamentais em que a Alopatia é importante. Por exemplo, você vai ao dentista fazer um tratamento e não vai usar anestesia? Para mim é impossível. E anestesia é Alopatia. Você não vai recomendar vacinas para crianças? Eu só não recomendo quando não estou convencido da sua validade. Há 20 anos, o sarampo era a maior causa de mortalidade infantil.

4- Sempre perguntamos aos nossos entrevistados de que Medicina a sociedade precisa. Qual a sua opinião sobre o assunto?
Sua pergunta me lembra uma frase que tenho lido com frequência. Ficamos preocupados em deixar um mundo melhor para os nossos filhos, mas esquecemos de deixar filhos melhores para esse mundo. Estamos preocupados com aquilo que o mundo precisa fazer e deixamos de lado o que nós temos que fazer.

A Medicina de que precisamos trabalharia apenas com a promoção da saúde, com a prevenção e não com a busca de remédios para curar. Eu gosto da filosofia da Homeopatia, da busca pelo equilíbrio do ser humano. A Medicina faz parte desse pacote.

Ser médico não é só dar o remédio certo para a doença certa. É se preocupar com o todo. Com as atividades físicas do paciente, com os momentos de lazer, com a alimentação adequada, com os hábitos de vida saudáveis.


Essa entrevista foi publicada no site Ecomedicina (04/03/2010).

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545