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Cuidados de verão

05/02/2011

Por Carolina Mouta

Em muitos lugares do Brasil os termômetros têm passado dos 35 graus. É um calor difícil de suportar. E a sensação térmica, então? Se os adultos sofrem, imagine as crianças. Mas, com um pouquinho de jogo de cintura e cuidados dos pais, os pequenos conseguem aproveitar a estação.

Uma das coisas que deve ser priorizada é a hidratação. Por eliminar mais líquido nesse período, o corpo precisa se hidratar. O ideal é o consumo de, pelo menos, dois litros de água por dia, além de sucos naturais e água de coco. Mas como os pequenos não estão nem aí para essa reposição, os pais devem ficar de olho. "As crianças estão muito ocupadas em brincar para que possam se lembrar da hidratação. Assim, a responsabilidade por esse controle cabe aos pais, oferecendo líquidos com mais freqüência", ressalta o pediatra Moises Chencinski.

A oferta deve ser feita também àquelas crianças que costumam buscar líquidos. "Apesar de cada um sentir sua própria necessidade, muitas vezes a quantidade não é a adequada para o funcionamento normal de nosso corpo", diz o especialista. E se o corpo fica pobre de líquidos, a desidratação toma conta.

Desidratar nada mais é do que desequilibrar o que se ingere e o que se perde de líquidos. "Nosso corpo elimina líquidos através da urina, transpiração e até pela respiração. Quando ocorre um aumento dessa eliminação através de vômitos, febre ou diarréia ou uma ingestão diminuída, há riscos de desidratação", pontua o Dr. Moises.

A transpiração excessiva, uma das causas da perda de líquidos corporais, pode ser minimizada com o uso de roupas leves e bem arejadas. O conforto é fundamental.

Para saber se o seu pequeno está desidratado, atenção aos sintomas. "Moleirinha funda (em bebês), olhos fundos e sem brilho, boquinha seca, sonolência excessiva e prostração são sinais de desidratação", orienta o médico.

As refeições ficam um tanto desregradas nessa época, que combina verão e férias. De acordo com o Dr. Chencinski isso não será um problema se a alimentação for equilibrada e adequada durante o ano. Pratos diferentes e balanceados ajudam a driblar o calor. É muito mais fácil se refrescar com uma bela salada de legumes do que com uma porção de batatas fritas. "Os pais podem fazer refeições junto com seus filhos e darem o exemplo", diz.

Segundo o Dr. Moises Chencinski diversos fatores trazem, no verão, uma maior possibilidade de doenças de pele e queimaduras. É bom ficar bem atento.

Ficar o dia inteiro na praia ou na piscina é uma delícia. No entanto, a roupa úmida pode trazer probleminhas bastante indesejáveis. "Os fungos fazem a festa nessa época. Virilha, dedos dos pés (frieiras) e dobras são algumas das áreas mais afetadas pelas micoses. Aquelas manchas brancas que aparecem espalhadas pelo corpo (ptiríase alba e versicolor) também são causadas por fungos", explica o pediatra.

A umidade pode tomar conta do ouvido e causar inflamações, como a otite. Ela faz com que os microorganismos se proliferem com mais facilidade. Isso causa dor, incômodo, inchaço e até coceira. Mas não resolva isso com as hastes de limpeza. Elas podem causar lesões na pele do ouvido, facilitando a entrada de mais agentes nocivos. O melhor caminho ao perceber os sintomas é consultar um médico.

Herpes labial é bastante comum nessa época por causa da exposição ao sol. Outra coisinha esquisita que pode aparecer é a larva migrans. "É o famoso bicho geográfico que aparece nos pés pelo contato com a areia contaminada por fezes de cães e gatos", explica. Um chinelinho resolve.

É importante não deixar a garotada exposta ao sol entre 10 e 16 horas. Para se proteger da queimadura, o protetor solar é o mais indicado. Entretanto, somente crianças com mais de seis meses de vida podem utilizar o produto, de acordo com a recomendação da Sociedade Brasileira de Dermatologia e de Pediatria. Antes disso, o passeio deve ser com proteção de bonés, roupas, procurando sombra sempre que possível.

O fator de proteção indicado é 15 ou 30. "Aplique o produto 30 minutos antes de se expor ao sol e reaplique no corpo a cada duas horas, quando a criança ficar na piscina ou no mar ou se ela transpirar demais", ensina o médico. E não se engane: dias nublados não eliminam a necessidade da proteção solar. "Mormaço também queima", alerta.

Para proteger completamente os pequeninos, conte sempre com um arsenal: camisas, bonés, guarda sol e até óculos escuros. Mas não é o sol que ameaça. O pediatra alerta para os cuidados com o limão. "Muito cuidado com limonada, sorvetes e caipirinhas que, em contato com a pele, podem causar queimaduras graves".

Quando se fala de criança nenhum cuidado é exagero. Pais e mães devem ser cuidadosos quando as brincadeiras são no mar ou na piscina. Elas podem gerar situações de risco. "Estatísticas mostram que o afogamento é uma das principais causas de acidentes com crianças - ficando atrás apenas do trânsito", pontua o médico que sugere vigilância permanente. Nem pense em deixar a garotada sozinha.

Banho frio, sorvete, ventilador e ar condicionado são taxados por alguns como um passo para os resfriados no verão. "Não há grandes problemas em um banho frio ou sobremesas geladas, desde que não haja abuso e desde que as crianças não sejam sensíveis a esse tipo de exposição", explica o pediatra, completando: "Quem consegue dormir sem um ventinho extra nos dias quentes? Entretanto, algumas pessoas apresentam sensibilidade aumentada à mudança abrupta de temperatura e ao vento frio. Para essas, recomenda-se cuidado e moderação dando preferência a controle de tempo no uso desses equipamentos".

Se os planos da família são curtir uma viagem, esteja preparado: às vezes a criança enjoa. "Algumas crianças podem apresentar um quadro conhecido como cinetose. Ele vem com náuseas ou vômitos quando se anda em qualquer meio de transporte, independente da estação. Como no verão costumamos encontrar mais congestionamentos nas estradas, esses quadros podem ser mais comuns", avisa o Dr. Moises. Para aliviar, alimentação leve antes da viagem, que deve acontecer em horários mais frescos. A hidratação com água durante o trajeto não deve ser esquecida. Chegando ao destino, é só curtir a estação!


Essa matéria foi publicada no site iTodas - Mães (03/02/2011).

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545