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Bebês ao sol

21/11/2010

Eles precisam de proteção extra no calor. Pediatras e dermatologistas recomendam cuidados redobrados com a pele, com a alimentação e até com acidentes


Kelen Lucy Braga, 32 anos, ainda não sabe se mantém a viagem de fim de ano para João Pessoa. “Meu marido e eu estamos em dúvida se levamos nossa filha para a praia, por conta de doenças como meningite ou rotavírus”, explica. A filha da representante de laboratório chama-de Anna Rafaela, e completou em novembro sete meses. Nessa idade, a pele da pequena já está preparada para usar protetor solar. Ainda assim, Kelen não está certa de que a filha já consegue enfrentar o verão. “Já viajamos para um lugar com piscina, mas foi só por dois dias”, conta a mãe. “Deixei que ela ficasse na água só por 15 minutos, porque tinha muita gente. Não achei seguro.”

 Para pais de bebês tão novos quando Anna Rafaela, o verão significa cuidados redobrados. Por terem pele delicada, é preciso prestar atenção ao tipo de roupa ideal para proteger as crianças. Segundo a dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) Maria Paula del Nero, bebês com menos de seis meses de idade não podem usar protetor solar. Nesses casos, a dica é protegê-los com roupas, bonés e chapéus com bloqueador solar no tecido. “Nessa idade, a pele ainda é muito sensível e a criança pode ter alergia ao protetor”, alerta a médica.

Mesmo protegida, a pele da criança pode sofrer efeitos indesejados dos raios solares e do calor. Maria Paula del Nero explica que reações alérgicas, como brotoejas (também conhecidas como dermatites) são comuns nessa época do ano. Para driblar o problema, ela aconselha que os pais troquem as roupas com tecidos sintéticos pelas de algodão, mais fresquinhas e leves. “Se a pele ficar avermelhada pelo sol, pode-se aplicar cremes à base de aloe vera e camomila, que diminuem o eritema (vermelhidão)”, ensina. Aplicar pasta d’água no local também ajuda a amenizar o desconforto.

Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Moisés Chencinski reforça que a melhor maneira de manter a pele dos bebês saudável no verão é prestar atenção ao relógio: sol, só antes das 10h e depois das 16h. “Independentemente de a criança ter entrado na água, o protetor deve ser reforçado a cada duas horas”, completa. Ao voltar para casa, o pediatra recomenda que os pais deem banho na criança imediatamente, para limpar o suor e tirar resquícios do protetor solar da pele do bebê. “Mesmo se estiver quente, o ideal é que a criança tome, no máximo, dois banhos por dia”, salienta o pediatra. “A pele tem uma proteção de gordura. Se lavada muitas vezes, essa proteção é eliminada, o que pode causar desidratação”.

Porém, a pediatra Débora Pontes, também membra SBP, alerta que o sol não é a única preocupação dos pais no verão. Acidentes domésticos são comuns nessa época. “As crianças ainda não têm noção do perigo, então podem se perder ou se engasgar com algo que colocarem na boca”, exemplifica. O segredo para evitar esses e outros acidentes é manter a vigilância sempre — mesmo em ambientes específicos para os pequenos. “A água das piscinas pode não ter sido limpa de maneira adequada, especialmente em piscinas infantis”, frisa. Devido ao grande fluxo de crianças e à menor quantidade de água, a médica diz que casos de conjuntivite e diarreia são comuns em bebês e crianças, uma vez que o acúmulo de germes (resultado da concentração de urina na água) é grande.

Cuidado também com a alimentação dos nenéns. Assim os adultos, eles também precisam de hidratação durante a estação mais quente do ano. “Os pais devem aumentar a oferta de água, água de coco e suco, desde que natural e sem açúcar”, indica a nutricionista Raquel Adjafre. Mas como saber o momento certo de oferecer o refresco? A dica é esperar por cada troca de atividade na rotina da criança. Depois de brincar e antes do banho, por exemplo, deve-se oferecer água. “A única restrição é durante as refeições, pois a água pode ocupar o lugar da comida no estômago do bebê e causar uma desnutrição”, completa.

Ela explica que, a partir dos seis meses, as crianças entram na fase da alimentação complementar — onde pequenos lanches como papinha, sopas ralas e frutas reforçam o leite materno. Por isso, é importante ter cuidado com o preparo dos alimentos e, sempre que possível, trazer os lanches de casa. “Nessa fase, os pais devem preparar alimentos leves, com carnes magras nas sopas e papinhas e dar frutas para o lanche”, recomenda.

Pode ou não pode?
Sol, água do mar, areia e piscina são ótimas pedidas para o verão, mas podem não ser uma boa ideia para bebês. Veja algumas dicas:

— A diferença entre o filtro solar para bebês e para adultos está na quantidade de ativos químicos, como perfumes ou corantes (no caso de protetores para crianças maiores). O ideal é investir em bloqueadores específicos para bebês, que têm apenas o protetor físico na fórmula -- já que produtos químicos que podem causar alergias.
— Roupas leves e ventiladas ajudam a evitar irritações na pele, como brotoejas. Se ainda assim as bolinhas insistirem em aparecer, um banho com água morna para fria regula a temperatura da criança e faz com que o problema desapareça (ou melhore muito).
— Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a criança já pode usar protetor solar a partir dos seis meses de idade. Lembre-se que o efeito do sol é cumulativo. “Deixar de proteger os bebês dos raios solares aumenta o risco de envelhecimento precoce da pele e do câncer de pele na fase adulta”, alerta a dermatologista Maria Paula del Nero.
— Não há uma idade definida para os bebês começarem a ir à praia ou à piscina. Porém, a pediatra Débora Pontes lembra que o passeio deve ser agradável para todos. “Ir à praia é um programa tranquilo, mas chegar às 11h com um bebê de seis meses não vai dar certo, por exemplo”, diz. Para evitar contratempos, evite expor a criança ao sol demasiadamente, além de ter sempre líquidos como água e suco à mão para oferecer ao bebê
— Por falar em contratempo, não esqueça que acidentes acontecem. Tenha sempre o telefone e e-mail do pediatra para entrar em contato no caso de emergências. “Também é bom conhecer o serviço médico do local para onde se está indo e ter a carteira de vacinação em dia”, completa o pediatra Moisés Chencinski
— Até os seis meses de idade, o ideal é que a alimentação dos bebês seja constituída exclusivamente de leite materno. Nessa fase, as mães devem prestar atenção aos sinais dos pimpolhos. Pele e boca seca, corpo mole, choro sem lágrimas e olhos fundos são sinais de que se deve aumentar a oferta de leite, para evitar que o bebê desidrate.

Fontes: Maria Paula del Nero (dermatologista); Moisés Chencinski e Débora Pontes (pediatras) e Raquel Adjafre (nutricionista).


Essa matéria foi publicada no site do Correio Braziliense - Revista (19/11/2010), no site Clic RBS - Santa Catarina (30/11/2010), no portal da Sociedade Brasileira de dermatologia (30/11/2010), no site Dourados Agora (30/11/2010), no site Navegando e Aprendendo com a Enfermagem (02/12/2010), no site Banco de Saúde (02/12/2010), no site do Jornal de Santa Catarina (20/12/2010).

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545