09/11/2010
Mesmo uma criança pequena é capaz de entender a noção de certo e errado. Pai e mãe são os “espelhos” dos filhos, assim como as demais pessoas que convivem com a criança no dia a dia.
Muitas vezes os próprios pais se mostram ambivalentes, confusos e inseguros por serem imaturos, impulsivos e despreparados para conduzir coerentemente a educação dos filhos. “Existem casos em que há uma divergência de valores entre o pai e a mãe, ressentimentos e mágoas do casal, facilitando uma competição para ver de quem os filhos gostam mais. A falta de coerência é facilmente percebida pelas crianças, que passam a jogar com a situação”, explica a psicóloga Maria Regina Domingues de Azevedo, professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC.
Coerência significa atender a criança quando o que ela deseja é razoável e adequado e não atender, de forma alguma, se não o for. O que deverá reger a conduta dos pais são os princípios e a lógica, e não a chateação da insistência do filho, a irritação, a preguiça, o não saber responder aos questionamentos com as razões morais e éticas que deverão estar por trás das permissões e proibições.
“Nós nos preocupamos tanto em deixar um mundo melhor para nossos filhos que nos esquecemos de criar filhos melhores para esse mundo”, destaca o pediatra Yechiel Moises Chencinski, de São Paulo.
De acordo com a psicóloga infantil Daniella Freixo de Faria, de São Paulo, a postura dos pais deve sempre se basear em três pilares: coerência, constância e consequência. “Se num dia gritamos, no outro mantemos um diálogo e num posterior não fazemos nada, a mensagem chega de maneira confusa e com muita possibilidade de que volte a acontecer. Quando somos coerentes e atuamos de forma positiva, as crianças sabem o que, quem e como encarar neste momento de crescimento”, avalia. É preciso sempre corrigir comportamentos inadequados, mesmo que estejamos cansados, sem vontade ou sem tempo para repreendê-los. “Isso leva as crianças a perceberem e a distinguirem um comportamento adequado de um inadequado”, ensina. A consequência carrega em sua intenção amor, ensinamento e construção. “Com isso ensinaremos nossos filhos a realizarem escolhas, e com isso atingirem autonomia. Eles refletirão bastante antes de cada escolha, pois aprendem a cada momento que toda ação tem um resultado. Então num dia em que a famosa desobediência para o banho acontece, ao invés de nos irritarmos e começarmos com a gritaria, podemos oferecer duas escolhas: tomar banho e depois brincar ou continuar enrolando, tomar banho e não brincar”, exemplifica a psicóloga. A criança vive, assim, uma relação direta de suas escolhas e os resultados obtidos.
Não podemos ter medo de nossos filhos e para isso devemos assumir a paternidade ou a maternidade. “Assumir isso não significa que sabemos tudo, ou como agir, e sim que também estamos aprendendo. O necessário é estarmos disponíveis para o encontro, para o amor e o respeito. Com isso, esse caminho do aprendizado saudável é naturalmente aprendido por nós e por nossas crianças”, sugere Daniella.
A excelência em ser pai ou mãe consiste nas relações em que há disponibilidade interna para o amor, respeito, encontro e aprendizado tanto das crianças, quanto dos pais.
As repostas não estão fora, estão nessa relação sagrada que acontece entre uma família.
Essa matéria foi publicada no site da UOL - Estilo - Comportamento (09/11/2010), no site Romanegócios Jequié - Ba (15/11/2010), no portal A Crítica - Manaus - Am (26/04/2011).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545