20/02/2011
Ânimos exaltados dão o tom da novela "Insensato Coração".
Ricardo Linhares, coautor, atribui isso a haver na trama muitos confrontos domésticos
Eles não respeitam hora, nem lugar, nem situação. Em capítulo da novela "Insensato Coração", da Rede Globo, exibido na semana passada, Wanda, interpretada por Natália do Vale, briga com Eunice, vivida por Deborah Evelyn, dentro de uma delegacia. Raul (Antonio Fagundes), marido de Wanda, une-se à dupla na gritaria quando, no calor da discussão, Eunice revela ao casal que Leo (Gabriel Braga Nunes), um dos filhos do casal, deu desfalque na empresa da família. O barraco só termina com a chegada do delegado, que ameaça colocar todo mundo no xadrez para acalmar os ânimos alterados.
"Tom de voz não é argumento durante uma discussão", diz Moises Chencinski , médico pediatra e homeopata. O especialista acredita que o grito só é válido quando exterioriza uma emoção sem agredir ninguém. "Se o torcedor grita quando seu time faz gol, está tudo bem. Se ele agride o jogador ou o juiz, é porque perdeu o controle e deve arcar com as consequências, ou seja assumir o que vem depois", afirma.
Grito não é sintoma, mas pode demonstrar desequilíbrio e levar a uma análise sociológica, se necessário, acredita Chencinski, que vai além. "Conforme a situação, o grito pode ser considerado bullying", diz.
Para a psicóloga Triana Portal, o grito entre adultos pode influenciar negativamente uma criança, já que ela se espelha no mundo dos mais velhos. "A criança vê e repete. É infalível", diz ela, que repreende a filha de 5 anos, quando necessário. "Às vezes, me pergunto se hoje, por medo de castigar muito, os parentes disciplinam pouco. Mas gritar, definitivamente não resolve nada", diz a especialista.
É natural /Além de Wanda, Eunice (a personagem que mais grita) e Raul também já levantaram a voz às personagens de Fernanda Machado, Eriberto Leão, Hugo Carvana, Camila Pitanga, José Wilker e Bruna Linzmeyer, entre outras. Ricardo Linhares, coautor da trama com Gilberto Braga, justifica os decibéis. "Em cenas de briga ou dramáticas, é natural que as personagens, como na vida real, se exaltem e gritem uns com os outros. Não há discussões gratuitas. Temos muitos conflitos familiares na trama. Daí, os choques e a alta voltagem emocional dos confrontos", diz Linhares. O telespectador grita: "Abaixa o volume".
Essa matéria foi publicada no site do Diário de São Paulo (14/02/2010)
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545