09/11/2010
Cada um deve dormir na sua cama e, de preferência, em quarto separado dos pais desde a vinda da maternidade.
O ideal é que as regras não tenham exceções durante muito tempo – as férias são um bom exemplo disso, segundo o pediatra Yechiel Moises Chencinski. Permitimos que as crianças durmam tarde, acordem mais tarde, fiquem horas na frente da TV ou jogando videogame, comam quando e o que quiserem. “Aí, no dia 1º de fevereiro, reclamamos que eles não seguem mais as regras da casa, não querem ir à escola, não querem tomar banho, se vestir com uniformes, que eles não optam mais pela alimentação saudável, que engordaram demais... Difícil, não é mesmo?”, questiona. A criança aprende o que ela vive, até muito mais do que o que ela escuta. Ela vai aprender com os valores da família.
Se existem problemas para dormir e comer, é importante em primeiro lugar descartar causas orgânicas, ou seja, problemas ligados à saúde física. É essencial verificar se a criança não está realmente doente. Se estiver tudo bem, é hora de prestar atenção e reavaliar as relações familiares.
As refeições devem ser feitas à mesa, na cozinha, na copa, na sala de jantar, mas jamais no sofá ou no chão, diante da TV ou do computador. Se este for o padrão de comportamento usual da família, a criança repetirá o modelo e escolherá a forma de se alimentar que melhor lhe convier. Sendo assim, ficará muito difícil para os pais mudar a conduta adotada pelo filho.
É normal que na infância a criança não coma tanto. “Se tiver qualquer dúvida, leve-a ao pediatra, mas não a torture ou se torture. Muitas mães projetam nos filhos suas neuroses e ansiedades, querendo que eles comam bastante”, pondera a psicoterapeuta Maria Luiza Cruvinel, de São Paulo.
Vale a pena variar o cardápio para torná-lo atraente. Normalmente a criança passa a comer menos dos 2 aos 6 anos. Nessa fase é mais importante a qualidade do que ela come do que a quantidade. E, principalmente, faça da hora da refeição um momento de prazer.
Muitas crianças pequenas só querem comer no colo de um dos pais. Todo comportamento da criança é reflexo do que os pais permitem. Bem cedo as crianças aprendem a manipular e percebem que os pais ficam ansiosos se eles não comem. Assim, é um meio de chantagear: só faço o que vocês querem (comer) se for no colo de vocês. Se os pais cedem, ou mesmo cedem algumas vezes e outras não, a criança obviamente vai insistir neste comportamento. Os pais podem ficar ao lado dela nas refeições, dando atenção, mas sendo firmes na decisão de a criança não estar no colo deles. “Se a criança insistir em não comer, os pais devem segurar sua ansiedade, pois uma hora ela vai comer, quando sentir fome”, afirma Maria Luiza Cruvinel.
Medo e insegurança são as razões que levam muitas crianças a dormir na cama dos pais. “No entanto, muitos pais se beneficiam deste comportamento dos filhos para evitar contato íntimo entre o casal”, diz Maria Luiza Cruvinel, que também atua como sexóloga. De qualquer maneira, o filho deve ser estimulado a dormir no seu espaço, na sua cama. Se necessário, um dos pais pode ler uma história para a criança e ficar ao lado dela até que esteja segura. Os pais podem ficar no quarto da criança até que ela durma, mas em silêncio, explicando que aquela é uma hora de dormir. Agindo sempre da mesma maneira, os pais vão passar à criança a mensagem que ela não vai mais dormir com eles e, assim, dar limites.
Essa matéria foi publicada no site da UOL - Estilo - Comportamento (09/11/2010)
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545